Capítulo 49 - Sarjeta

298 37 13
                                    


Betinha preparou uma surpresa para Cachorro Brabo naquela mesma noite. Ela cobriu a cama de pétalas de rosas vermelhas e o aguardou deitada sobre ela usando a sua camisola mais provocante.

Cachorro Brabo passou o dia inteiro resolvendo questões do seu negócio de agiotagem e quando ele entrou no quarto, com a cabeça ainda quente com todos os problemas a resolver (gente para cobrar, policias e políticos que precisava subornar; pagar propina para que não mexessem com ele) ele se sentiu recebendo a melhor surpresa do mundo ao ver aquela cena armada por Betinha.

—Eu... Eu estou sonhando? – Cachorro Brabo perguntava se aproximando da cama todo bobo.

— Você faz tanto por mim, sempre, todos os dias e eu nunca fiz nada por você desde o início desse casamento, então...

Cachorro Brabo começou a chorar, realmente emocionado. Betinha nem acreditava. Ela tinha aquele homem musculoso e tatuado de dois metros de altura chorando à frente dela como um bebê.

—Você também me quer como eu te quero, gata – ele disse tirando a roupa. – Você também me quer – e ele deitou-se na cama, nu, com ela.

Uma hora depois do seu ato de amor, Cachorro Brabo ainda estava abraçado a Betinha.

—Foi realmente um momento especial pra mim que eu nunca vou esquecer, minha gata – ele a disse.

—Tem só uma coisa. Uma coisinha que eu queria te pedir.

—Pede. Tudo. Pede. Você quer que eu compre uma ilha e coloque no seu nome? Quer um casarão novo? Quer a lua? Qualquer coisa.

— A agência de modelos está me mandando para um trabalho no Egito e eu quero que você me deixe ir.

—Espera... Egito? O país?

— E por acaso existe outro?

— Porra, Betinha! Não. NÃO! Isso aí fica longe pra cacete!

—Vai ser só por uma semana. Uma semana.

—Eu não estou acreditando que você montou toda essa cena aqui só para me...

— Ei! Pode ir parando. Nem se atreva a me acusar de ter forçado tudo isso aqui só pra te convencer. Foi um ato sincero meu. Ok? Fiz porque estou tentando me acertar com esse casamento. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Se pedi agora é porque não tenho muito tempo pra ficar prolongando isso. Vai. Deixa.

— Com uma condição.

— Ai, meu Deus, eu até já sei que você vai pedir que...

— Que será a última.

— O quê?

— É isso mesmo o que você ouviu. Eu deixo que você seja modelo lá no Egito por uma semana com a condição de que será a primeira e também a última viagem que você faz pra fora do país. Mulher minha não vai ficar perdida por outro continente longe de mim – Cachorro Brabo concluiu.

Enquanto Betinha conseguia um acordo, Binho saía de casa.

— E agora vai pra onde? Vai desenterrar intrigas com mais gente que me odeia pra continuar a me atacar? Qual é o próximo passo da sua vingancinha barata de corno com orgulho ferido? – Tábata perguntou ao marido, mas Binho saiu sem respondê-la.

Tábata seguiu Binho sem que ele percebesse. O destino dele foi um bar. Binho bebeu e bebeu e Tábata ficou observando de longe o tempo inteiro. Quando Binho já estava completamente bêbado, ele saiu cambaleando do bar. Ele seguiu para os fundos do lugar e Tábata correu até ele. Tão bêbado, Binho caiu na calçada. Tábata não pensou duas vezes. Ela rolou o seu marido bêbado e pançudo da calçada até ao meio-fio da rua e o deixou deitado de bruços sobre uma poça de água suja da sarjeta. Tábata segurava a cabeça do marido pelo cabelo curto e começou a afogá-lo cruelmente naquela água de sarjeta.

— Você queria me atacar, amorzinho? Jogar gente perigosa contra mim pra me destruir só pra você vingar o par de chifres que eu coloquei em você? Então agora é guerra... E eu é que não entro em guerra pra perder.

Então Binho parou de se mexer e Tábata largou a sua cabeça assumindo que ele estava finalmente morto. Ela correu para longe dali. Ainda passou um minuto inteiro quando Binho permaneceu imóvel ali com o rosto afundado na água de sarjeta, até que o carro passou e parou ao ver a cena. Quem saiu de dentro do carro foi Lorenzo que, com o seu senso natural de ajudar o próximo, correu até ao homem e o rolou para fora da água. Foi quando Lorenzo o virou que constatou que era Binho, o marido da mulher que havia sido a amante dele, o mesmo Binho que havia dado uma surra nele, pelado, no meio da rua ao flagrá-lo com a sua esposa. Lorenzo viu que Binho ainda respirava, mas era uma respiração muito fraca, quase parando. Entendeu que ele só sobreviveria se ele levasse Binho para o hospital imediatamente, mas foi impossível que aquele questionamento não passasse pela sua cabeça em tal momento: Deveria ou não salvar a vida do marido da sua amante que havia o agredido e humilhado?

 Entendeu que ele só sobreviveria se ele levasse Binho para o hospital imediatamente, mas foi impossível que aquele questionamento não passasse pela sua cabeça em tal momento: Deveria ou não salvar a vida do marido da sua amante que havia o agredi...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Binho, o marido traído, vingativo, pançudo e bêbado de Tábata. Agora a vida dele está nas mãos de Lorenzo, mas... Lorenzo o salvará? 


>>> Continua ... 

Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200Onde histórias criam vida. Descubra agora