11: Um certo contratempo

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Acordo, vejo o teto, coberto de pinturas, Tony pintava aqui. Eu me lembro de quando ele teve a ideia de fazer isso.



Memórias Mari



- O que você está pintando?


- Uma releitura modernista do quadro Mona Lisa de Da Vinci.


- Sei.


- Eu estou brincando Mari! - Sorriu


- E eu não sei?


- É um mangá de uma pessoa muito importante para mim.

- Ele é fofo.

- A diretora!


Fasso uma careta. Ele gargalha.


- Idiota.


- Eu não podia perder essa piada!


- Mas quem é?


- Adivinhe!


Vejo o papel, há uma garota, parece ser um pouco mais alta que o normal. Tem cabelos castanhos escuros, olhos azuis, e uma pele lisa, que parece de uma criança, ela segura uma flor com um grande sorriso, e na flor há uma borboleta, eu fiz isso há alguns dias no caminho para o CoolBar. Eu peguei uma flor, e uma borboleta pousou nela. Agora que observo, está idêntico ao lugar, o mesmo arbusto, o mesmo caminho, a mesma pedra que eu sentei.


- Isso é incrível!


- Obrigado, eu não achei que estava tão bom.


- Bom? Isso está basicamente perfeito, até os detalhes.


- Eu não reparei, fui lembrando e fazendo.


- Qual a técnica?


- Aquarela.


- Por que você não faz isso no quarto de hospedes?


- Eu...


- Ia ficar muito bonito! Sem brincadeira.


- É, pode ser.


***


Levanto, tiro o pijama, estou com uma aparência cansada, e vários hematomas em meu corpo. Fito cada um deles, alguns tem mais de cinco centímetros de diâmetro. E outros se ligam, criando hematomas gigantescos. Ponho o uniforme do colégio, desço a escada, e vou para a cozinha. Faço o café. É esquisito Tony não estar tomando café junto, acabo comendo menos quando ele não está. Saio pela porta da frente. Vejo Amanda sair de sua casa também. Espero-a chegar, vamos andando juntas até a escola.


- onde está Tony?


- Eu... Ele me disse que.... Estava.... Passando mal.


- Entendi.


Essa foi por pouco, deveria ter imaginado que as pessoas perguntariam. E vão mesmo. Andamos até a escola, entro pelo portão principal.


- Até Marina


- Tchau Amanda


Ela é de outra sala, mas como morávamos na mesma rua achávamos que íamos estudar na mesma sala, mas não foi o que aconteceu, ela preferiu fazer o médio voltado para sistemas, o que sei basicamente é que esse ensino é para defender invasões hackers. Todos me olham como se eu estivesse infectada com uma doença mortal, gente, Tony não veio hoje porque está passando mal.


- A princesinha do Tony hoje está sozinha? - Risos esdrúxulos atrás de mim.


- Pode até ser, mas pelo menos não tenho uma verruga no nariz. - Viro-me sorrindo para a idiota.


- Vaca. - Ouço o sussurro.


- Acho que me confundiu com sua mãe.


A garota fica vermelha de raiva, suas veias pulam, ela quer vir para cima, se acontecer, vou deixar, eu recebi o primeiro golpe, na diretoria eu posso ser livrada da acusação. Abro um sorriso para ela.


- Mari, eu não acho que essa seja a melhor ideia. - Ouço Amanda me dizer baixo perto do ouvido.


- Tem razão - Eu seria descoberta, meu treinamento não envolve briga de mãos, mas delataria pela minha velocidade de desvio.


- Vamos. - Amanda calmamente diz - Verruga, vai para sua sala ok?


- Essas vacas. - Ouço ela gritar ao fundo seguido de risos enquanto cada grupo vai para um lado.


- Enfim, eu sei. Eu sei de tudo. O real motivo de Tony não ter vindo hoje.


O que ela é? Espiã? Curiosa?


- Não sei do que você está falando.


- Martin me contou.


- Ótimo, ja pensei no pior. - Respiro aliviada.


- Eu não pensei direito como te contar, isso vendo depois que eu falei, ficou realmente assustador.


Uma Questão de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora