2: O início

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Saímos e andamos em direção ao túnel. Ouvimos rosnados ao fundo, olho para Mari, e ela acena com a cabeça, viro-me, fecho os olhos e sinto o som, vem da direita, corro rapidamente para alcançá-los. Mas não vejo nada além deles, quatro para ser exato, rosnando em direção a uma árvore, poderia acabar com os três facilmente, um pulo direto na nuca do lobo do canto, um giro em direção a nuca do outro, e por fim, um golpe certeiro na cabeça do outro e o ultimo provavelmente sairá correndo. Faço isso, e o ultimo deixa de dar atenção a arvore e se volta para mim.


Após o segundo, meu segundo passo para trás, um homem, ligeiramente pequeno, e com olhos profundamente marcados cai na cabeça do lobo. Ele lembra um Panda.


- Você estava frito.


- Eu acho que o lanche estava estragado.


- Pode ser, tinha Bacon?


- Ok, acho que estou louco.


- Por que?


-Só porque um homem que parece um panda cai em cima de um lobo ao invés de correr? E mais uma coisa, por que raios você estava em cima de uma árvore?


- É, faz sentido. Bom na verdade a arvore é uma longa história.


Isso foi muito estranho. Bem mais que o normal... Vejo Mari chegar, acho que...


- Tony, está bem?


- Sim ele está - Responde o homem.


- Eu...


Vejo o corpo de Marina cair no chão, pálido.


- De novo não...


- Ela desmaiou.


- Percebe-se


Levo Mari para a casa dela, deito-a em sua cama, e puxo a poltrona ao lado, para observa-la. Eu saio por um minuto, vou ao banheiro. Ouço a gritar. Chego no quarto e vejo o homem ao lado dela, e ambos estão dando risada. Fico tranquilo, mas mesmo assim, me faço de durão.


- Pode começar a falar.


- Bem, meu nome é Pan



Memórias - Pan



Bem, tudo começou a cerca de três anos, foi nessa época em que fui capturado, e levado ao C.T.12, Centro se Testes 12, e lá no começo era bom, eu fazia o que queria, ganhava todos os livros que queria, comia bem, então tudo piorou. A primeira coisa que fizeram em mim foi adicionar um composto base de células tronco ativas em minha medula, isso possibilitou que eu me recuperasse de feridas relativamente graves em muito pouco tempo. Esses testes, eu quase morri, mas eles não quiseram me matar, acho que algum potencial viram em mim, então o pior de tudo chegou, um composto de carbono desenvolvido por eles regenera células rapidamente, basicamente ele aumenta a divisão celular original, ou seja, um soro milagroso que cura feridas, eles injetaram uma parte do soro concentrado em minha medula, isso resultou em células tronco ativas, e ainda foi implantado artificialmente, uma transferência direto em meu cérebro de memórias de um cientista, vocês devem ter ouvido dele: Marco Mantes. Então tenho conhecimentos médicos extremamente atualizados, enfim, foram três anos de tortura intensa. Se não se importam, eu não quero falar mais sobre isso.



***



- Marco Mantes? - Murmurou Mari.


- Conhece? - Perguntei


Ela acena com a cabeça.


- Qual o conceito de cura? Digo, a cura eficiente realmente.


- Um composto de Carbono que estimula a criação de células.


- Ele fala a verdade. Isso somente é revelado para estudantes e professores.


- Bem-vindo Pan! Quer comer? - Ofereço


Ele fica assustado.


- Mas vocês não têm medo de mim?


- Por que teríamos? - Questiona Mari


Pan começa a lacrimejar, e disfarço.


- Vamos jantar.


Levantamos e descemos as escadas, vamos para a cozinha, onde Mari começa a preparar uma janta


- O que você come?


- Não sei. - Pan responde.


- Como assim?


- Eu simplesmente tomava um preparo de vitaminas e carboidratos na medida certa, não tinha gosto.


- Vou fazer broto de bambu.


- O que é isso?


- Você vai gostar.


Rio, é engraçado uma amizade assim, mas assim é melhor, conhecer a pessoa com o tempo.


- Mas só você fugiu? - Pergunto


- Bem, um amigo meu fugiu também, mas nos perdemos depois do segundo dia. Era uma companhia boa, ele me defendia e eu cuidava dele.


- Vamos procura-lo - Exclama Mari


- Ele nos encontrará.


- Como você tem tanta certeza?


- Ele é um Lobo, metaforicamente logico, mas, ele é um tanto...


- Um tanto?


- Bem, entre aspas, ele é parecido com ele. - Pan aponta para mim.


- Comigo? - Me assusto.


- Sim, o perfil físico. Alto, magro e forte, e um tanto excêntrico.


- Entendo, mas quanto a que nas você diz excêntrico... - Marina pergunta


- bem digamos que ele é um guerreiro.


- Sim, mas que tipo de habilidade ele tem? Se ele te protegia...


- Espadas.


- Mas do que você viu quando eu salvei você? - Perguntei.


- Em situação estratégica, você é melhor, mas num duelo, acho que um empate seria no esforço máximo de ambos.


- Impossível. - Como ele pode ser melhor? Eu fui treinado pelo meu avô, treinador da resistência, ele era a base da resistência.


- Tony, acalme-se, não deve ser verdade - Mari disse.


- Mas, ele disse que ele recebeu memorias.


- Sim, de um guerreiro resistente, mas somente as técnicas de combate.


Meus olhos começam a lacrimejar, será possível? Meu avô não morreu realmente? Eu posso revê-lo?


Mari olha em minha direção, puxa um lenço e enxuga o canto de meu rosto, que ficou molhado pela lagrima.


- Vamos acha-lo. - Mari exclama animada.


Aceno com a cabeça.


Ela se vira, e pega a panela, que na verdade não havia percebido, mas está com um cheiro delicioso, agridoce.


- O que vai ter hoje na janta? - Pergunto


- Sashimi.


- Fazem anos que não como uma comida decente. E o cheiro esta maravilhoso. - Pergunta Pan.


- Obrigada. Você vai gostar, garanto - Marina


Ela traz a tábua de madeira com os peixes e brotos de bambu. Pan puxa um broto, e lentamente o põe na boca, seus olhos arregalam, sua boca saliva, e vejo-o colocar uns 30 brotos de bambu na boca. Mari e eu rimos.


Percebo um feixe de luz pela janela, ele some, parece um laser, é um aviso.


Uma Questão de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora