TRINTA E SETE

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- O que vai fazer?- digo, tentando afastar meu pescoço da faca em sua mão.

- Calada!- me devolve, ríspido.

E me força a abrir a porta, afrouxando um pouco o aperto em meus braços.

Assim que saímos, o guarda que estava de vigia, já se coloca em prontidão para atacar rei Ignatius, mas rapidamente ele me coloca na frente da espada e o instiga a prosseguir, só que vendo a situação em que me encontro, imediatamente o guarda recua.

E então, aproveitando a brecha, o rei me força a continuar como um escudo à sua frente e a me empurrar pelos corredores do palácio.

A todo o momento, mantenho meus olhos fixos na faca apoiada em meu pescoço. Apenas um corte, e seria fatal. Eu quase nem consigo respirar de tanto pavor.

Passamos por alguns corredores e encontramos vários guardas do rei, que começam a formar uma barreira para proteger a sua retaguarda, mas nem sequer precisava disso, pois todos os guardas de Adam, recuam quando me vêem como escudo.

Andamos e andamos, quase tropeçando em meus próprios pés, ou nos pés do rei, que me força a acelerar os passos, até que chegamos a uma porta e então bruscamente ele para, puxando fortemente o meu pescoço. Se não for pela faca, certamente morrerei sufocada.

- PAI!

É a voz de Matthew. Meu coração se enche de alegria ao senti-lo se aproximando. Que bom que está vivo! E que bom que nos encontrou!

O rei se vira um pouco para trás e me leva junto. É uma sensação horrível ter o seu corpo colado ao meu.

- Julie?

Matthew se aproxima, com os olhos fixos na faca em meu pescoço.

- O que está fazendo com ela?- pergunta, incrédulo.

- Nem pense em tentar me impedir- diz- Abra essa porta!- ele ordena para um guarda ao nosso lado.

Ele o faz e ao invés de um cômodo, surpreendentemente me deparo com uma escada.

Não sei para onde ele quer me levar, nem sequer consigo formular pensamentos.

- Venha!- ele me puxa- Se Adam aparecer mande-o subir sozinho ou então...

Ele novamente da um puxão em meu pescoço e eu não consigo evitar de soltar um grito abafado.

- Largue-a agora!

Furioso, Matthew tenta avançar em nossa direção, mas é contido pelos guardas. Ele me estende uma mão e enquanto rei Ignatius olha distraído para a escada, consigo com muito esforço toca-la. Mas isso dura no máximo dois segundos, pois logo após sou puxada novamente e a porta se fecha, tampando a visão de um Matthew assustado.

Praticamente subo os degraus de costas, com o rei me puxando pelo pescoço e me apressando a ir mais rápido.

Dois, quatro, oito, doze... ao todo vinte degraus, que pareciam imensamente longos. Mas enfim, vejo pelo canto dos olhos que chegamos a uma outra porta.

- Por que está fazendo isso? Por favor me solte- engasgo, tentando recuperar o fôlego- não fui eu quem provocou essa situação. Foi Adam, não eu...

- Já te mandei ficar calada!- o rei fala por entre os dentes.

Ele puxa uma fechadura de ferro, com a mão direita na qual está segurando a faca, e abre a porta antiga e empoeirada.

De imediato, uma rajada de vento nos atinge e ele me joga para frente com tanta força, que quase caio no chão.

Um lugar amplo e ao ar livre... estamos no terraço! Eu nunca havia pisado nesse lugar.

Em Busca da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora