TRINTA E CINCO

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Isso... isso parece o chão. É frio e tem uma textura rústica, mas eu não tenho certeza. A escuridão é tamanha, que não consigo enxergar absolutamente nada.

Onde estou?

Talvez se eu tentar levantar, eu possa... Ai! Eu não consigo!

Meu braço esquerdo está imensamente dolorido, na verdade o meu corpo inteiro está assim. O que aconteceu comigo?

Deixe-me pensar...

Oh, a agulha, o rei, Adam, Matthew...

Minha cabeça dói com tantas informações repentinas, mas pelo menos, agora me lembro de tudo o que aconteceu. Só me resta saber onde estou.

Mas, espere!

Ergo a mão direita e a coloco sobre meu peito.

Não! Eu não estou morta... Meu coração ainda bate!

Fico meramente aliviada por saber disso, mas ainda gostaria de entender porquê eu estou mergulhada nessa completa escuridão.

Minha mente está tão embaralhada, que levo alguns segundos para enfim perceber algo áspero em meu rosto. Uma touca.

Rapidamente a puxo e me deparo com a claridade. Aperto os olhos para poder me acostumar com a luz, porque parece que faz tempos que não a vejo.

Essa luz, vem de uma pequena janela que fica no alto, perto do teto, mas que clareia razoavelmente bem o "cômodo" onde me encontro.

Viro vagarosamente a cabeça para o lado e agora tenho a certeza de que realmente estou deitada no chão. Sozinha, apenas com um banco de metal no canto, perto das grades de ferro.

Grades de ferro? Por que eu estaria cercada por grades de ferro?

Eu preciso me levantar para ter certeza do que estou vendo.

Respiro fundo e mesmo sabendo que vai doer, me impulsiono para cima e me levanto.

Me apoio em uma parede, segurando o braço esquerdo, no qual levei a agulhada, enquanto milhares de pontinhos pretos surgem em minha visão, devido ao esforço que fiz e a dor que estou sentindo, mas pouco a pouco eles desaparecem.

Eu estou descalça e com um vestido azul claro rasgado na manga. O mesmo que eu estava usando naquele dia...

Mas qual dia? Ontem? Hoje?

Eu simplesmente não sei a quantos dias ou horas, estou aqui desacordada.

Mas eu também não pensei que algum dia acordaria, tinha certeza de que aquele seria o meu fim. Eu realmente não sei o que me salvou.

Lembro que a última imagem que vi antes de apagar completamente, foi a de Matthew, com uma lágrima escorrendo em seu rosto e pronunciando coisas que eu nem sequer ouvi.

É estranho agora, ver que acordei e que a minha história ainda não chegou ao fim...

Ouço um barulho, parecido com algo de ferro sendo arrastado e tento me aproximar da grade para ver do que se trata. 

Agora não adianta negar, tenho a certeza absoluta de que estou em uma cela. Mas, como vim parar aqui? E por que estou aqui? Ainda é uma incógnita.

Encosto meu rosto na grade gelada tentando ampliar minha visão, mas não vejo nada além da escuridão banhando o que suponho, ser o corredor.

- Tem alguém aí?

Em Busca da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora