Por um momento, o frio de Boston cruzou a mente de Rebecca. A neve obstruindo a entrada de casa, as (muitas) xícaras de chocolate quente, as roupas em excesso que nunca pareciam deixá-la suficientemente aquecida. Lembrou-se do prazer de entrar no restaurante e sentir um calor tão acolhedor que fantasiava nunca mais deixar o lugar.
Foi interrompida quando uma nuvem de poeira fez seu nariz coçar e começou a espirrar descontroladamente.
- Maldito deserto! – Praguejou, quando conseguiu se recompor.
Jay, no banco do motorista, gargalhou. Não gostava do deserto, mas vinha se divertindo com a reação de Rebecca ao ambiente desde que haviam pegado a estrada. Estavam, àquela altura, longe de Tucson e, aparentemente, de qualquer outro lugar habitado. O pior, eles sabiam, ainda estava por vir.
No banco de trás, Edward permanecia em silêncio. Estava assim desde o dia anterior, quando Jay e Rebecca anunciaram que sairiam em busca da prisão, pela manhã. Era um silêncio de apreensão, sobretudo – algo que eles também tinham de sobra.
- Adivinha no que eu estava pensando¿ - Rebecca perguntou.
- Em como você odeia o deserto¿ - Retrucou Jay.
- Não, engraçadinho. Tava pensando em Boston.
- No que, especificamente¿
- No frio.
- Com um calor desses, até eu to sentindo saudade.
- Acho que eu sinto falta o tempo todo. Não dava pra perceber àquela altura, mas as coisas eram tão boas e calmas.
Jay sorriu.
- Eu diria que sinto muito pela mudança, mas não é minha culpa.
Ela sentiu-se culpada pelo que dissera.
- Eu sei! Não foi o que eu quis dizer. Você tem sido a melhor parte de toda essa bagunça ...
Foi interrompida pelo GPS que haviam comprado antes de deixar Tucson.
- Você chegou ao seu destino! – Exclamou o aparelho, com sua voz eletrônica.
Jay pisou no freio, bruscamente. O carro parou levantando poeira e fazendo barulho.
- Ótimo! Agora estamos no meio do nada.
Rebecca abriu o porta luvas e retirou o velho mapa de John Morrison, ainda dobrado. Levaram um bom tempo para se localizar.
- Como a gente continua¿ - Rebecca ficou preocupada – À pé¿
Jay deu de ombros.
- Acho que é a única forma.
- Mas as chances de a gente se perder são grandes, né¿
- Grandes tipo uns 99% - Jay respondeu.
No banco de trás, Edward continuava em silêncio. Não parecia afetado pela súbita reviravolta - tudo que ocupava sua mente eram lembranças de Katherine.
- Edward¿ - Rebecca chamou sua atenção.
- Sim! – Ele respondeu, parecendo despertar de um transe.
- O GPS não conseguiu levar a gente até o lugar certo. Nós vamos ter que seguir à pé, daqui em diante. Acho que é melhor você ficar.
O homem se ergueu, assustado.
- De forma nenhuma!
- Desculpa, mas o perigo é muito grande – Jay insistiu.
- Não me importa! Eu vou e não tem discussão!
Jay e Rebecca se entreolharam. Não parecia haver qualquer argumento capaz de manter o homem no carro.
- Que seja – Decidiu Jay – mas se alguma coisa te acontecer, a responsabilidade é sua.
***
Andaram de um lado para o outro sem resultado, por todo o dia. Sentiam-se queimados, depois de passar tantas horas sob o sol escaldante do deserto. Para completar, não sabiam onde estavam. A certa altura, deixaram de lado a procura pela prisão para tentar se localizar.
Para desespero dos três, a noite começava a se anunciar. Os primeiros contornos da lua já eram visíveis.
- Ótimo! – Rebecca exclamou, em meio ao desespero – Agora, além de perdidos e escaldados por esse sol maldito, nós também vamos virar presa de algum animal selvagem durante a noite.
Pararam. Jay aguentara as reclamações de Rebecca por todo o dia, estoicamente. Já estava se irritando. Edward, embora continuasse calado, às vezes dava sinais de desespero. Começava a acreditar que não sobreviveria para rever Katherine.
- Precisamos achar abrigo – ele afirmou.
- Concordo – Jay respondeu.
- Ei, se nós fossemos hobbits poderíamos nos espremer naquela caverna ali! Talvez tivéssemos que dividir com alguns morcegos, ou um puma , mas ...
- Pelo amor de Deus, dá pra calar¿ - Jay explodiu – Você reclamou o dia inteiro! No começo foi engraçadinho, mas agora já tá irritando!
Rebecca arregalou os olhos, surpresa - Jay nunca fora grosseiro com ela, até aquele momento. Ficou tão pasma que não conseguiu reagir. A noite avançava rapidamente, e precisavam tomar alguma decisão.
- Acho que tenho uma solução – Jay afirmou.
Andaram mais alguns metros, em busca de um lugar em que pudessem encontrar solo livre de vegetação. Acharam um espaço grande o suficiente. Fechou os olhos, com uma expressão de concentração. Um vento inesperado começou a soprar e logo se fortaleceu – o que não parecia, nem de longe, normal.
- Se afastem – Jay ordenou.
Edward e Rebecca hesitaram, mas acabaram tomando distância. Qual não foi sua surpresa ao observar algo no céu, se aproximando, primeiro como um ponto distante que, aos poucos, foi ganhando a forma de ... um carro¿
Surpreenderam-se com a engenhosidade da ideia. Quando o automóvel pousou, Jay tombou, cansado. A mulher o amparou e levou-o para o automóvel. Considerando-se o fato de que não sabiam onde estavam, trazer aquele carro até ali provavelmente fora bastante difícil. O cansaço de Jay era justificável.
________________________________________________________
E AÍ, GALERA! ESTÃO GOSTANDO DA LEITURA? TO SENTIDO FALTA DE VOCÊS LÁ NO GRUPO DO FACEBOOK (SE CHAMA T.E.C.C. – WATTPAD)! VOU DEIXAR O LINK ALI EMBAIXO E ESPERO VOCÊS LÁ! NÃO SE ESQUEÇA DE APERTAR A ESTRELINHA, DEIXAR SEU COMENTÁRIO E INDICAR A HISTÓRIA PROS TEUS AMIGOS, HEIN?
FIQUE POR DENTRO DAS NOVIDADES DA SÉRIE E OUTROS DOS MEUS ESCRITOS CURTINDO MINHA PÁGINA NO FACEBOOK E SE JUNTANDO AO GRUPO DO LIVRO (LÁ VOCÊ TAMBÉM PODE DIVULGAR SUAS OBRAS ÀS SEGUNDAS, SEXTAS, SÁBADOS E DOMINGOS). DEIXO OS LINKS ABAIXO:
GRUPO: https://www.facebook.com/groups/234603237075469/?ref=bookmarks
PÁGINA: https://www.facebook.com/Miguel-Chiara-398375617191426/?ref=aymt_homepage_panel
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todas as Estrelas Cairão do Céu
Fiksi Ilmiah"Aquele era, sem dúvida, o sujeito mais esquisito que havia visto até então. Era sinistro, na verdade. Vestia-se com uma imensa capa, que o cobria até os pés. Seu corpo não parecia sólido - era feito de um gás preto, que de alguma forma permanecia d...