Capítulo 40 - Vadia

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— Você está mentindo. Claro. É a única coisa que você sabe fazer nessa sua vida miserável... Mentir! – Betinha disse abalada para Binho e andou nervosa até à janela do quarto.

— Eu nunca fui tão sincero na minha vida – Binho garantiu.

— Então por que você não me contou antes?! Você é mesmo tão sujo e baixo quanto a tua esposa! – Betinha gritou voltando para perto dele.

— Porque eu a acobertava! Porque eu não via quem ela era de verdade, mas agora eu vejo! Ela até me traiu e...

— Ah, que historinha triste. Vai embora.

— Eu te revelei esse fato tão importante e você nem vai me dizer um "obrigada"?

— SAI DAQUI!

Quando Binho saiu, Betinha se jogou sobre a cama e chorava bastante. A sua mãe entrou e correu para ampará-la.

— Mas o que foi que aquele verme te disse para te deixar nesse estado, minha filha?

— O Dalton, mãe... Ele veio atrás de mim, veio duas vezes e aquela maldita da Tábata sabia e nunca me disse nada. Foi ela, FOI ELA quem permitiu que eu me casasse com o Cachorro Brabo.

— Mas, Betinha, o próprio amigo do Dalton não disse pra você pessoalmente que o Dalton falava de você todo dia?

— Mas é diferente, mãe! Poxa! Uma coisa é ele falar e outra é realmente ter vindo até mim. Isso prova que ele me quer de verdade, do mesmo jeito que eu quero ele. Se eu soubesse que ele tinha vindo atrás de mim... Eu juro, mãe, eu juro que eu não tinha casado. Eu encontrava qualquer outra solução pra dívida, mas eu tinha lutado pelo Dalton.

Betinha desabafou tudo aquilo com a sua mãe e em seguida foi abraçada por ela. Eldora balançava a filha fragilizada em seu abraço e cantarolava uma suave canção, como se ela fosse o seu pequeno bebê outra vez.

Binho voltou para casa.

— Pode ir dizendo aonde você foi, cara. O que foi aprontar pra me prejudicar dessa vez? Fala! Já atirou lá no outro cara e agora o que foi que fez?! – Tábata exigiu assim que ele entrou. Ela estava muito nervosa, agitada e tinha as mãos na cintura.

— Vai se ferrar – foi a única resposta de Binho que voltou a se esparramar na cama.

Anja retornou à clinica onde havia feito o seu exame. Ela sentou-se à frente do doutor no consultório.

— Eu realmente não compreendo. Esse resultado só pode estar errado. Eu não posso ser estéril. Não posso ser! – Anja gritava inconformada para o doutor.

— Bem, senhora Anja, sempre existe a opção de refazer o exame, mas vou ser sincero em afirmar que o resultado nunca erra, então...

— SE EU QUERO ENGRAVIDAR, EU VOU ENGRAVIDAR, DROGA! – Anja gritou no limite de sua raiva, levantando.

— Calma, senhora Anja. Entenda que no seu caso, infelizmente, nem mesmo um tratamento de fertilidade funcionaria em...

Logo Anja não quis ouvir mais. Ela varreu tudo sobre a mesa do doutor com as suas mãos, jogou tudo longe. Em seguida ela começou a quebrar todos os equipamentos do consultório. Anja destruiu o consultório do doutor inteiro e estava tão alterada em seu ódio que o doutor teve até mesmo medo de se aproximar dela.

— Essa clínica DE MERDA! – Anja ainda disse bem alto quando deixou o consultório.

— Meu Deus, doutor. Mas o que foi que aconteceu? – uma recepcionista entrou perguntando horrorizada ao ver toda aquela destruição feita por Anja.

— Nem se preocupe. Aquela mulher é digna de pena. Apenas mande para ela a conta para que ela pague por todos os estragos que fez – o doutor disse e respirou fundo.

No dia seguinte, Tábata trabalhou por mais um dia inteiro fazendo a faxina na clínica e o assunto do dia inteiro foi o showzinho de descontrole que a famosa atriz Anja DellaVinie havia dado ali no dia anterior. Tábata, obviamente, quis saber todos os detalhes da fofoca.

Às 17h Tábata saía do trabalho e retornava para a sua casinha no bairro pobre, mas ela teve uma surpresa naquele fim de tarde. Um motoqueiro capanga de Cachorro Brabo a esperava em frente à sua casa.

— Perdeu alguma coisa aqui? – Tábata enfrentou o capanga sem medo.

— Betinha está solicitando a sua presença lá no casarão – o capanga deu o recado.

— A Betinha? Ela quer me ver? Que história é essa agora? Aquela lá não me suporta. Não quer me ver nem se eu estivesse pintada de ouro. 

— Você é manicure ou não é?

— É. Quero dizer... Sou sim, nas minhas horas vagas.

— Então é bem isso aí. Betinha está mandando que você vá até lá fazer as unhas dela e é agora.

— Isso não está me cheirando bem... – Tábata disse, muito desconfiada.

— Ela mandou falar que te paga R$100 pra que faça as unhas dela. Daí você escolhe. Ou aceita esse bico e garante uma grana legal ou recusa e arruma um problema aí com o Cachorro Brabo por não querer atender a mulher dele.

Assim, mesmo desconfiada, Tábata pegou a sua maletinha com esmaltes e outros itens que precisava, montou na traseira da moto do capanga e foi até ao casarão.

Lá, Tábata andava pelo corredor, olhando para tudo, deslumbrada. Betinha apareceu e apontou para o seu quarto, para onde ela deveria acompanhá-la.

— Isso que é surpresa, hein, Betinha? – Tábata disse se sentindo a maioral e entrando no quarto. – Você pedindo que eu faça as suas unhas.

— As mulheres do bairro sempre disseram que você é muito boa nisso – Betinha disse bem séria andando devagar atrás dela.

— Eu sou a melhor, querida!

— E no que mais você é "a melhor", Tábata? Eu fico me perguntando.

— Eu não estou entendendo.

— Por acaso você também seria a melhor em, por exemplo, mentir feito uma desgraçada?

Nesse momento Tábata arregalou os seus olhos. Betinha só precisou apertar um botão em um pequeno controle remoto e a porta alta do quarto se trancou. Entendendo que se tratava de uma armadilha, Tábata largou a sua maletinha de manicure no chão e correu até ao janelão, mas Betinha apertou mais um botão e todas as janelas do quarto se trancaram também.

— Eu já sei tudo sobre o que você escondeu de mim, Tábata. E agora estamos sozinhas aqui, só você e eu, e você não tem pra onde correr porque chegou a hora de acertar as nossas contas... VADIA!    

Material de trabalho de Tábata

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Material de trabalho de Tábata. O serviço de manicure acaba sendo uma armadilha pela qual ela não esperava.

>>> Continua ... 

Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200Onde histórias criam vida. Descubra agora