Capítulo 26

2.2K 275 370
                                    


Nota Inicial da autora

Não esqueçam de ler as notas ao final do capítulo, sinto que a novidade de hoje vai interessar vocês <3

****



Papai Dylan esfregou a testa, precisando sentar à beira da cama. Ele olhou pra mim completamente perdido e consternado.

Atrás dos meus pais, tio Alisson brigava com o Maikon, talvez porque ele transou com o próprio primo, mas provavelmente porque transou com um peixe.

Apesar do cansaço e estresse, papai Gabe segurava o riso.

O tempo todo eu mantinha as mãos cruzadas na frente da cauda, agora toda esgaçada e sem escamas. Papai Gabe teve a bondade de me jogar uma toalha, que eu enrolei na cintura.

"Hian, eu não sei nem por onde começar." Papai Dylan olhou pra minha carinha de anjo e apoiou o rosto nas mãos, suspirando. "Isso foi completamente inaceitável. Um insulto."

"Não aguento seus exageros, Dylan." Papai Gabe sentou-se à poltrona. "Na idade deles nós também..."

"Nunca fizemos um absurdo desses! Não acredito que não está horrorizado!"

"Eu estou horrorizado... por nunca ter pensado nisso." Gabe deixou uma risada escapar. "Os meninos se amam, está bem claro que não vão desistir um do outro."

Papai Dylan ergueu o olhar pra mim, que aguardava meu destino terrível no cantinho da piscina.

"O que você fez não teve cabimento algum." Papai Dylan se levantou. "O corpo aquático de um tritão é sagrado, nossa espécie não funciona assim."

"Mil perdões, papai." Falei, humilhado. "Aceito qualquer punição por essa desonra."

Papai Dylan bufou em frustração, fitando Gabe com o canto do olhar. O olhar que papai Gabe devolveu parecia o de um serial killer.

"Vá ao seu maldito baile." Papai Dylan deu as costas pra mim. "Não há mais nada a ser feito."

"Obrigado, papai!" Eu sorri, eufórico.

"Não me agradeça. Eu falhei como pai." Papai Dylan saiu do quarto, me deixando com papai Gabe. Tio Alisson e Maikon já haviam ido embora e eu nem percebi, de tão nervoso.

Mesmo aliviado, meu sorriso desmanchou enquanto eu saía da piscina. Eu me livrei da toalha encharcada e papai Gabe me alcançou outra, ainda seca.

"Eu sou mesmo uma desgraça, papai Gabe?" Perguntei a ele, me secando.

"Dylan é um exagerado dramático. Não sabe lidar com situações imprevistas." Ele passou a mão no meu cabelo e removeu algumas escamas. "Você mostrou o que quer. De um jeito bem... exótico, vou admitir. Mas você é igualzinho a mim."

"Eu sou?" Eu franzi a testa, surpreso. "Como assim?"

"Você enfrenta qualquer coisa por amor. E o amor é o sentimento mais bonito que existe." Papai Gabe me alcançou um robe e virou de costas enquanto eu o vestia.

"De que adianta sentir amor, se eu fracassar como um tritão?" Deixei escapar, mas a rispidez do papai Dylan realmente me abalou. "Nós não somos iguais, papai Gabe, eu tenho medo o tempo todo. Tenho medo de querer tudo e não ficar com nada."

Papai Gabe me abraçou, sorrindo doce como açúcar.

"É normal sentir medo, Hian. Eu também senti na sua idade, e às vezes ainda sinto. O medo é importante para reconhecermos o que é importante."

Ondas em Rebentação (AMOSTRA)Onde histórias criam vida. Descubra agora