Nota da autora: Este capítulo se passa no finalzinho da história, antes dos epílogos. Espero que gostem! E não esqueçam de ler as notas de autora para uma surpresa a mais ^^
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Eu não deveria segui-lo. Gabe enfatizou tanto seu ódio por mim que minha presença naquele local era uma afronta imperdoável. Entretanto foi impossível evitar. Quando ouvi o maculador conversando com ele pelo celular, meus instintos falaram mais forte que minha devoção.
Quando percebi, eu já havia disparado da casa do irmão do Gabe sem dar explicações. Eles certamente ficariam confusos, afinal prometi jantar com eles, mas aqueles humanos nunca foram a minha prioridade.
Minha prioridade era a segurança do meu predestinado.
Furtivo, eu me encostei na parede externa do restaurante Fleur, já me enfurecendo pela elegância do lugar. Gabe nunca havia me convidado para jantar ali. Aquele lugar era bonito demais, eu deveria chutar as vidraças, destruir todas as mesas e resgatar o que era meu.
Mas então eu espiei para dentro e avistei Gabe, e toda a minha raiva virou dor.
Então era verdade. Ele estava jantando com outro homem, vestido em um elegante terno azul-marinho e com o cabelo bem alisado para trás. Os dois dividiam uma mesinha próxima à janela e recém começavam a comer, enquanto bebericavam suas taças de vinho.
O outro cara eu nunca havia visto. Era bem musculoso para um humano, lembrava os alfas da minha espécie. Um idiota sorridente que não parava de conversar com Gabe. Com o meu Gabe.
Concentrado em sua comida, Gabe não partilhava do mesmo entusiasmo. Ele suspirava quietinho, tão desligado que aquilo nem parecia um encontro. Mas a rosa no canto da mesa não me enganava.
Eu rosnei, mais pela frustração que pelo ódio. Quem aquele cara pensava que era para entediar meu predestinado?
Instintivamente, eu tentei alcançar os sentimentos do Gabe. Se eu sentisse ansiedade ou desconforto, poderia resgatá-lo. Se eu sentisse medo ou raiva, destroçaria o outro cara antes que pudesse gritar.
Mas óbvio que não detectei nada. Eu olhei para a cicatriz no meu pulso e tremi em angústia profunda, me lembrando de que nunca mais enxergaria o coração daquele que amo. Os poderes do chamado já não circulavam no meu sangue pecador.
Para um tritão, ser abandonado pelo chamado era tão grave quanto ficar cego, e infinitamente mais triste. Eu podia apenas vigiar o meu amor de longe, e torcer que Gabe não se encrencasse na minha ausência.
A conversa do outro cara foi perdendo entusiasmo. Eu concentrei minha audição para conseguir escutar.
"Tem certeza que está tudo bem?" Ele perguntou ao Gabe.
Gabe suspirou de novo e descansou os talheres no prato ainda cheio. Ele desviou o olhar para a rosa no canto da mesa.
"Desculpa." Disse Gabe.
"Desculpa pelo quê? Gabriel, você é um homem incrível, o mais lindo que já encontrei naquele site de namoros, e também o mais inteligente, o mais interessante..." O cara inclinou-se na mesa e colocou as mãos sobre as do Gabe.
Meu sangue ferveu em fúria. Por extrema força de vontade eu me mantive quieto naquela calçada escura da beira-mar.
Gabe merecia ser feliz, mesmo que esta felicidade não fosse comigo.
"Desculpa." Gabe repetiu e recolheu as mãos. Ele se levantou. "Eu não consigo."
"Não consegue o quê? Fiz alguma coisa errada?" Perguntou o cara, nervoso e inseguro.
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Ondas em Rebentação (AMOSTRA)
RomanceAVISO: AMOSTRA GRATUITA. O livro completo encontra-se disponível na Amazon. Hian vive com um único objetivo: Tornar-se um grande tritão, e honrar a linhagem de seu amado pai Dylan. Sério e bem decidido, o meio-tritão traça os planos de uma vida...