33 - Tomando um ar...

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Narração: Mari

Após 3 horas discutindo, não conseguimos chegar a uma conclusão. Pan estava em um nível de euforia que não consigo explicar, sua expressão estava fora de limites. 

Saindo da sala eu andei até o elevador, ao apertar o botão, a porta se abre com Wolf e Tony no elevador.

- Estávamos procurando você – Tony diz com um sorriso.

- Eu acabei de sair da reunião. Pan ficou eufórico.

- Aquele carinha é meio empolgado com coisas que ele gosta. - Wolf

- Carinha?

Wolf gesticula uma altura próxima da minha, mas um pouco mais baixa. Dou uma risada contida. Agora que parei pra pensar, Pan realmente é baixinho.

- Como vocês nunca perceberam que o Pan é baixinho? - Wolf

- Ahh, sei lá, eu nunca noto nesse tipo de coisa. Mas por quê estavam me procurando?

- Estamos começando um golpe de estado, entre aspas. - Tony

- O quê?

- Tony está com umas ideias malucas. Mas que podem dar certo. - Wolf

- Vamos para fora. - Tony

Entramos no elevador e Tony aperta o botão do primeiro nível. Ao chegar, saímos do elevador e subimos por uma escada que sai em um túnel, o mesmo pelo qual entramos aqui. Pegamos um vagão e vamos em direção oeste. 

Após alguns minutos chegamos a uma estação, e sue aspecto não é muito agradável. Várias pichações e frases contra Edgar. Apesar de serem as mesmas frases que ouvimos dos rebeldes, é um lugar um tanto sinistro. Saímos do vagão, e chegamos a uma estação, é uma parte muito antiga. Provavelmente de antes de nosso pais. Seus ladrilhos brancos estão na verdade cinzas devido a imensa quantidade de poeira e sujeira. 

Há uma escada, que subimos. Wolf nos guia. Ele conhece bem esse local. Ao chegarmos no nível superior, nos deparamos com uma cidade cheia de plantas e musgos. Construções que estão em ruínas. A luz do luar torna essa cena melancólica. Imagino como deve ter sido essa cidade antes de tudo isso. As pessoas andavam por aqui com amigos, compras... Amores.

Andamos até a porta de um prédio, Wolf a abre, e a segura para que Tony e eu entrarmos. Wolf passa por nós e começa a subir pela escada no fundo do saguão coberto por um carpete vermelho e moveis de madeira empoeirados, alguns cobertos com lençóis brancos, outros ainda cobertos pela metade, como se tivessem sido examinados. Wolf sobe a escada em espiral aberta que é destaque no saguão, e subimos até o mezanino. A madeira, apesar de velha e empoeirada era de uma alta qualidade. Esse prédio devia ser algum tipo de estadia de luxo ou algo do tipo, e hoje só junta poeira.

- Eu ainda não entendi o que é essa cidade... – Digo.

- São ruínas do mundo antigo. Há uns cem anos o mundo não tinha os mesmos problemas de hoje, e quando as pessoas viajavam, ficavam em lugares como esse, os nomes eram... Hotéis, eu acho.

- Mas, por quê o mundo ficou assim? -  Questiono Wolf que me passa a sensação de conhecer bem o local, e até a história.

- Bom, pra começar, o desenvolvimento da medicina. A cura de doenças que antes eram incuráveis, depois o prolongamento da vida humana, de uns setenta para noventa anos em média.

- Mas isso foi bom não foi? -  Não consigo entender como isso seria ruim.

- Com a medicina avançando, e poucas pessoas morrendo, alguns problemas começaram a surgir. Primeiro, a medicina avançou, a comida não, então muitas pessoas começaram a morrer de fome, e pessoas mais ricas, não queriam se rebaixar para dividir o que tinham. Era o que chamavam de mundo bipolar, por quê, muitos tinham pouco e poucos tinham nada, e não chegavam a um consenso. Com isso, o mundo foi diminuindo a população, por que certos problemas que não eram resolvidos pelo desenvolvimento continuaram. Enfim, os pobres foram morrendo e ficou uns vinte por cento da população mundial, sendo que agora a população não era dividida em ricos e pobres, mas ricos e menos ricos, resolvendo entre aspas a questão de desigualdade, mas como agora essa população tinha o conhecimento por mais tempo, o desenvolvimento foi muito mais acelerado, isso resultou em guerras, muitas brigas, população que diminuía constantemente, isso e outros fatores, criaram a nossa sociedade. Sendo direto, essa é a história dos últimos, sei lá, setenta e cinco anos.

