VINTE E TRÊS

136 21 23
                                    

Fecho a maquiagem e observo em silêncio o resultado. Perfeito! Ninguém perceberá que participou de uma briga.

- Pronto! Já acabei- falo, enquanto me levanto da cama para guardar os produtos na penteadeira.

Edward abre os olhos e se levanta também, para fitar seu reflexo no espelho. Admirado, ele toca sua pele, no lugar onde estavam os hematomas roxos, que agora se tornaram imperceptíveis por baixo de várias camadas de maquiagem.

- Ficou ótimo!- ele balbucia ainda analisando seu rosto.

Me encosto em um móvel distante e o fito em silêncio.

- Julie- ele percebe meu desconforto e se aproxima de mim, a passos lentos- eu quero mais uma vez te pedir desculpas, pelo que aconteceu ontem. Eu não me lembro de muitas coisas, eu estava frustrado com o rei Ignatius e por isso descontei na bebida...

- Está tudo bem!- o interrompo- Você exagerou mesmo, mas Matthew não tinha que te bater, afinal, você não estava consciente de seus atos.

- Mesmo assim, acho que mereci essa surra!- ele sorri tristonho.

Balanço a cabeça, cansada demais para dizer algo. Ontem foi uma noite bastante agitada, tive que cuidar de Edward pois seu estado inspirava preocupação. E tudo isso sem chamar a atenção das demais pessoas que estavam no palácio, pois se isso chegasse aos ouvidos do rei, tenho certeza de que Matthew seria o único prejudicado.

- Minha cabeça dói!

Edward pressiona os dedos contra as têmporas e faz vagarosos movimentos circulares.

- Tem certeza de que precisa mesmo ir hoje?- pergunto, preocupada.

- Tenho- responde convicto- como eu já havia te dito; não tenho mais nada para fazer aqui.

- Bom, então- suspiro- posso te dar um abraço de despedida?

Ele abre os braços e sorri timidamente. Me aproximo e o envolvo em um abraço rápido.

- Obrigada por concordar manter o acontecimento de ontem em segredo- digo ao me afastar.

- Não precisa me agradecer- fala com sua voz rouca e baixa- Pelo pouco que me lembro, eu mesmo provoquei essa situação. Matthew apenas agiu como deveria agir. E se eu fosse ele, teria feito o mesmo.

Assinto e dou um meio sorriso.

- Eu te manterei informado do andamento do nosso plano, okay?- falo, um pouco desnorteada- não sei quando apresentarei ele ao rei, mas te avisarei por meio de correspondências.

- Certo, confio em você. Faça como desejar.

Ele passa a mão pelos cabelos e baixa o olhar. Sinto que ele ainda está envergonhado pelo que aconteceu.

- Vou voltar para o meu quarto, terminar de arrumar as malas. Logo depois, avisarei ao rei Ignatius e então, partirei para Magnest- fala, por fim.

Concordo com a cabeça e abro a porta para que ele passe, sem mais delongas.

- Adeus Julie- fala, parando ao meu lado e pegando minha mão - nunca esquecerei do que fez por mim esses dias e nem esquecerei da nossa sincera amizade. Sempre que você precisar, pode contar comigo para te ajudar!

- Obrigada!- aperto sua mão e me desvencilho.

- Sempre, ouviu?- ele repete. Seus olhos cor de mel brilhando.

- Sim. Me lembrarei disto.

Então, ele me lança um último olhar de despedida e se vai.

Fecho a porta, ando até a cama, me sento e apoio a cabeça entre as mãos. Me sinto anestesiada.

Em Busca da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora