•••16•••

5.8K 786 147
                                    

Eu estaria completamente arruinada se outra pessoa qualquer, tivesse entrado naquele quarto no momento que estava entre os braços de Aaron. Entretanto, apenas duas pessoas entravam sem bater e, uma delas estava ofegante ao meu lado.

Aaron simplesmente se levantou e caminhou a passos largos até sair de meu quarto, não sem antes parar a porta e me lança um sorriso e um olhar cúmplice, me deixando sozinha na companhia de Serena. Ele não sairia tão tranquilo se soubesse que ela contaria algo a alguém. Espero. Mas mesmo assim não pude deixar de murmurar um "Cretino" baixinho assim que ele saiu de meu campo de visão. Rindo entre os corredores.

— Serena, eu...

— Poupe-me de suas explicações, criança. — Ela interrompeu a mim, e seu tom nunca pareceu mais severo. — Não sabe em que confusão se meteu ao tocar um homem que não pode ser seu.

Sem me encarar, Serena deixou as mudas de roupas que carregava em cima de minha cama, para logo em seguida se virar e caminhar até a porta também. — Serena é uns bons vinte centímetro menor que eu, tem os traços rechonchuda, cabelos escuro e olhos castanhos. Tudo nela é convidativo, porém suas feições fortes e olhar tempestuoso sempre me acertava como um soco no peito a cada vez que eu parava para a analisar. — Segurei em seu braço delicadamente, porém firme, a impedindo de continua.

— Olha, eu sei que foi errado mas...

Não conseguia achar as palavras adequadas para dizer, nem eu mesma acreditava no que acabara de fazer. Jamais imaginei antes que beijaria Aaron, não sabia quem realmente Saelor era, muito menos tinha ideia do que me espera em um futuro não tão distante. Nem mesmo tinha conhecimento de meus verdadeiros sentimentos por Aaron.

Tudo ainda era muito confuso.

— Aaron é um de seus menores problemas. — Serena grunhiu, grunhiu para mim! — A hora está chegando Calyn, você terá que decidir, e nem suas brincadeiras com água ou brisas pelo quarto irão a dispensar da escolha. E que os Deuses nos ajudem se você escolher errado.

Eu estava boquiaberta, mas não deixei transparecer. O cansaço e o peso sobre meus ombros haviam voltado com força total.

— Todos falam de uma escolha e coisas as quais terei que enfrentar — Murmurei amargurada. — Não pense que é fácil, ninguém me diz ao menos que escolhas são essas! Como vou saber se tomarei a certa? — Indaguei com um bolo se formando em minha garganta.

Serena não disse nada por mim momento, mas somente sua expressão forte já me repreendia, como se eu fosse uma criança mimada e confusa fazendo birra.

Tive que me segurar para não me encolher sobre seu olhar. Mesmo que eu fosse vários centímetros mais alta, de alguma forma ela conseguia parece mais ameaçadora.

— Se você for esperta, ficará de boca fechada e com os ouvidos atentos — disse ela baixinho. — Veja o que os outros não querem que você veja, escute o que você não deveria escutar. Desvende, descubra e faça o que for preciso, mas sempre siga seu coração... — As engrenagens enferrujadas já tentavam a todo custo tentando se encaixar em minha mente. — Os dons lhe escolheram por um motivo, e tenho certeza que ele não envolve romances escondidos e pétalas de rosas.

Meu rosto ficou vermelho e ardeu forte, como se levasse um imenso tapa na cara.

Não tive tempo para sequer perguntar, Serena já havia aberto a porta para o corredor e partido.

《■》

Sai de meu quarto pouco depois do nascer do sol, caminhei tranquilamente pelos corredores, atenta a tudo a meu redor. Nunca descobriria nada trancada em meu quarto, continuaria alheia a tudo que ainda me escondem. — Fui ao jardim, que emanava beleza aos raios quentes do sol pela manhã. Os pássaros cantavam ao meu redor, eu sentia tamanha suas alegrias por serem livres para voar. Pude experimenta a sensação das plantas crescendo e as flores florescendo. Tudo ainda era novo, mas nunca me cansaria com sua beleza, com a sensação de toda a vida a minha volta.

Sétima Filha - Beijada Onde histórias criam vida. Descubra agora