Capítulo 136 - Esquecer

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Dom Lazar lutou. Ele se debateu, bateu nos fiéis e conseguiu se levantar. Ele não só correu para fora da igreja, como fugiu de uma vez do casarão, para bem longe, para não voltar mais. Desapareceu.

Enquanto a multidão de fiéis ia deixando a igreja, desanimados e cabisbaixos, Geraldinho ia vendo tudo do alto com alguns capangas. Ele estava numa espécie de camarote e agora estava devastado.

— Não. Voltem aqui! – Geraldinho ainda chamava inutilmente. – Ele vai voltar! Ele é o salvador de vocês. É o salvador rei! Fiquem! Fiquem!

Logo Geraldinho estava ali arrasado, devastado, vendo a igreja completamente vazia. Era o fim do seu negócio tão lucrativo.

— É errado já pensar nele? Já pensar no nosso bebê que virá? Você acha que faço mal em já me encher assim de expectativa? – deitado em uma rede e abraçado a Reinaldo Ricardo, Robert o perguntava porque haviam conseguido entrar oficialmente na fila para adotar.

— Um bebê? Mas pra você tem que ser obrigatoriamente um bebê?

— Não. Digo... Claro que não. Eu sou a pessoa mais livre de preferências desse mundo. Que seja um bebê ou uma criança ou um pré-adolescente. Eu não me importo. Só o que conta aqui é todo o amor que teremos para dar para ele... Ou para ela.

— Seremos ótimos pais. Não seremos? – Reinaldo Ricardo perguntou e olhou no fundo dos olhos de Robert, tão amoroso. As pontas dos seus narizes se tocaram.

— Seremos – Robert respondeu e eles respiravam esperança, felicidade e otimismo.

Tábata havia gastado até o seu último centavo com mais uma dose de droga. Ela sabia que não aguentaria esperar até conseguir juntar dinheiro novamente para comprar de novo, então ela se arriscou em um movimento perigoso. Tábata foi mexer nas coisas de outra moradora de rua perto dali, roubou a droga da mulher e injetou em si mesma. Ela ainda apreciou os momentos prazerosos do efeito da droga. Só durava alguns poucos minutos. Quando estava lúcida outra vez foi quando a mulher dona da droga apareceu.

— Mexeu nas minhas coisas? ROUBOU A MINHA DROGA?! Sua piranha ladra! Eu vou moer você inteira! – a moradora de rua roubada por Tábata gritou para ela.

A mulher já puxou Tábata pelo cabelo, a levantou e elas ficaram de pé ali trocando tapas, socos. Elas se empurravam, puxavam a roupa uma da outra, seguravam os braços uma da outra, se arranhavam. Quem passava só olhava e nada fazia para que tudo aquilo parasse.

— Você é linda. Eu podia passar o dia inteiro olhando pra você – por mais uma vez Lorenzo se declarou para Verônea, deitado ali no tapete da sala com ela. Ele a beijou. Haviam acabado de transar ali mesmo sobre o tapete. Não esperaram chegar até ao quarto.

— Você foi o melhor presente que eu já recebi nessa vida. Eu te amo tanto, tanto. Eu já vivi na rua, já apanhei, já amei errado, já fui rejeitada, humilhada, chorei, esperei por tempos melhores, perdi a esperança, recuperei a esperança... E daí veio você. O meu príncipe. Um verdadeiro príncipe. É isso o que você é. E logo quando já fazia um bom tempo desde que eu deixei de acreditar que príncipes podiam ser reais fora das histórias, das novelas. Será que eu mereço mesmo você, Lorenzo? – Verônea o perguntou.

— Você é minha... Eu sou seu... Nós somos nós. Para sempre – e então eles voltaram a se beijar. Logo voltaram a se amar. Era quente, era urgente, era paixão. Era amor.

Betinha deixou o hospital com a sua pequena bebê Sabrina. Dentro do lindo e perfeito quarto dentro da mansão cheio de cor de rosa, de luxo e conforto, Betinha repousou a adormecida bebê Sabrina tão delicadamente dentro do berço e ali reunidos com Betinha estavam Dalton, Eldora e Jocler.

— Você já a amamentou. Certo? – Eldora perguntou sendo uma vovó cuidadosa.

