Abrir os olhos e não reconheci o lugar em que estava, não era minha casa em Vingor, muito menos qualquer casa de Susan. O teto para onde olhava era de vidro, dava para se contar as estrelas brilhantes do céu noturno. Eu estava deitada sobre uma cama e, ao tocar com as mãos, pude sentir a textura do lençol macio abaixo de mim.
O quarto era amplo e reconfortante, a luz amanteigado das velas sobre um cartical embutido na parede iluminava levemente todo seu espaço; ao meu lado esquerdo havia um sofá com estofamento fofo e o tapete ao chão continha desenhos geométricos que se ligavam ao desenho maior em seu centro, uma estrela. — Um pouco mais a frente do sofá estava uma cômoda branca com um grande espelhos que refletia a tapeçaria antiga que estava sobre a parede a sua frente.
— Ainda bem que você acordou.
Tomei um susto e sentei em um sobressalto ao finalmente constar que tinha mais alguém no quarto comigo. Ao lado da cama, sentado em uma cadeira de madeira escura, entre a penumbra do quarto, estava um homem. — Cabelos quase na altura de seus obros largos de um preto tão azulado, que jurava poder ver as linhas do brilho da luz expressas entre os fios; postura um tanto imponente, braços fortes e ombros retos, olhos de um cinza escuro, quase que prata, entretanto com um leve toque azulado; sorriso branco e lábios rosados, maçãs do rosto altas, um lindo nariz reto — a testa lisa e ampla, com sobrancelhas levemente arqueadas, que emolduravam aqueles olhos acinzentados.— Ele vestia uma calça justa e firme, um colete escuro mais comprido atrás do que na frente. — Meu rosto enrubesceu com sua proximidade e, tive uma leve impressão de que já o vira antes.
Pisquei meus olhos focando minha visão. Se não me concentrasse em breve estaria babando, e para o meu azar ele também percebeu o modo detalhado em que eu o analisava pois sorriu de lado.
Se não fosse um sorriso com escárnio eu poderia ter suspirado.
— Sua chegada causou um grande alvoroço — ele falou me entregando uma taça com água. — Já esperávamos uma garota beijada, mas não uma pelos sete dons e, que saiba citar a antiga lenda de trás para frente.
Havia humor em sua voz rouca, o que me fez querer grunhir levemente.
Minhas mente estava em cacos, lembrava de toda a cerimônia do rito apenas em lampejos rápidos. Me sentei mas despojadamente sobre a cama sentindo minha cabeça latejar por um momento e mordi meus lábios com força.
— Onde estou?— aquela voz... minha nova voz ainda era estranha para mim.
— A dor vai passar rápido, sua cura é acelerada. Por enquanto, beba bastante água. — Respondeu ele, ignorando completamente minha pergunta.
Se aproximando de vagar de mim, eu recuei, mas ele prosseguiu para mexeu em uma faixa que até então nem tinha percebido que estava em minha cabeça.
Subitamente, levei minha mão até meu peito e só voltei a relaxar quando meus dedos tocaram o pequeno escudo entalhado meticulosamente, preso ao meu colar.
— Ou não — pude sentir o aroma e calor de sua voz, perto de minhas têmporas. — O ferimento que estava em sua cabeça parece que nunca existiu — ele puxou com cuidado a faixa. — Não precisa mais disso.
Inclinei levemente a cabeça e o fitei de perto.
— Quem é você? — Indaguei já frustrada por não obter nenhum resposta.
Ele suspirou e voltou a sentar na cadeira, me examinou por alguns segundo constrangedor para enfim falar:
— Meu nome é Aaron, estou aqui para cuidar que você, especificamente pra cuidar que você não cause problemas — soltou um sorriso que não chegou aos olhos. — Estamos no Palácio do rei Saelor, no seu novo quarto.
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Sétima Filha - Beijada
FantasyEm um rito antigo, comemorado em toda Wareehon, uma garota de cada um dos sete reinos é beijada pelo dom sagrado de suas terras e levada como um presente divino aos recém coroados reis. Com o dever de gerar os próximos governantes. Fortes, saudáveis...