Ondas em Rebentação (AMOSTRA)

Capítulo 23

Eu sentei ao lado da Amanda em uma cadeira transparente, que parecia de cristal. Ao nosso redor os outros colegas se acomodaram conforme o ensaio de formatura.

A decoração do salão de cerimônias era um exagero, com luminárias de cristais, plantas floridas e tapete persa decorando o palco onde estávamos. Mas ninguém esperaria menos da West Island High.

Na plateia de dois andares, a alta sociedade do Havaí assistia a formatura de seus jovens herdeiros. As mães trajavam vestidos de alta costura e os pais vestiam ternos sob medida, de grifes europeias. E isso incluía papai Dylan e papai Gabe. Na verdade eles eram os mais lindos e elegantes daquele evento, o que contrastava drasticamente com o tio Alisson, que sentava ao lado deles com um terno de liquidação. Tia Leilani assistia do lado oposto da plateia, ostentando um incrível vestido vermelho. Por ser um evento longo, as gêmeas ficaram com a babá naquela noite.

Eu e Amanda nos entreolhamos empolgados. Ela era muito peculiar, na escola sempre se vestia como uma mendiga, mas quando queria se produzir parecia uma lady. Douglas não tirava os olhos de seu vestidinho preto. E ela parecia adorar isso.

O diretor começou seu discurso, mas a cadeira ao meu outro lado continuava vazia.

Aquele discurso era tão chato, que com certeza foi usado diversas vezes. Juventude promissora, futuro do país, elite da sociedade, blá, blá, blá. Eu queria ver meu Maikon, e minha impaciência acabava com o meu estômago.

"...comprovando, por fim, o comprometimento da West Island High na formação de nossos futuros cidadãos." O velho diretor pigarreou, por trás do púlpito. "Chamamos agora o orador da turma, o senhor..." O diretor arregalou os olhos e gaguejou, causando risadinhas entre a turma. "...senhor Maikon Dolinsky."

Antes que o diretor descesse do púlpito, apoiado em sua bengala, Maikon surgiu dos fundos do palco acenando para o alto, como a estrela que ele certamente era. Ele deu um abração no diretor, quase o desconjuntando, e correu até o púlpito sob risadas e aplausos da nossa turma. Ele ajeitou seu discurso diante do microfone.

Eu aplaudi lentamente, embasbacado com o visual do meu namorado. O terno cáqui contrastava lindamente com a pele de avelã do Maikon, e seu cabelo corria solto e sedoso por cima dos ombros. O corte sob medida deve ter apertado o bolso do tio Alisson, mas que resultado incrível.

Eu não queria parecer um pervertido, mas agradeci aos céus pela zoeira da minha turma, quando elegeu Maikon nosso orador. Eu podia ter visão total daquela bunda gostosa e bem definida. Uma bunda que não escaparia de mim naquela noite.

"E aí meu povo!" Maikon acenou para a plateia totalmente confusa, como se estivesse em um show de auditório. "Valeu por terem vindo, essa formatura tá muito do caralho!"

Papai Gabe era o único acenando de volta, se divertindo muito. Meus tios escorregaram pelo assento querendo sumir ou morrer.

"Em nome da turma, quero agradecer os professores por toda a dedicação e paciência, e também agradecer ao senhor Ignácio, por todas as vidraças que eu quebrei e ele consertou. É uma honra proporcionar trabalho aos nossos imigrantes."

Meus colegas se dobravam para não rir. Eu pedi que Maikon não bebesse antes de escrever o discurso, mas pelo visto era parte da graça. A plateia nem respirava.

"Quero agradecer também ao West Island Bulls, por todas as vitórias no basquete, aos meus colegas, por serem uns zoeiros do caralho, e também ao cara mais perfeito e maravilhoso de todo o mundo." Maikon virou para trás e deu uma piscadinha pra mim. "Eu poderia falar umas indecências aqui, mas vou apenas dizer que Hian Makaira é o raio de sol nos meus dias mais nublados. As indecências ficam pra depois." A última parte ele falou virado para nós, cobrindo o microfone. A turma se matou de tanto rir.