Capítulo 99 - Oceano

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Vários minutos se passaram depois da queda. Um sobrevivente boiava agarrado a um pequeno pedaço da asa do jatinho: Dalton. Ele foi acordando devagar, retomando a consciência.

- Betinha?! BETINHAAA! – Dalton então chamou desesperado.

Ele boiava em pleno mar aberto agarrado aquele pequeno pedaço da asa. Todos os outros destroços ou haviam afundado ou haviam boiado para longe. Chamando pela sua amada, ele olhava freneticamente para todos os lados, até que viu aquele corpo boiando de barriga para cima a alguns metros de distância. Dalton foi nadando até lá sem soltar o destroço. Era Betinha.

- Meu amor! Acorda, meu amor! Fala comigo, por favor, fala comigo!

Dalton batia no rosto de Betinha, mas boiando ali, ela não reagia. Dalton apoiou a cabeça dela sobre o pedaço da asa onde ele se agarrava e fez a respiração boca a boca nela, até que Betinha despertou tossindo muito, assustada.

- Nós sobrevivemos, meu amor. Nós sobrevivemos – Dalton disse abraçando Betinha que agora se agarrava ao pedaço da asa do jatinho junto com ele.

Os dois olharam para os lados. Só viam água, só viam oceano. Sem sinal de Anja ou Dom Lazar ou Cachorro Brabo. Apenas os dois boiando ali em meio à imensidão azul.

Lorenzo voltou para o seu apartamento quando já era noite e trouxe com ele a loira que conheceu no bar. Ele já estava bêbado, mas ela estava sóbria. Lorenzo foi logo tirando a roupa, se jogou em sua cama com a mulher que acabara de conhecer e ela entrou no clima com ele. Eles se divertiram ainda mais naquela cama do que trocando piadas no balcão de bar.

- É a Anja! – no casarão, a senhora empregada disse levando a mão a boca quando ligou a TV.

O noticiário das 20h30 mostrava a notícia urgente da queda do jatinho particular que havia sido identificada. Graças às câmeras instaladas no mini aeroporto, todos os cinco que embarcaram foram identificados e agora eram anunciados em rede nacional como as vítimas da queda.

A moradora de rua, Verônea, com o seu pensamento preocupado focado em Dom Lazar, passou em frente a um boteco sujo e parou quando viu o rosto de Dom Lazar ser exibido na TV velha de 14 polegadas. Logo ficou desesperada quando entendeu no que ele havia se metido.

- É a Betinha! É a nossa Betinha! – Robert Munsh exclamou angustiado vendo a notícia na TV ainda na sua agência de modelos com as recepcionistas.

- MINHA FILHA! – Eldora gritou ao ver toda a notícia na TV.

- Iiiiihhh. Olha lá... – Geraldinho disse se aproximando de Eldora e entendendo a notícia agora também. Ele ainda falava com dificuldade, ainda todo inchado pela surra que levou de Cachorro brabo, cheio de curativos. – A Betinha, o Cachorro Brabo, o amante da Betinha, a tal atriz que odeia a Betinha e ainda um esquisitão que eu não conheço... Quer dizer estavam todos enfiados dentro do jatinho que caiu? Então se espatifou todo mundo no oceano e morreram? É, dona Eldora. A tua filha tem azar com meios de transporte voadores mesmo – e ele riu.

Eldora não pensou duas vezes. PÁ! Ela acertou um pesado tapa no rosto já todo inchado e machucado de Geraldinho, que ainda se voltou para ela pronto para revidar.

- ATREVA-SE! Atreva-se a mexer comigo, que eu vou te ensinar a força que o punho de uma mãe preocupada tem!

E com a ameaça de Eldora, Geraldinho preferiu se afastar.

- É a minha filha, Jerônimo. É a minha menina. Eu não acredito que estou vivendo esse pesadelo de novo, essa sensação horrível de que eu posso perdê-la para sempre – Eldora desabafou e se atirou chorando nos braços do detetive Jocler.

Ele só acompanhava a reportagem da TV. Muito atento.

Passou 21h30... 23h30... 02h30 e em plena madrugada fria, Betinha e Dalton continuavam boiando ali no mar aberto e eles estavam apenas agarrados à borda daquele destroço que era pequeno demais para que qualquer um subisse nele para se livrar do contato com a água tão fria por todas aquelas horas.

- O resgate vai chegar. Alguém vai chegar para nos salvar – Betinha disse enquanto o seu queixo tremia tanto, os seus dentes batiam com o frio.

- Eu... Eu te a--- Eu te am---

Dalton tentava falar, mas ele sucumbiu por estar tantas horas dentro da água fria antes de Betinha. Dalton teve hipotermia e desmaiou.

- Não! Não, meu amor. Não, Dalton. Não faz isso comigo – desesperada, agora Betinha precisava agarrar a borda do destroço com uma mão e segurar o corpo desmaiado dele com a outra para impedir que ele afundasse e se afogasse de vez.

- SOCOOORRO! ALGUÉÉÉM! – Betinha gritava para a solidão imensa do oceano sem respostas.

Os batimentos cardíacos dele diminuíam. Dalton estava morrendo.


Aviso do autor: Bem, para que não sabia, é uma tradição que um autor ou autora que escreve uma novela para TV prepare algum acontecimento bem marcante para o capítulo 100 de sua novela. Afinal, é um número expressivo, né? Parar, olhar e se dar contar "Uau. A novela já tem 100 (CEM) capítulos", então é uma marca especial e o capítulo DEVE ter um acontecimento bem especial. O capítulo 100 dessa novela já chega amanhã às 14h e só estou passando para avisar que vou seguir a tradição dos grande autores de novela da TV e já tenho um acontecimento pra lá de marcante para apresentar para vocês. Preparados? ;) 


A respiração congelada de Dalton depois de tantas e tantas horas na água fria do oceano

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A respiração congelada de Dalton depois de tantas e tantas horas na água fria do oceano. 


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Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200Onde histórias criam vida. Descubra agora