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- A nossa casa. 

 Samir diz quando a ajuda a sair do carro. Carolina olha com atenção à sua volta, mas nada lhe parece familiar e baixa a cabeça balançando-a levemente.

- Não tentes forçar as memórias. - Samir pega-lhe nas mãos para a reconfortar e ela sorri-lhe levemente mas separa rapidamente as suas mãos das dele.

- Estou cansada. Podemos entrar?

- Claro. - Samir aperta o maxilar controlando-se para não a agarrar e beijá-la até ela lembrar como se sente nos seus braços. Em vez disso apenas faz um sinal para que ela o siga e entra em casa.

- Quero-te mostrar o teu lugar favorito cá em casa, mas isso pode ficar para mais logo. Agora vamos subir vou mostrar-te onde fica o nosso quarto para poderes descansar.

- O nosso quarto? - Ela pergunta assustada

- Claro. Dormíamos juntos sabes? - Ele pergunta aproximando-se dela.

 - Ou como achas que fizemos o nosso bebé? - pergunta colocando a mão na barriga dela.

Automaticamente, Carolina sente a sua face aquecer e olha para a mão dele. Por vezes esquecia-se do bebé, ainda não se sentia preparada para pensar no bebé, cada vez que o mencionavam ela não conseguia impedir o sentimento de traição de vir, sentia-se uma adultera e o bebé era a maior prova do adultério. 

Samir, colocou um dedo de baixo do queixo dela obrigando-a a olhar para ele, o que viu nos seus olhos deixou-o possuído:

- Não Carolina, nem ouses pensar assim. O nosso bebé foi concebido com muito amor e paixão e não existe nada de sujo nisso.  - Agarra-a pelos braços e sacode-a - Pára de pensar nele como se ele estivesse vivo. Chega não vou permitir que incluas o nosso filho nesses pensamentos doentios.

- Samir?! - Mónica chama por ele para o acalmar, tinha acabado de entrar e percebeu que ele estava um pouco descontrolado. pelas suas ultimas palavras podia imaginar do que ele falava e não pode deixar de sentir um pouco de pena dele, Carolina voltara a fechar-se no seu mundo particular onde só existia a lembrança do seu falecido marido.

- Mónica. Não te ouvi entrar. - Ele larga a carolina. -Ia mostrar o quarto a Carolina, mas como chegaste imagino que ela prefira ficar na sala contigo. Eu vou para o escritório, se precisarem de mim é só chamar. Até já- Sai lançando um ultimo olhar ressentido a Carolina.

Carolina deixa-se cair no sofá e esconde a cara nas mãos, Mónica senta-se ao seu lado e abraça - a:

- Carolina tenta percebê-lo...

- Percebê-lo? E a mim quem me tenta perceber? Para mim ele é um estranho e ele não se cansa de me lembrar que dormíamos juntos e que teremos um filho...

- E tu não te cansas de o lembrar que amas um homem que já morreu à seis anos  e que o preferes em vez dele que faz tudo por ti. Por Deus, Carolina, o vosso relacionamento no inicio foi muito complicado precisamente por o lembrares constantemente que o Pedro era o grande amor da tua vida e agora quando tudo estava bem, perdes a memória e volta tudo ao inicio. Tenta pôr-te no lugar dele.

Carolina levanta-se do sofá e vai até à janela:

-Mónica, eu estou muito assustada e não quero ficar aqui nesta casa com ele. - Carolina vira-se para a amiga. - Ele provoca-me arrepios, perturba-me hoje cedo ele beijou-me e eu senti-me como se tivesse levado um choque eléctrico.

Mónica não consegue evitar e dá uma gargalhada:

- Sim, vocês dois juntos sempre foi assim, intenso. 

- Eu queria este filho? 

- Nunca falamos de filhos, se sabias que estavas grávida antes do acidente não me contaste. Mas se me perguntares se a carolina com a memória intacta queria este filho posso assegurar-te que sim, apesar de nunca termos tocado no assunto, aquela Carolina estava muito feliz quando viajou para Portugal para se desfazer do passado e estava cheia de saudades do homem maravilhoso que deixou aqui à sua espera, portanto se ela descobrisse que estava grávida de certeza que ficaria muito feliz.

- Eu queria ter filhos com o Pedro, é tudo o que eu me lembro e isso está a acabar comigo. - Carolina diz em voz baixa.

- Chega Carolina! O Pedro está morto e enterrado e tu estás grávida do Samir. - Mónica falou irritada. - Agora vamos pedir que nos sirvam o almoço na jardim e vamos apanhar um pouco de sol, vamos subir, vestir um biquíni e vamos para a piscina, estás muito pálida, passaste demasiado tempo em Portugal e agora lá está frio, perdeste logo o tom bronzeado que a tua pele já tinha adquirido e isso tem de ser reparado já!

Carolina sorri para a amiga, ela tem razão precisa distrair-se, apanhar sol e não pensar tanto nos problemas.

Samir está a trabalhar no computador quando ouves as vozes vindas da piscina, ela estava parada na beira da piscina só de biquíni e a visão daquele corpo magnifico que ele tanto adorava, tirou-lhe o folgo e sentiu uma dor no peito. Ela estava ali com ele mas ao mesmo tempo parecia tão distante, voltara a ser a Carolina que conheceu naquela festa, ela olhava-o mas não o via, fechada num mundo só dela, dela e do maldito defunto.

O SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora