37 - Uma conversa Diferente

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Narração: Karina

"Acertar as contas, uma maneira fácil de dizer que a vingança será realizada. Uma linda idealização do ódio latente na instituição humana. 

Aprendemos a nos vingar desde pequenos, seja por um brinquedo roubado no Jardim de infância, ou por um pequeno empurrão. Nosso objetivo é nunca ser prejudicado, como instinto para não sermos aqueles que serão os menosprezados. 

A ideia de que os seres humanos tem superioridade uns pelos outros causou muita dor a todos de uma maneira geral. Essa vasta ganância que nos leva a queda. Uma névoa em nossa mente nos cega, àqueles em baixo, por sua dor e sua falta de expectativas, e àqueles em cima por sua vontade inescrupulosa de poder e falta de critérios para conseguir tais.

A vida nos pune com a morte, e a ganância é punida com a decadência. Somos seres que não foram feitos para ter poder, mas de qualquer maneira o queremos, mesmo que apenas no subconsciente. Sabemos que o poder nos move, seja qual for a forma de poder, sendo dinheiro, poder político, força física, e o mais perigoso, força intelectual. Estamos dominados, cegos pela nossa própria ganância e fome de poder. Queremos sempre ter o melhor resultado possível e esquecemos que mais do que acertos, somos feitos de erros. Fazemos nossas escolhas com base nos erros e quedas do passado. Por isso, experiência é um grande aliado do poder, a experiência para fazer à maneira certa nossos próprios trajetos. As estradas sinuosas que tomamos se tornam aquelas que nos levam ao destino final.

Aprendemos a lidar com as adversidades com os erros passados, isso não pode ser negado. A transcendência de humano para história é formada por erros. Aprendemos dos erros de pessoas que levaram ao acerto de outras. Talvez, o que esteja errado nesse mundo seja o conceito de certo e errado, quando na verdade, o certo é uma concepção quase que pessoal para o seu lado da história. Há certas verdades que são imutáveis, a gravidade como um exemplo, ela nos prende ao chão, e auxilia na manutenção da vida. Mas se o solo se chamasse céu, quando estivéssemos parados estaríamos voando? Nossa concepção de verdade, certo e errado pode ser definida por nomes que demos no passado as coisas. Um garfo não pode ser usado para tomar sopa, mas se a colher fosse nomeada garfo, não teríamos a ousadia de ter feito essa mesma afirmação.

No final, todos estamos certos, mas devemos levar em conta, o que melhor funcione para todas as pessoas. Não num utópico sistema, mas apenas de uma maneira de que hajam os mínimos prejuízos para todos. 

Nosso sistema, como todos os outros, é conturbado, maligno e distorcido. 

Em vista disso, apenas dançamos conforme a música e torcemos para que ela seja prazerosa de ser dançada.

A revolução não significa a queda de um governo, a revolução significa a queda de uma única pessoa, para que outras possam viver da melhor maneira possível."

Ouço as palmas de todos, Anthony, Marina, Wolf, Pan, Martin e Glitch estão ao fundo aplaudindo. Anthony saiu da ala médica apenas por hoje para essa declaração. Enquanto desço do palanque, as câmeras me filmam, e logo após percebo que estão filmando a plateia. Ando para o fundo do salão, enquanto pessoas me cumprimentam.

- Parece que você tomou uma decisão. – Anthony me diz com um sorriso no rosto.

- Tive algumas influências externas para tomar coragem. – Digo com um olhar amarelado para todos.

Wolf mantém-se quieto. Ele apenas sorri de maneira contida, vira-se e vai embora. Pan começa a chamar por seu nome, Wolf gesticula e vai para o elevador. Ouço-o dizer que vai estar na sala de treinamento ou algo do tipo. Pan suspira e revira os olhos sem entender a situação.

Uma Questão de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora