CAPÍTULO EXTRA: Amor de verão

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Summer

Abri meus olhos e encarei as paredes do quarto. Brancas. Sem vida. Assim como tudo naquele hospital. Odeio hospitais! As pessoas ficam horas e horas dentro deles, doentes, frágeis. Esperando a saúde que algumas nunca terão. É deprimente! Mas é um ótimo local para se descobrir que o amor da sua vida fugiu.

— Ele o quê? — Arregalei os olhos e encarei minha mãe, perplexa.

— Foi embora com os pais, querida. — Ela disse com cautela, como se temesse minha reação. — Parece que saíram até da cidade.

— Mas... — Pisquei. Nada daquilo fazia sentido. — Eu pensei que ele gostasse de mim.  

— Summer... — Mamãe não parecia saber o que falar. Coitada! — Sinto muito.

— Você poderia... — Pisquei novamente, tentando impedir as lágrimas de decepção. Não podia estar acontecendo! Não havia sentido algum naquilo tudo. Como um cara corre até o hospital em um dia e no outro vai embora? Quem faz esse tipo de coisa? — Chamar o Frankie?

— Frankie? Seu novo amigo?

— Sim.

— Claro, filha... — Pareceu que ela ia dizer alguma coisa, mas desistiu. Sorriu para mim, fracamente, virando em seguida para sair do quarto.

Respirei fundo.

Inspira.

Respira.

Inspira...

Comecei a chorar, sem muito controle. Estava chocada e decepcionada. Precisava de um apoio emocional! Enxuguei algumas lágrimas, esticando meu braço para agarrar meu celular. Respirei fundo ao desbloquear, abrindo meu aplicativo de música em seguida. Escolhi a única playlist capaz de me animar: Summer. Sim, tenho uma playlist com meu nome, a qual é composta apenas por músicas com "Summer" no título. Coloquei no aleatório e foi como se o mundo conspirasse contra mim. "Summer Love" da One Direction começou a tocar e eu engoli em seco. As lágrimas brigavam com meus olhos cansados. Eu precisava daquele momento. Eu precisava daquela música. Muito!

Gostaria de não ter me apegado tanto a Ethan. Ele morava em Toronto e eu já sabia disso. Precisava lembrar disso constantemente, mas sempre, sempre, sempre esquecia. Era como se ele estivesse em Vancouver a vida inteira. Como se estivesse comigo a vida inteira. Não sei se isso faz sentido para alguém, mas sei que faz para mim. Faz muito sentido! É como se fossemos melhores amigos, como se não pudéssemos viver um sem o outro. Ou, pelo menos, foi o que pensei. Tivemos bons momentos juntos, ótimos momentos até, mas aquele não era um deles. Aquele era o meu pior momento: o momento da decepção. Quando você não sabe o que fez de errado, nem o que fez de certo. Muito menos o que deixou seu príncipe encantado sem o encanto. O momento em que ele foge do amor.

E ele sequer disse adeus!

"Não prometa que você vai escrever

Não prometa que você vai ligar"

Eu queria que Ethan tivesse me prometido algo, mas não era esse o caso. Ele podia ficar com a consciência tranquila quanto a isso; já eu não podia dizer a mesma coisa. Eu prometera para mim mesma que nosso relacionamento seria especial, que eu só cairia de cabeça se imaginasse que fosse para sempre. Se tivesse que ser para sempre! Mas não... Parece que tudo só durou um verão. Irônico, não? Acho que minha mãe me fadou a isso quando me deu esse nome, infelizmente. Gostaria de ter relacionamentos eternos, mas o único que quis mesmo... Bem, durou pouco. Fui dele durante um verão, assim como ele foi meu. 

"Parece neve em setembro

Mas eu sempre vou lembrar"

Sim, nossa ligação quase instantânea era rara como neve em setembro... Na Inglaterra, claro. Não lembro de ter registrado que isso acontece em Vancouver. De qualquer forma... Imagino que nevar no início do outono seja inesquecível, assim como Ethan. Ele é inesquecível e para sempre seria, mesmo que eu quisesse apagá-lo de minha vida. Mesmo que quisesse afastar qualquer lembrança sua como fazia com as lágrimas. Não era assim tão simples! O sorriso dele voltava sempre, a risada rouca, o triângulo no olho, os desenhos, as conversas importantes... Tudo me bombardeando em apenas um segundo!

O pior de tudo é que ele nem me deu uma última lembrança. Apenas sumiu. Sem mais nem menos. É deprimente! Queria poder reiniciar tudo, começar no jantar no japonês. Viver tudo com mais intensidade, já sabendo que seria a primeira, única e última vez que eu viveria aquelas experiências com Ethan Pearce. Pelo menos eu poderia viver bem, apenas sabendo que não teria nada que iria querer mudar. Nada. Apenas queria viver com mais intensidade. Reviver com mais intensidade!

As lágrimas insistentes me atingiram novamente.

Pelo menos eu tinha uma certeza: A de que Ethan sempre seria meu amor de verão.

— Summer! — A porta do quarto foi aberta bruscamente, fazendo um barulho enorme. Meu coração disparou, pensando, por um instante, que poderia ser Ethan. Não, era apenas Frankie. — Larga esse celular! Eu tenho um plano!


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Surpresa! Não avisei a ninguém que faria esse capítulo, apenas tive vontade hoje, escrevi e publiquei. Espero que tenham gostado de sentir um pouco do que Summer sentiu, assim como eu senti. Se vocês, por acaso, tiverem interesse em saber como Summer, Frankie e Sean planejaram tudo o que aconteceu nos últimos capítulos desse livro, deem uma olhada longa em Felicidade Anônima. Lá contarei todos os bastidores desse plano enorme! E algumas outras coisinhas que não contei aqui, como a maior prova de amor de Ethan.

Também gostaria de convidar vocês para lerem outros livros meus, só que tenho um convite diferente. Venha superar o bullying com Manual do Anti-Esquecimento; aprender a correr atrás de seus sonhos com Sonhos Canadenses; lutar contra o racismo, os estereótipos e ver como é a vida de filhos adotivos em Just Because I'm Nerdy; descobrir a real face da Escuridão e a verdadeira história dos contos de fadas em Brilhando no Escuro!

Espero que gostem de tudo que tenho para vocês, e de tudo o que estou planejando para vocês!

Beijos doces,


Olá, SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora