TRINTA E QUATRO

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- Matthew se afaste dessa impostora!- Adam diz, com total desprezo.

Aperto a barra de metal atrás de mim, com tanta força, que sinto a ponta de meus dedos latejarem.

Impostora?

Será que Adam vai revelar toda a verdade para Matthew? Impossível.

Afinal, foi ele quem me colocou aqui no palácio, não acho que seria tão estúpido a ponto de se entregar dessa maneira.

E esse também foi um dos motivos que me fizeram aceitar o casamento com Matthew.

Eu sabia que Adam ficaria furioso, mas também sabia que ele não poderia fazer nada para me impedir. Afinal, a culpa é unicamente sua.

- Impostora?- Matthew murmura a palavra de meus pensamentos.

- Isso mesmo!- Adam me encara, como se estivesse me fuzilando mentalmente- Eu preciso te contar algo muito sério.

Inclino levemente a cabeça e o fito com um semblante de: Por favor, não faça isso! Mas infelizmente, não surte nenhum efeito nele.

- Você quer contar, ou prefere que eu mesmo conte?- Adam praticamente cospe as palavras em minha direção.

Tento falar algo, mas o nó que se formou em minha garganta me impede.

Eu não acredito que ele vai revelar toda a verdade. Vai estar condenando a si próprio e a mim também.

- Contar o que Julie?- Matthew entra na minha frente e a única coisa que eu consigo fazer é balançar a cabeça, sinalizando de que não sei do que se trata.

Tento controlar a minha respiração, mas é inútil. Essa varanda parece ter encolhido de uma hora para a outra. E eu me sinto presa.

- Bem, então, eu mesmo te digo Matthew.

- Adam- consigo pronunciar seu nome- não faça isso- sussurro.

E um soluço me escapa. Minha vista de imediato, se embaça e a imagem dos dois homens a minha frente, se funde em um borrão.

Ainda não é a hora certa! Era o que eu queria poder dizer. Mas sabe aquele momento em que estamos nos segurando e parece que se dissermos mais uma palavra, tudo desaba? É exatamente assim que estou me sentindo.

- Eu descobri que essa mulher não passa de uma simples impostora.

Só ouço a sua voz, pois a minha cabeça está baixa e eu só consigo encarar a ponta dos meus saltos.

Tudo estava tão perfeito.

Acho que eu já deveria imaginar que algo assim aconteceria e que novamente eu seria lançada ao chão, pisoteada por minhas próprias ilusões.

- Ela enganou a mim, a você, ao rei Ignatius e a todos que passaram por seu caminho.

Um momento de silêncio se instala no ambiente e eu consigo sentir o peso dos olhares sobre mim.

Um grande ponto de interrogação surge na minha cabeça a medida em que absorvo as palavras de Adam.

- É uma pobre farsante da classe Baixa que só nos usou para conseguir o que queria. Ela não é uma condessa, nem sequer possui sangue nobre. Mentiu descaradamente se passando por minha prima, e no começo eu até acreditei, pois fui tomado pela emoção de reencontrar um familiar, mas depois de um tempo; apenas por precaução, mandei que um detetive fosse até Airmont para verificar toda essa história, e para minha surpresa descobri que tudo não passava de uma grande mentira inventada por uma mente perversa. Só que o mais estranho é que ela chegou à Oryon, parecendo realmente uma nobre, com joias, roupas caras e contou detalhadamente coisas sobre minha família, por isso que de início não desconfiei. Sabe-se lá como ela conseguiu tudo isso, ou que artimanhas deve ter usado, além é claro, de sua mente maquiavélica.

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