A chegada até a Ordem ocorreu tranquilamente. Rebecca, Jay e Ynadrá desembarcaram sem nenhum problema. Foram recebidos por Ricky, que não lhes poupou do mau humor habitual. Acabaram acomodados, os três, em quartos vagos na ala dos pesquisadores.
Com o passar dos dias Rebecca foi se ajustando ao local, que a princípio parecera extremamente ameaçador. Pela primeira vez, desde que partira de Boston, sentia-se anônima em meio a uma multidão. Ao menos estavam seguros.
A ideia que mais lhe agradou foi a de receber um robô. Ouviu dizer que, para sua permanência, teria que se tornar uma aluna – Jay a tinha descrito como uma pesquisadora em potencial, mas jamais um soldado. Sentiu-se um pouco ofendida, a princípio, mas se os últimos tempos haviam indicado algo, era que não tinha talento para combates.
Dedicou a maior parte de seus primeiros dias para cuidar de Ynadrá. Ainda estava fraca, mas não tinha nada além de desidratação severa, desnutrição e muito cansaço. A mulher passou a maior parte do tempo dormindo, para recuperar as forças. Rebecca havia se apegado a ela mais do que imaginara e só conseguiu perceber isso naqueles dias.
Demorou uma semana para que Ynadrá se sentisse forte o suficiente para se levantar e conseguir falar. Rebecca acordara cedo, naquele dia, e estava pronta para sair do dormitório antes do toque de despertar. Matou o tempo organizando o quarto – estava com saudade de ter um lugar com sua cara.
Após o primeiro sinal, não demorou até que Jay batesse na porta.
- Sou eu, Becca.
Ela sorriu. Ainda adorava quando ele a chamava de Becca. Abriu a porta e o deixou entrar.
- Eu não tenho certeza, mas acho que devo dizer bom dia, certo¿ - ela perguntou.
Como a Ordem se comportava como um satélite ao redor da Terra, se guiava por seu calendário e sua medida de tempo. Apesar disso, soava bastante artificial dizer bom dia num lugar em que dia e noite não existiam, realmente.
- Não sei, mas bom dia, de qualquer forma.
Eles riram e sentaram-se na cama.
- Os quartos são legais, né¿ - ele perguntou.
- São sim.
- Pena que a gente não vai ficar perto um do outro.
- Como assim¿ - Rebecca ficou surpresa.
- Eu vou ser nomeado professor. A ala dos professores é meio longe daqui, então ...
Ela ponderou.
- Mas a gente ainda vai se ver, né¿ - corou ao perceber que soara desesperada, mesmo sem ter tido a intenção – Quer dizer ... se ver ... se falar ... – ela desistiu de tentar fazer suas palavras parecerem menos embaraçosas.
Jay sorriu.
- É claro que sim. Ynadrá assumirá, sem dúvidas, o seu treino. Mas a gente ainda vai se ver. Muito.
- Acho bom.
- Mas não foi só pra te ver que eu vim.
- Aconteceu alguma coisa¿ - Rebecca se preocupou.
- Nada demais. Ynadrá convocou uma reunião para essa manhã. Acho que ela quer se explicar.
- Ótimo. Estou curiosa.
- É depois da primeira refeição. Ou, como nós costumávamos chamar lá na Terra, café-da-manhã.
Silenciaram. Ainda havia um assunto pendente, entre eles.
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Todas as Estrelas Cairão do Céu
Ciencia Ficción"Aquele era, sem dúvida, o sujeito mais esquisito que havia visto até então. Era sinistro, na verdade. Vestia-se com uma imensa capa, que o cobria até os pés. Seu corpo não parecia sólido - era feito de um gás preto, que de alguma forma permanecia d...