40 - Céu

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Narração: Wolfgang

Acordo em meio a um cheiro de café coado entrando pela porta. Olho para o relógio ao lado da cama. Sete horas da manhã. Ontem fui dormir relativamente cedo. Durante a noite tive um sonho estranho, que eu estava lutando com espadas, estava em um local frenético, uma garota gritava, sentia minha pele queimando, e sangue, muito sangue. Estupidez.

Desço a escada e chego ao Hall.

- Bom dia Wolf. Estou terminando de coar o café. – Karina

- Bom dia Karina, John. – Acabo de perceber que o estranho começo do sonho não era apenas um sonho, tudo levava a uma situação parecida.

Sento a mesa e tomo uma xícara de café puro e como um pão.

- Wolf, me desculpa te forçar tanto ontem. Eu acabei... – John

- Tudo bem. Eu vou aceitar fazer isso. – Falo com indiferença, cortando-o.

- ... Sendo um pouco ru... – John para no meio da palavra Rude. – Rápido assim para aceitar essa idéia?

- Se quiser posso recusar – Digo provocando-o com um sorriso sarcástico no roso

- Eu não vou te culpar se isso acontecer. – Disse me desafiando. Levantou e encostou na parede atrás de mim.

Fico em silêncio segurando meu instinto de mandá-lo a merda.

- Você vai começar a treinar hoje Wolf. John vai ser o seu mestre. – Karina diz pegando uma faca na gaveta, segurando-a pela lâmina. – E eu vou te ensinar a desenvolver a ponta de agilidade.

Karina lançou a faca com uma precisão cirúrgica para que eu desviasse. Pego a faca pela lâmina em pleno voo. O corte da lâmina em minha mão arde. A dor excruciante sobe pelo meu braço.

- Interesse. – John diz logo atrás de mim. – Você poderia ter apenas desviado, mas se fizesse isso a faca viria com certeza no meio do meu rosto. Você com certeza é interessante Wolf – John diz com um sorriso no rosto.

- QUE MERDA FOI ESSA? – Urro sem entender nada. A única coisa que tinha certeza era de que a faca iria acertar John. Solto a faca e minha mão começa a jorrar sangue.

- Você não quer lutar? Essa é a primeira lição. Esteja sempre atento. – John diz um tanto sério.

Por quê essa irracionalidade faz sentido? Minha mão está sangrando, e a dor se espalha por todo o meu braço. Mas vejo meu reflexo na própria faca. Com um sorriso trêmulo, minha voz sai um pouco falhada, mas é o suficiente para se entender.

- Quero treinar agora!

Karina abre outra gaveta e pega um spray. A coloração preta da embalagem deixa um pouco a suspeitar. Mas não interfiro. Ela aperta o spray sobre a ferida. O ardor é intenso, mas suportável.

- Espere uns quarenta minutos.

Sento novamente na mesa, a faca ensanguentada sujou a mesa e também o chão. Começo a limpar o chão com um guardanapo que estava sobre a mesa. O sangue espalha-se, e uma fina camada sobre o chão branco ainda é visível.

- Deixa que eu termino de limpar. A culpa foi minha não foi? – Karina diz com um sorriso um tanto envergonhado.

- Quando eu conheço a treinar? – Pergunto impaciente.

- Bom, agora... Sob a escada do corredor tem uma porta. Ela tem outra escada que vai para uma sala de treino. John está lá.

Saio da cozinha, ando até o hall, onde está a escada. Ao abrir a porta, mais pesada do que parece, uma escadaria metálica aparece, as paredes revestidas por um metal dão ao pequeno ambiente, a sensação de ser menor ainda. Mesmo com muita iluminação, que vem dos cantos do teto por toda a extensão da escadaria, a sensação que tenho é que a sala está muito mais abaixo do que realmente está. Começo a descer, e diferente do que achei, escada não emite o som estridente normal de coisas metálicas, mas um som abafado como o de concreto. Com uma leve batida na parede percebo que a parede também tem a mesma propriedade. Provavelmente tudo aqui foi construido em concreto e revestida com o aço.

Uma Questão de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora