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Assim que abro a porta, fico extremamente surpreso, me poupando dos movimentos pra analisar a cena.
Só pra ter certeza do que vejo.

Vejo Keith sentado sobre a cama embaralhando cartas de baralho entre os dedos, enquanto uma outra pessoa se distrai no celular ao lado da cama. Uma pessoa de cabelos castanhos, uma franja caída, um moletom preto maior que seu tamanho - e é fácil perceber já que as mangas tampam metade de suas mãos - e aparentemente baixo.

- Por que não me disse que viria? - falo adentrando a sala com Rupert me seguindo e fechando a porta atrás de si logo em seguida.

- Eu o chamei - Keith se pronuncia. - Olá, querido.

- Olá - sorrio pra Keith me aproximando e acariciando seu braço levemente. Depois me aproximo de Louis. E quase que por um segundo eu cumprimento o menor com um beijo, mas imediatamente interrompo os passos até Louis me virando diretamente pra Keith. - Estão íntimos agora?

- O escoteiro veio assistir a final do campeonato aqui comigo - Keith entorta o nariz e me olha fingindo desprezo. - Já que você não suporta futebol.

- Não suporto mesmo - rio. - Fico feliz que estão se entendendo agora, mas deveriam ter me chamado - Faço bico.

- Ciúmes? - Louis arqueia a sobrancelha.

Sim.

- Lógico que não... Nada a ver - termino de falar e vejo Keith e Louis trocarem olhares.

Odeio isso, sempre odiei essa palhaçada de pessoas que trocam olhares e se entendem por eles. Eu sou curioso e é muito óbvio quando o olhar diz respeito à mim.

Na verdade, esse ódio vindo de mim soa com hipocrisia, já que é inevitável não trocar olhares insinuados com Louis o tempo inteiro.

A enfermeira não demorou muito pra aparecer, e então eu e Louis decidimos agir como dois adolescentes rebeldes por essa noite, e nos escondemos dentro do banheiro até que a mulher fosse embora, pedindo somente a Rupert que se retirasse.

O ruivo deu duas batidinhas na porta nos avisando que a enfermeira já havia ido embora. Então decido sair do banheiro e voltar ao encontro de Keith, mas quando levo minha mão à maçaneta da porta, Louis a segura e entra na minha frente me roubando um beijo, que faz com que por um segundo, minha consciência chegue ao além e volte só pra que eu possa devolver o beijo na mesma intensidade.

- Arriscado demais - sussurro entre o beijo e ele se interrompe, se afastando e me olhando nos olhos profundamente.

- Até quando você vai se poupar disso? Diz logo à Keith, ele é uma pessoa tão incrível...

- Psiiiiu - peço desesperado. - Fala baixo, por favor. Ele pode ouvir.

- Meu Deus... - Ele resmunga parecendo cansado da situação e se vira de costas levando a mão até a maçaneta na intenção de sair.

Antes que ele consiga abrir a porta, eu puxo seu corpo contra o meu, colando suas costas no meu peito, e não propositalmente - talvez seja -, sua bunda roça contra minha virilha.

- Por favor tenta me entender - sussurro mas não somente na intenção de Keith não escutar, mas abuso disso pra atiçar Louis.

- Eu te entendo, eu juro - ele também mantém o tom de voz em um sussurro, e o safado empina a bunda procurando sentir algum volume sob minhas calças. - Então vamos sair daqui, sim?! Antes que seu avô desconfie.

Antes mesmo que eu pudesse fazer qualquer coisa, Louis abre a porta e sai do banheiro me lançando um sorriso lateral, insinuado e cínico. Me encaro no espelho por alguns segundos antes de sair do cômodo e ir ao encontro dos rapazes.

Me pergunto se algum dia eu vou parar de me sentir atraído por Louis.

Thank You, Grandpa [l.s] Onde histórias criam vida. Descubra agora