Eu estava em casa, ou melhor, em meu quarto de hotel. E sem Sean dessa vez. Sem Frankie chegando de surpresa. Sem ninguém. Apenas eu e meus desenhos da garota do cabelo castanho escuro avermelhado. Não entendia o que estava sentindo. Sobre a superfície eu estava cabisbaixo, com olhos cansados e semiabertos. Com a boca comprimida. O cabelo bagunçado porque eu não ligava para minha aparência. Uma imagem não muito bonita. Por dentro eu estava ainda mais intenso. Meu coração não estava aceitado muito a situação. Minha cabeça só faltava explodir com tanto conflito. Conflito interno, o qual me deixava triste por tudo que poderia acontecer e por tudo que não dera certo.
Estava louco pela música que Summer secretamente dedicara para mim. Pensando em quanto daquilo tudo era verdade. Em quanto era sobre mim. Em quanto poderia ser sobre Summer. Em quanto a música poderia representar o que ela sente por mim. Com fome e preguiça de pedir ou comprar algo. Com sede e sem vontade de beber apenas a água que havia ali perto. Sentindo pena de Sean por ter voltado para Toronto sem mostrar a música nova. Confuso por não ter tido vontade de ficar perto de Rebeca quando estava na cidade. Estranhando a ausência de Frankie e a constante aparição dele nas fotos de Summer. Com medo de Frankie estar sentindo algo por Summer. Com medo de Summer estar sentindo algo por Frankie. Com medo do envolvimento dele.
Não por ter ciúmes, inveja ou algo assim, mas por não acreditar que seria saudável existir um evolvimento entre os dois. Imagine dois Youtubers namorando! Isso poderia acabar com a canal dos dois, de um dos dois ou alavancar ainda mais a carreira. Talvez a fama subisse a cabeça de Frankie. Talvez o coração deles quebrasse. Talvez eles começassem a se odiar quando tudo desse errado. Talvez...
Bem, havia muito mais em meu interior.
Eu estava muito fora do mundo, pensando em todas as coisas negativas em meu passado e tudo que dera errado por minha idiotice. Tudo que eu mesmo arruinara. Parece ser uma tendência minha estragar tudo, quase como se fosse uma segunda natureza inevitável. A depressão tentava adentrar meu psicológico e manipular minha visão do mundo, a qual já não estava muito boa. Felizmente, as diversas indagações estavam mantendo minhas defesas quase intactas. Disse quase. Também estava muito complexado. E com outros sentimentos que se sobrepunham aos outros. Estava com medo de nunca ser perdoado por Summer. Bravo pela inutilidade de uma música que demorara eras para fazer. Irritado pelas batidas insistentes em minha porta.
Então, ao virar a maçaneta com mau humor, encontrei a cópia exata de Summer. Ela estava com o cabelo preso no topo da cabeça, com um vestido azul claro e tênis do mesmo tom. Uma mochila em mãos e um sorriso fraco nos lábios. Os olhos brilhando um pouquinho. Respirei fundo para não ficar irritado com a garotinha.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, cruzando meus braços. Não esperava ter uma criança desconhecida batendo em minha porta. Na verdade, não esperava que uma criança descobrisse meu paradeiro. Hum. Paradeiro. Parece uma palavra perigosa.
— Você não estava na leitura de segunda, nem na de hoje. Achei estranho. — A pequena Summer me olhou como se tivesse todas as respostas do mundo. Ou pelo menos todas as perguntas. 90% das perguntas pelo menos.
— E o que tem isso? — Arqueei a sobrancelha, estranhando a confiança de Lola. Eu ficava bem tímido quando criança e não respondia direto o que me perguntavam.
— Summer está bem triste e é óbvio que a culpa é sua.
Sabe aquela história de que criança está sempre certa? Então...
— O que te faz pensar nisso? — Perguntei, vendo-a dar de ombros logo ao final da pergunta. — Sou tão ruim assim?
— Não, mas ela gosta de você. — Falou como se aquilo não tivesse muita importância. Para mim tinha! E como!
— Eu gosto dela também. — Era mais fácil admitir para a menininha do que para as pessoas com mais de 16 anos.
— Eu sei. — Ela sorriu como se fosse a dona do mundo. — Por isso vim de buscar.
— Buscar? — Fiz a minha melhor cara de confusão.
— Para fazer você e Summer conversarem.
— Não acho que ela queira, Lola. — Dei uma risadinha de nervoso.
— Ela vai querer. — Piscou para mim. — É só convencê-la com jeitinho.
E eu não tive como escapar de uma mini-Summer.
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Olá, Summer
RomanceEthan Pearce sente necessidade em procurar a beleza no mundo e embelezá-lo quando considera pertinente. As cores faltam para o jovem artista australiano, provavelmente devido a descrença de seus pais em suas pinturas e por sua constante mudança de p...