Em Busca da Coroa

TRINTA E TRÊS

Podem me chamar de fria e calculista se assim desejarem, mas agora estou em busca da coroa, e eu serei a nova rainha de Cancordion!

É isso...

Eu fiz o que tinha que fazer!

E agora já se tornou oficial. De acordo com as leis, não há mais volta.

À essas horas, a notícia já deve ter atingido todos os cantos do reino.

O PRÍNCIPE MATTHEW E SUA NOIVA JULIE, ANUNCIAM OFICIALMENTE O CASAMENTO.

Esta é a manchete estampada na primeira página do jornal, bem visível para todos. Já posso até imaginar o rosto das pessoas impressionadas com a surpresa, a maioria eu sei que não me conhece e os que me conheciam da classe Baixa, certamente já devem ter me esquecido, por isso não temo que a minha identidade seja revelada. Pelo menos por enquanto; posso manter a mentira de que sou uma condessa, mas eu sei que algum dia essa mentira se tornará insustentável, só que até lá, creio eu que já estarei com a coroa em cima de minha cabeça e NINGUÉM poderá fazer nada contra mim.

Pois eu serei a futura rainha de Cancordion. Terei segurança, estabilidade e poder. Poder suficiente pra proteger a mim e a minha família, de qualquer um que nos queira fazer mal.

Aperto com força a barra de metal a minha frente e ergo o queixo, inspirando o ar puro que me atinge. O céu está um pouco nublado, talvez seja por isso que me sinto em um cenário acinzentado ou talvez as coisas realmente tenham perdido a cor para mim.

A varanda na qual me encontro, é alta o suficiente para que eu possa enxergar a copa das árvores e por isso me distraio observando-as, enquanto deixo os meus pensamentos divagarem novamente.

Eu não estou feliz, mas também não estou triste, pode-se dizer que estou aliviada.

Os meus planos foram tão bruscamente mudados, de uma hora para outra, que agora tenho que me adequar a minha nova realidade, e isso não é nada fácil.
Mas a culpa é toda de Adam, aquele que já não reconheço, o próprio me colocou em uma situação insana e eu tive que recorrer a uma solução mais insana ainda. Tudo para me livrar de ser a sua amante.

Naquele ocasião, exatamente a três dias atrás, logo após ter saído apressada de seu quarto, eu estava tão abalada pelo o que ele havia me dito, que por um momento pensei que não houvesse outra alternativa e que mesmo não querendo, eu estaria fadada para sempre a uma vida infeliz ao seu lado, mas então, foi como se a minha mente se iluminasse e um pensamento repentino me atingisse: e se eu me casasse com Matthew?

No início eu quase descartei essa ideia, de tão insana que me pareceu, mas depois pensei melhor e vi que era a minha única alternativa.

Só assim eu poderia me livrar de Adam, só assim eu poderia ter um pouco de paz.

Matthew com certeza aceitaria o casamento, mesmo sem saber dos motivos que me fizeram querer tal coisa tão repentinamente, e rei Ignatius; apesar de não ter um pingo de afeição por mim, certamente não iria se indispor. Estava tudo quase perfeito. Quase.

Mas, e a minha família?

Com o casamento eu garantiria a minha segurança, mas e quanto a eles? Adam obviamente ficaria furioso quando soubesse e usaria a minha família para me punir. E de jeito nenhum eu poderia deixar que isso acontecesse.

Me lembro de ter passado a noite em claro aquele dia, arquitetando ideias e montando um plano. Foi extremamente difícil, pois a aflição e a angústia pareciam querer me impossibilitar de pensar em algo racional.