Thank You, Grandpa [l.s]

21.

Rupert está sentado sobre a grama, arrancando pequenas folhas e partindo-as em minúsculos pedaços até não conseguir mais. Vovô tomava sol como sempre sentado na cadeira, quase cochilava, mas agora ele rega e conversa conversa com cada uma das plantas que ocupam cada metro quadrado do quintal.

Eu deitado ao lado de Rupert, encarando esse céu todo trabalhado no azul pastel, sem nem um sinal de nuvem. O que faz sentido; sempre li que quando um céu é infestado por estrelas durante a noite, o dia seguinte é ensolarado e sem risco de chuvas.

Keith solta frases de impacto sobre a vida o tempo inteiro. À cada uma que ele declama ou eu sorrio, ou um nó se forma na minha garganta.

- "Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior"

- Hm... Roberto Simonsen. - Rupert reconhece a frase que Keith solta e o velho sorri lançando uma piscadela em direção ao ruivo.

Eu sempre repito que amo o relacionamento desses dois, mas como neto único eu devo admitir que as vezes tenho ciúmes de Keith. Ele é meu avô, não de Rupert, eu quem segurava sua mão durante os passeios no parque e essas coisas...

- Por que não foi ao trabalho hoje, filho? - Vovô pergunta, concentrado em uma de suas orquídeas rosadas.

- Hm, eu estou de férias.

- Em maio? Não é um pouco fora de época? - Keith se vira pra mim mas eu prefiro encarar o céu.

- Sim?

- Foi uma pergunta?

- Não? Quero dizer, não. Eu afirmei, estou de férias, volto em algumas semanas se não e engano. Estão me substituindo no escritório.

- Ótimo! - Keith demora pra se pronunciar e seus olhos me observam queimando minha pele.

Conversa vai e conversa vem, assuntos banais e algumas piadinhas sem graça que conseguem arrancar risadas altas dos três. Acabo pegando num sono assim que o sol já não reflete com tanta intensidade no jardim. Um feixe de luz esquenta minhas pernas enquanto uma árvore não muito grande faz sombra sobre meu abdômen e cabeça.

Nada melhor que um cochilo ao ar livre.

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