VINTE E UM

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- Onde você esteve na noite passada?- questiono Brenda, assim que a escuto entrar no meu quarto.

A encaro pelo espelho da penteadeira e vejo quando seu rosto se contorce em uma careta confusa.

- O que?- ela fecha a porta atrás de si.

Guardo cuidadosamente a maquiagem e me viro no banco para encara-la frente à frente.

Não conheço uma forma delicada para abordar este assunto, então decido ser direta, pois talvez assim seja mais fácil descobrir a verdade.

- A noite passada. Quero saber onde estava- digo, observando atentamente todas suas reações.

- Aqui mesmo, no palácio. Por que pergunta?

Respiro fundo. Será que ela está tentando se esquivar do assunto, ou será que realmente não sabe do que estou falando?

- Por nada. Poderia me dizer em qual lugar do palácio exatamente?

Tenho que ser cuidadosa. Não posso acusa-la, pois não tenho certeza de nada. Estou levando em consideração a nossa amizade, por isso, prefiro pensar que ela tem uma explicação razoável para o que aconteceu.

- Por que tantas perguntas?- ela balança a cabeça e me olha, irritada.

- Você não me respondeu.

Levanto do banco e me aproximo dela, que se desloca encurralada se afastando da porta e de mim.

- E nem vou, primeiramente, você é quem tem que me responder!

- Eu te vi entrando no quarto do rei- falo, de uma vez- O que foi fazer lá?

Vou direto ao ponto, sem enrolações.

Ela fica em silêncio e eu não consigo observar a sua reação, pois está de costas para mim.

Preciso de uma explicação convincente para tal ato de cunho tão suspeito. Eu realmente não sei o que pensar e sou contra tirar conclusões precipitadas, mas não acho que Brenda seria capaz de fazer algo... que a pudesse prejudicar e denegrir sua imagem. Ela não seria tão baixa a ponto de se tornar uma... amante do rei? Ou seria? Essa é a questão. Não a conheço o suficiente para poder afirmar o que ela seria ou não capaz de fazer.

- Eu...- ela se vira e me encara, com seus olhos azuis levemente arregalados- eu fui apenas arrumar o quarto do rei.

- Mas ele tem criadas específicas para isso!- digo, desconfiada.

- Eu sei!- ela fala revirando os olhos- Mas a Chloe, que era a encarregada ontem, ficou doente e teve que ser retirada as pressas do palácio e como as outras já tinham ido para as suas casas e eu era a única disponível, rei Ignatius me ordenou que eu fizesse isso.

- Oh...

Abaixo a cabeça, envergonhada. Não me resta dúvidas de que ela está falando a verdade.

- Julie, você não pensou que eu...

Ela deixa a frase no ar, mas eu permaneço em silêncio, sem ter o que responder.

- Sim, você pensou! Como pôde? Acha que eu tenho um caso com rei Ignatius?- me questiona com a voz alterada.

- Calma Brenda! Em momento algum eu disse isso, só que achei muito estranho o fato do rei ter entrado no quarto e logo após, sorrateiramente, você ter entrado também- falo em minha defesa.

- Mas eu nem sequer conversei com ele lá dentro. Quando eu entrei, ele estava no banheiro tomando banho. Eu apenas arrumei tudo e saí.

- Brenda...

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