DEZENOVE

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Brenda está demorando demais para voltar.

O que é um tanto estranho, já que apenas pedi para ela verificar se Matthew está acordado, enquanto eu terminava de me arrumar. Mas agora já estou pronta e faz mais de dez minutos que estou sentada na cama à espera.

Tinha pensado em ir até a biblioteca ler algum livro, mas descartei a ideia pois estou agitada demais para isso, então decidi ir fazer companhia a Matthew e conversar com ele para talvez assim, poder me distrair aliviando essa tensão acumulada.

Olho para a porta que continua fechada e suspiro. Por que será que ela está demorando? Deve haver um motivo. Será que algo aconteceu com Matthew?
Aperto as minhas mãos e as esfrego na calça. Não há de ser nada!

Depois que recebi a visita do mensageiro ontem, tenho ficado um pouco irritada e apreensiva, quase paranóica. Não consegui dormir à noite e minha cabeça ainda continua atolada de pensamentos. O que Adam fará depois de ler o que eu escrevi sobre rei Ignatius? Estou receosa, mas espero que ele não tome medidas precipitadas, porque o que eu ouvi aquele dia na reunião, de fato, pode significar tudo mas ao mesmo tempo pode não significar nada. É uma incógnita que abre muitas frestas para deduções.

Mas é melhor eu me controlar e tentar não ficar pensando muito nisto. Brenda já me questionou o porquê de eu estar estranha e mais uma vez tive que arranjar mentiras para justificar meu comportamento. Disse a ela que Matthew e eu havíamos tido algumas brigas e que eu não queria perde-lo, pois eu sou completamente apaixonada por ele e que por isso estava tão aflita. A minha atuação foi tão digna que Brenda imediatamente acreditou e tomou parte em meu "sofrimento".

É uma boa amiga e sei que estava preocupada comigo, mas ela mal imagina que as minhas preocupações e receios vão muito além do que simples complicações amorosas.

Levanto da cama, ajeito a minha blusa de lã bege e começo a enrolar meu cabelo com a ponta dos dedos, decidindo se devo ou não espera-la mais um pouco.

Ando até a porta e a abro, olho no corredor e não vejo ninguém.
Vou ao gabinete, talvez Matthew esteja lá.
Brenda deve ter encontrado alguém no caminho ou deve ter ido fazer outra coisa, por isso não voltou.

Olho para o final do corredor e vejo uma figura magra e feminina despontar ao longe, demoro um pouco para reconhecer por ela estar contra o sol, mas assim que se aproxima a reconheço pelos cabelos loiros ondulados.

- Brenda, por que demorou tanto?- pergunto.

Não obtenho resposta e ela nem sequer consegue fixar os seus olhos em mim.

Há algo de errado aqui !

- Brenda?- falo em um tom irritado e ergo uma sobrancelha- Você encontrou Matthew?

Ela balança a cabeça e cerra o maxilar, não consigo identificar se aquilo é um sim ou um não.

- É... Vamos entrar, preciso falar com você!

Então sem mais palavras ela abre a porta e me puxa para dentro do quarto. O que está acontecendo? Por que essas reações estranhas?

Brenda começa a andar em círculos, com uma mão na cintura e a outra na boca enquanto eu continuo parada, com medo de perguntar o motivo dela estar assim.

- Então...- digo, ansiosa.

Decido enfrentar a situação, seja lá qual for o motivo é melhor que eu saiba de imediato.

Ela para e se senta na cama indicando para que eu me sente ao seu lado. Lentamente me aproximo e faço o que ela pediu, encarando seus olhos azuis escuros que cintilam refletindo as luzes do quarto.

Em Busca da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora