— Eu não estou acostumada com essas coisas não, cara. Isso de turbulência eu só vi em filme – Betinha disse para Dalton ainda abraçada a ele.
— Calma, mocinha. Calma. Isso passa.
E passou. Apenas um minuto depois. Foi quando Betinha se percebeu abraçando Dalton. Percebeu o quanto parecia frágil da forma como odiava parecer e logo se afastou.
— Já fico feliz se eu fui capaz de acalmar você.
— Ih, não vai se achando – Betinha disse e cruzou os braços.
— Por que você é assim tão briguenta? – e Dalton permanecia a olhando, maravilhado.
— Você não sabe nada sobre mim.
— Isso é uma grande verdade. Não sei mesmo. Então me conta. Me fala sobre você. Para começar... O que te leva até Nova York?
— Como assim o que me leva? O meu desejo de ganhar bem, ter condição de dar uma vida boa para a minha mãe. Quero encontrar emprego lá, fazer a minha vida. O que mais seria? E você vai fazer o que lá, por acaso?
— Bem, eu só tenho 20 anos, mas já sou dono da minha empresa. Sou sozinho nesse mundo. Logo, eu foco a minha cabeça só nos negócios e estou abrindo agora a primeira filial dos meus negócios lá em Nova York.
— Ah, claro, claro. Está indo até lá alimentar o seu pônei americano e passar um tempo no seu castelo com paredes de cristal. Claro.
Dalton riu bastante.
— Você é incrível – Dalton continuou e pela primeira vez conseguiu até mesmo ter um sorriso dela em retorno.
Passou mais uma, uma hora e meia e Dalton e Betinha já riam e passavam bons momentos juntos. Falavam de seus sonhos, seus gostos, compartilhando seus objetivos. Mesmo sendo tarde da noite, Dalton solicitou que a aeromoça trouxesse vinho e amendoins e assim foi feito.
— Então é isso. Acho que já é hora de voltar para o meu assento – Dalton disse.
— Já se cansou de mim?
— O meu sono chegou realmente. É só isso.
— Que elogio, hein? Eu te dei sono? Como sou interessante. Parabéns para mim.
— Sua doidinha – ele disse se levantando. – Conversamos mais pela manhã?
— Vai lá dormir, dono de pôneis que comem ouro. Até amanhã – Betinha disse implicante e de forma surpreendente até aceitou o beijo que ele deu em sua bochecha.
Dalton retornava para a sua poltrona na primeira classe, feliz e pensando em Betinha a todo instante, até que aquela mulher loira, com ares de miss de campeonato de beleza o puxou pelo braço e o obrigou a se sentar ao lado dela.
— Opa! Desculpa, eu... Nós nos conhecemos? – ele a perguntou confuso.
— Todo mundo me conhece, gatão.
Dalton olhou bem para a mulher então. Claro. Era Anja DellaVinie, a atriz principal da novela das 21 horas.
— Anja DellaVinie. Uau. Eu...
— É um fã? Claro que deve ser. Também gosta de mim? Porque então esse é o seu voo da sorte, gatão – Anja seguia falando bem baixinho, só para ele. – Estou de olho em você desde o embarque. Você é um gato! Está aprovado no meu controle de qualidade. E olha que eu sou bem exigente, hein? Topo ficar com você. Vamos?
A famosa Anja simplesmente se jogou sobre ele. Ela já beijava o seu pescoço, mas Dalton, meio desconfortável só pensava na briguenta Betinha lá na classe econômica.
Betinha tentava dormir, mas o homem gordo e abusado que tentou tê-la a força antes passou caminhando no corredor bem ao lado dela. O homem ainda ousou encará-la. Betinha, destemida como sempre, ainda mostrou o seu punho para ele, balançou o punho no ar ameaçando como quem dizia "Vem tentar gracinha de novo. Vem que tem!" e ele seguiu o seu caminho. Betinha notou que o outro homem careca e de olhos azuis, aquele sim que lhe dava medo, continuava a espiando. Ele se levantou agora. Não! Vinha na direção dela e agora Betinha não sabia o que fazer. Chamar a aeromoça, encarar o estranho sozinha, chamar... Dalton?!
O homem careca exibiu um sorriso de maníaco para ela, estava prestes a tocá-la quando o avião balançou inteiro de novo e dessa nova vez balançou tão forte que derrubou o homem careca no corredor e acordou ao mesmo tempo todos os passageiros.
Betinha agarrou a poltrona a sua frente em desespero. As máscaras de ar caíram do alto e todo mundo gritava agora.
— Não é turbulência. Está caindo! O avião está caindo! – Betinha gritou.
— Meu Deus! Meu Deus! – a atriz Anja abraçava Dalton apertado, colava o seu rosto desesperado no pescoço dele.
Mas Dalton levantou, correu de volta para a classe econômica. Os olhares de Dalton e Betinha se encontraram em meio aquele caos. O avião desceu de uma só vez, todo mundo foi atirado para frente, voaram para fora de seus assentos com violência. Caiam.
>>> CONTINUA . . .
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Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200
Romance- Indicado ao 1º Prêmio Wattpad Brasil ( #WBr2018 ) - 2 indicações ao ADA2018 (Prêmio Da Academia De Artes Literárias) Betinha é uma jovem que vende vassouras pelas ruas para garantir a compra da sua passagem para uma viagem internacional. Ela plane...