- Wolf, eu não sabia que você era... Inteligente – Tony diz debochando mas internamente admirado.

- SEU MERDINHA! EU AINDA TE MATO. -  Wolf rosna realmente bravo.

Anthony gargalha, e não consigo deixar de rir um pouco também, e mesmo Wolf vendo a situação por um outro ângulo ri um pouco.

Começamos a subir uma infinita escadaria. O vidro que rodeia a escadaria está muito sujo, mas ainda conseguimos ver através dele, a rua pela qual entramos no prédio. Subimos uns quinze andares, e chegamos ao terraço.

-Eu vinha aqui quando tinha uns quatorze anos. – Wolf diz – Faz um bom tempo que não venho, por sinal.

- Também, velho desse jeito. - Tony começa a provocá-lo. Wolf olha com desprezo, mas não responde nada.

Ao chegarmos no ultimo andar, continuamos por um corredor, ate chegar a uma porta que da em uma escada escura. Subimos novamente, e encontramos uma porta metálica. Ao abri-la, estamos no terraço, um espaço gigantesco, estamos em uma das extremidades, e olhando para a frente há uma árvore. Seu tronco é um tanto diferente. Gigantesco, deve ter uns três metros de diâmetro. 

Wolf se aproxima do tronco. Ando atrás dele. Subimos no tronco da árvore, e então percebo que esse tronco atravessa a rua e chega ao prédio em frente. Andamos até o meio do tronco e nos sentamos. A vista é maravilhosa. Continuo a imaginar como era a vida daquelas pessoas, o que faziam, como comiam, como amavam, como saiam para se divertir.

- Vocês já pararam pra pensar como eles viviam? O quão grande tudo isso era? - Pergunto sem perceber o quão forte minhas palavras são.

- Devia ser bom não viver como somos obrigados. - Wolf

- É... – Tony.

- Tony, daqui a pouco o sol vai nascer... E ainda não me explicaram como querem sabotar a Karina.

- Bem... – Tony considera bem, acho que como exatamente vai me explicar – Eu estava conversando com o Wolf, e se não agirmos logo, a resistência vai ser exterminada, o tempo vai acabar matando todos nós.

- A força de Edgar é mais resistente que a nossa... -  Wolf concorda.

- Então, precisamos mover as coisas para que possamos agir agora enquanto ainda temos forças. - Tony

- Bem por baixo dos panos... Isso é sujo. – Vejo o olhar de Tony parar de brilhar com minha resposta. – Mas eu gostei.

Tony abre um sorriso. Eu entendo que isso vai ser o melhor para a Resistência, mas precisamos ser menos óbvios e também não podemos movimentar as coisas rápidas demais.

Uma brisa gelada acaricia meu rosto. Um feixe de luz aparece do horizonte. Seu brilho é magnífico. Sua cor é etérea. Esse momento é interrompido por Wolf.

- Mari, tenho que te perguntar uma coisa. Como você sabe lutar?

- Eu tenho memória fotográfica. Lembro de muitas coisas, e lembrei de minha mãe lutando.

- Faz sentido, quer dizer, não muito, mas explica muita coisa...

- E eu tenho uma pergunta para você Wolf. Você disse que na missão era de reconhecimento, meu pai foi sugado por uma explosão subterrânea, mas Karina contou que ele foi achar o franco-atirador.

- Na verdade eu não me lembro muito daquele dia, eu, acabei esquecendo o que realmente aconteceu, eu me lembrava de uma explosão, e ele desaparecendo, mas isso deve ter acontecido antes talvez. Na realidade, aconteceu como a Karina contou, ela refrescou minhas lembranças...

- Entendo. Nosso cérebro pode brincar com a gente as vezes.

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Oi Pessoas!

Como eu disse, vou postando de duas em duas semanas, e como prometido, de segunda kkk.

Espero que tenham gostado do capítulo, mesmo ele sendo mais parado, mas não se preocupem, no próximo, eu diria que o mundo começa a desabar de vez.

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de votar, por quê ajuda DEMAIS!!!! 

Nos vemos na próxima!

Renan S. Pietroniro

Uma Questão de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora