Capítulo 151 - Pata

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— Tábata! Tábata! – quem surgiu chamando foi um senhor grisalho usando calça e camisa social. – Eu sou o pastor Abraão e o pessoal da clínica me informou que você receberia alta hoje.

— Ah, sim. Boa tarde, pastor Abraão. Eu me lembro do senhor. Fez tantas visitas a clinica com os seus projetos.

— E eu certamente me lembro de você também. Foi inspirador acompanhar o seu processo de recuperação e mais do que isso a forma como você ajudava todos os outros a sua volta. É por isso que eu vim fazer uma proposta para você.

— Proposta?

— Você já tem algum lugar para onde ir?

— Não. Na verdade eu não tenho.

— Pois então. Eu estou lhe convidando para me ajudar com o meu trabalho voluntário da minha igreja com os dependentes químicos que não têm condições de ter o tratamento numa clínica chique e cara feito essa aí onde você ficou. Você me ajuda no projeto dos dependentes e ganha um lugar para ficar. O que me diz?

— Nossa, pastor. É muita gentileza do senhor. E confiar em mim assim... Ok. Eu aceito – Tábata disse, sorriu e apertou a mão do pastor.

Naquela noite mesmo ela se instalou bem em um quartinho da casinha simples de reabilitação e começou a tratar da dúzia de dependentes internados ali. Voluntariamente.

Também naquela noite, Maria andava de um lado a outra da mansão que Anja abandonou com Malvin. Agora ela vivia sozinha ali. Podia até já ter se acostumado à solidão, mas nunca se acostumaria ao fato de Anja sequer ter se despedido dela, do fato de que há mais de 2 anos não falava com a sua filha, não fazia ideia de onde ela estava e, o pior de tudo, o fato de que hoje a sua filha era uma criminosa procurada internacionalmente ao ser acusada por assassinato e sequestro de menor.

Enquanto Malvin sempre gostava de levar Angelique para o parquinho pela manhã, quando Anja decidia levá-la era sempre de noite, e por isso naquela noite lá estava Anja sentada no banco, de braços cruzados, observando Angelique brincar com as outras crianças mais a frente.

— Aquela ali que é a sua filha? – uma mulher argentina se aproximou de Anja perguntando em espanhol e apontando para Angelique.

— É sim – Anja respondeu, entendia claramente porque era fluente no idioma espanhol desde sempre.

— Tão lindinha e cheia de energia. E você a adotou onde?

— Como é?

— Ah, desculpe se estou sendo invasiva, mas é porque você é branca e ela é tão moreninha, então eu supus que tenha a adotado. Só estou perguntando porque eu tenho uma irmã que está louca para adotar, mas está sendo tão difícil o processo, então se você tivesse conseguido adotar em um lugar que foi mais fácil e pudesse me dar umas informações, eu...

— Quer saber onde eu a adotei? Adotei num lugar bem legal e especial chamado "a puta que pariu". Você quer que eu te passe o endereço?

E logo a mulher se afastou rapidamente de Anja. Também não demorou nada até Angelique viesse correndo chorando até ela.

— O que foi agora? – Anja perguntou sem paciência.

— Mamãe, aquela menina puxou o meu cabelo.

— Ah, e você só vai ficar aqui chorando pra mim feito uma pata choca? Pois volta lá agora e mete um soco na cara da menina. Revida! Filha minha não vai ser uma fracote chorona não.

E Anja fechou a mão pequena da menina Angelique em um punho, ensinou a ela como deveria bater e assim ela voltou para perto da menina e fez. De longe, Anja comemorou, a parabenizou. Sempre a enchia de prazer ter a chance de ensinar Angelique a se comportar como ela acreditava que era corretor ser.

O casamento de Lorenzo e Verônea seguia sendo lindo. A cerimônia foi perfeita, com Verônea usando um vestido de ar tão romântico, com franjas na saia, sem véu, apenas uma simples coroa de joias, e com direito a emoção tanto da parte da noiva quanto do noivo na hora do "eu aceito". A festa foi igualmente linda. Tudo tão azul e branco dentro do salão. O teto mais parecia o céu e em cada mesa um arranjo feito de cristais.

Na mesma mesa onde Betinha e Dalton estavam bebendo, comendo e rindo, se divertindo bastante, estavam também o casal Robert e Reinaldo Ricardo e o advogado Judá que havia levado uma bela moça como sua acompanhante.

Logo chegou a hora de convidados selecionados subirem até ao palco para fazer os seus discursos em homenagem aos recém-casados. Dalton foi o primeiro.

— Meu amigão Lorenzo... O que eu posso dizer? – começou Dalton ao microfone. – Eu fico tão feliz por você não ter se tornado o tiozão encalhado que você temia que iria ser – ele disse e todos no salão riram, até mesmo o próprio Lorenzo. – Hoje, o meu coração enche de alegria ao ver você casado com a tão especial Verônea, a mulher que veio trazer luz à sua vida e eu desejo a vocês toda a felicidade do mundo que tanto merecem ter – ele disse e todos aplaudiram. – É inegável, minha gente, que o amor está no ar hoje. Está por toda parte. Conseguem sentir? – ele perguntou e "siiiiiiiiiimmm", todos os muitos convidados no salão responderam juntos. – Então, talvez seja por isso... – e Dalton tirou a caixinha do seu paletó, exibiu a aliança que agora era mostrada no telão enorme, chocando Betinha. – ou talvez seja simplesmente porque eu sou outro homem muito sortudo, igual ao Lorenzo, que já encontrou a mulher da sua vida que eu quero aproveitar a ocasião tão propícia e as atenções para perguntar... Betinha, meu amor de toda uma vida... Você aceita se casar comigo?

Modelo com o vestido de noiva usado por Verônea durante a cerimônia/ e festa

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Modelo com o vestido de noiva usado por Verônea durante a cerimônia/ e festa.

Decoração da festa de casamento de Lorenzo e Verônea

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Decoração da festa de casamento de Lorenzo e Verônea.


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Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200Onde histórias criam vida. Descubra agora