Eu e Maikon olhamos em todas as direções, embasbacados pelo cenário surrealista.
Contornando o lado interno dos muros, holofotes coloridos giravam e pulsavam, iluminando a multidão de milhares de pessoas. As luzes se mesclavam ao brilho da lua, e o cheiro era uma mistura louca de perfumes, suores, fumaça e álcool.
A música parecia vir de todos os lados, um batidão que acelerava a dança do público. Várias vezes Maikon me salvou de ser pisoteado enquanto tentávamos chegar ao palco.
"Essa é a música do Death Cannibals?" Gritei, me sentindo um saco de batatas após ser arrastado por tanto tempo.
"É uma gravação. O show não começou, ainda tem a banda de abertura."
Meu sobretudo flamulou entre o monte de humanos, muitos deles também tentando chegar no palco. Maikon não se intimidava com olhares feios e com góticos tatuados três vezes o nosso tamanho. Após algum tempo chegamos bem perto e Maikon finalmente me soltou.
Eu massageei o ombro dolorido, e quando enfim me recuperei percebi o olhar do Maikon em mim. Mesmo sob as luzes piscantes eu notava aquele brilho raro, prateado sobre o azul profundo, como um oceano iluminado pela lua. E aquele sorriso só completava a paisagem deslumbrante que era Maikon, meu futuro predestinado.
"Nada mal, queridinho dos professores." Ele acariciou meu rosto, e foi como se houvesse apenas nós dois naquele chão de terra pisoteada. "Você é cheio de surpresas."
Eu sorri com o canto do lábio, e desabotoei o sobretudo.
"Impressionado? Porque tenho mais surpresas de onde veio essa."
Sob o olhar intrigado do Maikon eu deixei o sobretudo ceder aos meus pés. Seus olhos pareceram triplicar de tamanho.
Botas militares, jaquetinha de couro revelando a linha do umbigo, pernas perfeitamente depiladas e um shortinho mínimo, com a cintura tão baixa que revelava os ossinhos salientes do meu quadril. Para completar, gargantilha e pulseira com pinos de metal. Passei horas escolhendo tudo, mas aquele olhar do Maikon compensava o tempo gasto.
"Hian, você... caralho..." Maikon engasgou na própria língua, me olhando de cima a baixo várias vezes.
Eu dei uma voltinha, fazendo questão de rebolar bastante.
"Eu o quê?" Perguntei, lambendo meus lábios.
Maikon me abraçou e beijou meu pescoço, logo abaixo da gargantilha. Pelas longas fungadas, ele curtiu meu perfume de menta.
"Você tá muito, muito, muito gostoso." Ele disse.
Antes que eu agradecesse Maikon grudou nossos lábios num beijo intenso e feroz. Eu lutei pra acompanhar. As mãos dele exploravam a faixa exposta das minhas costas. Eu nunca me senti tão grudado nele.
Maikon chupava meus lábios com tanto gosto, que não percebi um cara bêbado tropeçar ao nosso lado. Ele caiu em cima do Maikon e com o susto ele mordeu meu lábio. Por pouco não desabamos na lama.
"É melhor a gente ir pro canto." Maikon riu, meio sem graça.
Eu concordei, e de mãos dadas abrimos caminho entre a multidão de humanos. Eu não conseguia parar de sorrir. Nunca vi tanta gente, nem ouvi música tão alta, e pelo suor na mão do Maikon ele gostou de verdade das minhas roupas.
"Quer beber alguma coisa?" Ele perguntou, encostando num dos pilares laterais. A maior parte do terreno era a céu aberto, mas agora eu percebia a área coberta do entorno. Era cheia de lojinhas de comida, bebida e... cantos escuros com casais muito apaixonados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ondas em Rebentação (AMOSTRA)
RomansaAVISO: AMOSTRA GRATUITA. O livro completo encontra-se disponível na Amazon. Hian vive com um único objetivo: Tornar-se um grande tritão, e honrar a linhagem de seu amado pai Dylan. Sério e bem decidido, o meio-tritão traça os planos de uma vida...