— Já sim, mãe – Betinha respondeu e mesmo com a sua filha dentro do berço ela continuou a acariciando. – Jocler, obrigado mesmo por ter acionado a polícia e me salvado do ataque daqueles homens.

— Eu não fiz nada além da minha obrigação – Jocler disse e sorriu para ela.

Dalton puxou Betinha gentilmente para perto dele.

— Meu amor, você precisa ir descansar. Eu vou encher a banheira pra você. Que tal? Eu preparo um banho de banheira bem relaxante, com bastante espuma, bastante sais. Você passou por um parto tão traumático.

Mas Betinha deixou de ouvir Dalton, porque agora ela caminhou até uma mesinha e recolheu aquele enfeite. Duas bonequinhas de porcelana. Em uma estava escrito o nome Sabrina e no outro o nome Suelen. E assim Betinha chorou, chorou bastante pensando em sua Suelen que não teve uma chance de viver.

— Betinha, minha filha... Eu sei que é muito difícil, mas você precisa... – Eldora começou a dizer e tocou o ombro dela.

— Eu já sei, mãe. Já sei. Nem precisa dizer. Eu parei. Já parei – e Betinha esfregou o seu rosto todo com as suas mãos, limpou todas as lágrimas. – Essa é a última vez que eu chorei pela minha Suelen e que ninguém se engane achando que eu nunca mais vou chorar por ela porque vou esquecê-la. Muito pelo contrário. Nunca vou esquecer. Mas agora ela é uma estrelinha lá no céu e eu não vou permitir que ela olhe aqui pra baixo e veja a sua mãe chorando como uma fraca derrotada – Betinha então se virou para todos, abriu bem os seus braços, sorriu. – É, minha gente. Sabe como isso se chama? Se chama "vida". Olha só pra gente... Já fomos enganados, torturados, feridos. Já sofremos, já rimos. Mas o que eu vou dizer agora que uma das minhas filhas morreu antes mesmo de nascer? Vou dizer que a minha vida está "pesada demais", que não vou continuar seguindo em frente porque estou com medo? Parar porque acontece mais agressão, porque eu levo mais rasteira do que momentos felizes? Não. Isso é papo de gente covarde, que não aguenta segurar a barra. Eu sofri? Sofri. Mas é assim que é. É assim que é. E se eu já era forte, vou ser ainda duas, três vezes mais forte pela minha Sabrina. Ela vai crescer e vai aprender que nessa vida não existe lugar pra gente que choraminga dizendo que tudo está pesado demais. Eu vou ensiná-la que a vida é pauleira mesmo, que viver é matar um leão por dia mesmo. E querem saber? No final... Tudo vai ficar bem. No fim tudo dá certo e se ainda não deu certo... É só porque ainda não é o fim.

Betinha sorriu. Queixo erguido. Enquanto a bebê Sabrina dormia como um anjinho dentro do berço, os quatro deram um grande abraço caloroso e coletivo.

No dia seguinte, Dalton foi trabalhar em sua empresa e falava sobre a sua bebê Sabrina o tempo inteiro e para todos os seus empregados. Ele era um verdadeiro pai-coruja, todo orgulhoso, com um sorrisão, mostrando fotos dela em seu celular. Quando ele estava concentrado com uma papelada em seu escritório foi quando um visitante totalmente inesperado chegou: Malvin. Dalton o reconheceu imediatamente como o ruivo amante de Anja, mas permitiu que ele se sentasse mesmo assim. Estava curioso.

— Dalton... É o seguinte. Eu serei bem direto. Eu sei de tudo. A Anja sempre me contou que você batia nela, o marido monstruoso que era e eu vim até aqui unicamente para comunicar que a Anja vai se casar comigo e que eu nunca mais vou permitir que você se aproxime daquela mulher indefesa para fazer mais mal – Malvin o disse.

Dalton ficou de boca aberta então; chocado com o que ouvia.

— EU batia na Anja?! A Anja é INDEFESA?! Como é que é?

Tábata (de blusa azul na foto) rouba a droga de outra moradora de rua e agora apanha da mulher

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Tábata (de blusa azul na foto) rouba a droga de outra moradora de rua e agora apanha da mulher.


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Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200Onde histórias criam vida. Descubra agora