Sétima Filha - Beijada

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Cobrir meu rosto querendo esconder meus olhos vermelhos. Não deixaria que ele me visse chorar novamente, não pareceria a ovelha assustada que ele sempre achara que eu sou, mas principalmente, cobri a cabeça para não ter que olhar em seus olhos acinzentados e seu rosto perfeito para me lembra do quanto Aaron e todos a minha volta, ainda escondem de mim.

— Calyn.

Sua voz estava baixa, rouca e até mesmo triste, o que me chamou a atenção considerando que Aaron nunca deixava transparecer de fato seus verdadeiros sentimentos. Suspirei e me sentei a cama, olhando em sua direção, não vendo nada mais que um noivo.

Argh!

Eu estava frustrada, ele sabia por todo esse tempo e não ousou nem ao menos me dá uma explicação.

Noivo. Essa palavras fazia com que minhas têmporas latejassem.

Ele se aproximou devagar, a passos lentos porém largos, sentou a minha frente na cama e me fitava por baixo de seus cílios húmidos.

Jamais pensei ver ele assim tão... abatido.

Estaria Aaron chorando?

Abracei minhas pernas as puxando contra meu peito e o encarei, sem desviar o olhar de seus olhos penetrantes.

— Nenhuma avalanche de perguntas? — Ele tentou brincar, mas seu tom ainda era triste.

Estava cansada demais para seus joguinhos, não respondi, apenas continuei o encarando.

Ele suspirou cansado e voltou a falar.

— Preciso do livro. — Disse sem rodeios.

Eu queria gritar — dizer que ele não poderia apenas fingir que não havia acontecido nada. Continuar me deixando as segas e cada vez mais ignorante quanto aos fatos e acontecimento. Entre tanto, não o fiz.

Não precisei de muito para saber de qual livro ele estava falando. Se não fosse aquele livro, porque estaria a me pedir qualquer outro?!

— Para o que?

— Não importa, você terá que confiar em mim — ele disse rapidamente.

Suspirei decidida a não perder o controle. Pelos deuses! Eu tinha acabado de ver dois homens morrem.

— E quais motivos você me deu, além de mentiras, para poder confiar em suas palavras? — Ergui uma sobrancelha.

— Eu não menti, apenas omiti, Calyn. Do que adianta lhe contar o que não irá acontecer?

— Você faz com que me sinta fraca e ignorante.

— Você nunca seria assim, — ele riu — é bonita demais para que pensem menos de você.

Me assustei com elogio, Aaron nunca fizera isso antes. O máximo que ele já falou, foi insinuar que queria tomar banho comigo. Ele percebeu meu espanto e logo voltou a postura arrogante de sempre.

— Para que quer o livro, Aaron? — insisto.

— Calyn.

— Saia.

Ele não se moveu, continuou apenas me encarando com a testa franzida, desejei soca-lo por ser tão lindo e arrogante ao mesmo tempo.

— Veja. — Sua voz saiu calma porém hesitante.

— Ver? Ver o que? — Perguntei perdida com sua repentina mudança de assunto.

— Eu sei que você consegue ver as lembranças e pensamentos de outras pessoas, o dom de Aurindn permite isso, — ele passa a mão nos cabelos os bagunçando — me mantenho fechado para que não entre em meu canal, mas estou disposto a te mostrar algo, então ande logo antes que mude de ideia.