- Mãezinha do céu... Eu não sei rezar... Eu só sei dizer... Que eu quero te amar... Ô, baratinha, baratinha, da sainha de filó...
Quem cantava aquelas músicas sem nenhum nexo e com voz exagerada era Anja. Ainda no hospício e ainda presa a uma camisa de força durante todo o tempo, agora era assim que Anja passava os seus dias. Andando e rodando pelos corredores do hospício, cantando sobre santas no céu e baratinhas que vestiam saias feitas de filó.
Naquele dia, Lorenzo levava o seu filho, o bebê Pietro Enzo para uma visita muito especial. Lorenzo entrava agora no quarto com o bebê em seus braços. Eles entravam no quarto de Verônea. Lorenzo aproximou o bebê da sua esposa. Deitada naquela cama, ainda em estada vegetativo, Verônea tinha os seus olhos abertos, mas não movia o olhar, não falava, não respondia á nada. Em breve já completaria 9 meses que ela vivia naquele estado.
- Veja o nosso meninão, meu amor. Ele está crescendo. Ele parece tanto comigo, quanto com você. Ele tem os seus olhos. O nosso Pietro Enzo vai crescer para ser um forte e bonito meninão que vai nos encher de orgulho. Diz "oi" pra mamãe, Pietro. Oooiii.
Lorenzo tentava sorrir, mas ainda não se acostumava a ver a sua amada Verônea naquele estado, presa em estado vegetativo naquela cama. O seu coração ainda doía.
Na mansão, Dalton, Betinha, Maria e Sabrina tomavam o café da manhã todos juntos à mesa. Antes de deixar o cômodo após terminar de comer, a menina Sabrina ainda surpreendeu a todos quando pulou nos braços de seu pai Dalton e deu um beijão na bochecha dele, aceitou o seu amoroso abraço de pai.
- Será que a mamãe também pode ganhar um beijo e um abraço gostoso desses? – timidamente, Betinha ainda perguntou, mas a menina Sabrina a olhou com uma cara emburrada e partiu de vez.
- Se eu levasse um tiro no peito doeria menos – Betinha falou então afastando o seu pratinho de porcelana com omelete e bacon. Perdeu a fome.
- Não fica assim, meu amor – Dalton a disse.
- Ela já aceita você. Então por que ela me odeia ainda?
- Amor, ele nem me chama de pai ainda. Ela só se apegou a mim. É só um princípio.
- Ela irá reconhecer vocês dois como os pais dela como são. Você vai ver – a senhora Maria adicionou.
Quando todos terminaram o café, Sabrina foi para a escolinha do jardim de infância, Dalton foi para a sua empresa, Betinha foi para a sua agência de modelos e Maria foi ver TV. Assim que ela ligou a TV o que Maria viu foi uma reportagem que noticiava que Malvin estava voltando para o Brasil. Aquela não foi uma notícia que fez bem à Maria. Na reportagem falavam sobre o incidente com Malvin, o seu rosto deformado pelo óleo fervente, declaravam Anja como a louca criminosa responsável e então Maria foi obrigada a desligar a TV. Ela sentia-se mal relembrando tudo aquilo.
Malvin agora esconde o seu rosto deformado o máximo que pode.
Com a cabeça cheia, Maria saiu e foi andar pelas ruas. A senhora caminhou e caminhou até que se percebeu entrando dentro daquela igreja evangélica. Maria sentou-se em um dos bancos e logo o pastor responsável pela igreja veio até ela. O pastor Abraão, aquele que já havia estendido a mão para ajudar Tábata um dia.
- Sente-se bem? – pastor Abraão a perguntou.
- Não por dentro.
- O que a atormenta?
- O passado – Maria o respondeu.
- Pois não deveria permitir que o passado a atormente. Nada mais pode ser feito quanto ao que já passou.
- Mas a dor continua bem viva aqui dentro, no presente. E foi a minha filha. Ela se transformou em uma pessoa horrível que faz coisas horríveis e eu sempre me culparei por isso, porque eu sou a sua mãe.
- Há uma passagem na bíblia que diz que no dia do julgamento final... Pais não serão capazes de salvar filhos e filhos não serão capazes de salvar pais. Ela é ela e você é você. Pode orar por ela, pedir que Deus a modifique... Mas é só o que pode fazer.
- É triste, é muito triste admitir, mas... Eu acho que a minha filha, a minha Anja não tem mais jeito. Para ela não existe mais esperança de salvação.
- E isso é só Deus quem sabe – pastor Abraão concluiu e o seu único intuito era acalmar e confortar Maria.
Na casa de mais um ricaço, Carla meteu uma faca nas costas do homem enquanto ele esperava por ela já totalmente nu sobre a cama e seguiu o seu novo hábito de invadir as gavetas da vítima em seguida para roubar o que ele tinha. Mas o que Carla não viu foi que logo antes de morrer, o homem ferido apertou aquele botão silencioso ao lado da cama. Assim, dentro de dois minutos um segurança alto, forte e armado, arrombou a porta do quarto, invadiu. Carla se virou assustada, as suas mãos cheias de joias.
- FIM DE LINHA, PIRANHA! – o segurança do ricaço gritou apontando o revólver para ela.
Carla havia sido flagrada.
O segurança flagra Carla depois que ela mata o seu chefe rico e agora Carla está na mira da arma.
> > > Continua . . .
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Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200
Romance- Indicado ao 1º Prêmio Wattpad Brasil ( #WBr2018 ) - 2 indicações ao ADA2018 (Prêmio Da Academia De Artes Literárias) Betinha é uma jovem que vende vassouras pelas ruas para garantir a compra da sua passagem para uma viagem internacional. Ela plane...