As portas do elevador se abriram, revelando o já tão conhecido corredor onde a sala das mentes – assim Eric e Desligado haviam batizado a sala onde as aulas de mentalidades aconteciam – ficava. Geralmente ansiava pelas tardes reservadas àquela disciplina: tornara-se sua favorita.
Naquela tarde, contudo, Eric estava à procura de uma desculpa plausível para evitá-la. Saiu do elevador e parou, ansioso.
- Algum problema, senhor¿ - Desligado perguntou.
- Um bem grande – Eric respondeu, sem prestar muita atenção ao robô.
O robô fez alguns barulhos com os quais o jovem já havia se familiarizado: ou estava revistando seu banco de dados ou fazendo algum tipo de cálculo.
- Perdoe-me, senhor. Depois de extensos cálculos eu não consegui descobrir qual é o problema.
Eric suspirou, tentando manter-se paciente.
- É o tipo de problema que não se descobre com cálculos, Ligs.
O robô silenciou. Por motivos óbvios, Eric sabia que aquela conversa não estava encerrada. E não havia encontrado qualquer motivo para não comparecer à aula – já estava atrasado, na verdade.
Tomou o caminho da sala com passos lentos. Queria evitar o encontro com Brad a todo custo e, ao mesmo tempo, não queria. Seria a primeira aula depois da Bolha. Ainda que não quisesse ficar trancado com ele por uma tarde inteira, Eric sentia falta de vê-lo com mais frequência.
Diante da porta, respirou fundo e a abriu. O professor estava sentado à sua mesa, concentrado em algo que lia. Fez uma cara de susto ao vê-lo. Eric sentiu-se aliviado ao perceber que ele estava igualmente desconcertado com a situação.
- Desculpe pelo atraso – O jovem falou.
- Não se preocupe.
Eric tomou seu destino habitual. Sentou-se ao fundo da sala, seguido por Desligado, e começou a prestar atenção. Brad guardou o livro e se levantou.
- Bem, hoje o assunto da aula é sobre a descoberta de Rilvro acerca dos mecanismos da mente dos Nesqr. Alguns dos últimos sobreviventes dos Nesqr vivem conosco, na Ordem, então preste atenção.
Eric fez que sim, com um aceno.
- Os Nesqr sempre foram uma civilização profundamente avançada, detentora de tecnologia de pont ...
- É sua paixão por Sr. Turner! – Bradou Desligado, interrompendo o professor.
Brad e Eric voltaram sua atenção ao robô.
- Ligs – O jovem sussurrou – você está interrompendo a aula!
- Eu me lembro que nunca chegamos a conversar sobre isso.
- Ligs! Chega!
Brad começou a rir, diante da situação inusitada. O robô tentou falar mais alguma coisa, mas seu dono interrompeu.
- Já chega. É melhor você voltar para o quarto. Agora!
Desligado seguiu a ordem de seu dono, embora não conseguisse compreender o que fizera de errado. Tinha falado a verdade. Ao fechar a porta, deixou-os sozinhos na sala. O sorriso do professor desvaneceu, ao se dar conta disso.
- Você tem um robô esperto. Antigo e ultrapassado, mas esperto.
Eric assentiu, envergonhado.
- Me desculpe. Na próxima aula não vai haver esse tipo de intrusão.
O homem ficou em silêncio. Voltou ao livro que usava para extrair dados precisos.
- Como eu ia dizendo, os Nesqr foram os primeiros a descobrir os usos da energia nuclear, há muito tempo. A partir daí eles ... – O professor ficou em silêncio, encarando Eric.
- Algum problema¿ - Eric perguntou.
O homem fechou o livro.
- Na verdade, tem sim. Você sabe perfeitamente qual é.
Brad largou o livro sobre a mesa e seguiu na direção do jovem. Sentou-se em uma cadeira ao seu lado. Ficaram em silêncio por algum tempo, em busca das palavras apropriadas para uma conversa que, claramente, seria definitiva.
- Você teve um bom tempo para pensar.
O outro suspirou.
- Eu sei.
- Eu gostaria de ouvir uma resposta. Qualquer que seja. Não acho legal continuar nessa situação incômoda.
Eric se levantou. Começou a andar de um lado para o outro, tomado pela ansiedade. Por que era tão ruim para tomar decisões¿ Só precisava dizer uma palavra – sim ou não. Mesmo assim, continuava avaliando centenas de prós e contras, sem saber, ao fim, qual decisão tomar.
- Como nós lidaríamos com isso¿ - O jovem perguntou.
Brad deu de ombros.
- A gente descobre. Eu já te disse, não quero que ninguém saiba, por enquanto. Por nós dois. Eu sei que seria estranho, mas quando a gente deixar de ser professor e aluno as coisas mudam.
O jovem começou a roer uma das unhas.
- O que você viu em mim, afinal¿ Você pode ter qualquer um!
Era verdade - Brad era um homem muito bonito. Não que Eric fosse feio, mas não parecia a primeira escolha de ninguém.
- Eu sei que poderia te dizer mil coisas sobre como você é incrível, doce, inteligente, agradável. Não que não seja tudo verdade, mas a verdade é que eu não sei. Acho que não existe razão para gostar de alguém – ao menos não uma razão que nós possamos compreender.
Ficaram em silêncio. Eric queria ser convencido. O professor havia dito todas as coisas certas para conseguir um sim, mas ainda faltava algo.
- Me promete uma coisa¿
- O quê¿
- Se isso não der certo nós continuamos amigos, tá¿ Sem ódio.
Brad sorriu.
- Prometo.
O professor se levantou e foi até Eric. Segurou suas mãos e olhou no fundo de seus olhos. O coração do jovem estava disparado.
- Isso quer dizer que sua resposta é sim¿ - Brad perguntou.
Eric sorriu e se aproximou, inseguro. Ainda se olhavam nos olhos, embora Eric não sentisse vergonha – pelo contrário, sentia que haviam se conectado. Sem demora, puxou Brad para mais perto e o beijou.
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Todas as Estrelas Cairão do Céu
Ciencia Ficción"Aquele era, sem dúvida, o sujeito mais esquisito que havia visto até então. Era sinistro, na verdade. Vestia-se com uma imensa capa, que o cobria até os pés. Seu corpo não parecia sólido - era feito de um gás preto, que de alguma forma permanecia d...