O PORQUE DISSO

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A madrugada parecia interminável. Deitado na cama, o peso das horas me pressionava como uma montanha. Não conseguia pregar o olho. O motivo? Lunna. A imagem dela não saía da minha mente, como um enigma que eu não conseguia decifrar. Por que ela tinha que chamar Pietro para buscar Elissa? Será que eles se entenderam? Por que estou assim? Não faz sentido... A vida é dela. Não sou seu dono, mas, mesmo assim, não consigo evitar esse nó no peito. Eu larguei tudo pela Lunna, interrompi o retorno à minha alcatéia, me fiz presente para protegê-la, e ela me responde assim? Testando meus limites? Qual a intenção dela?

Essa raiva cresce dentro de mim. Uma fúria que arde no fundo, como se estivesse à beira de perder o controle. A vontade de partir para cima de alguém, de estraçalhar quem cruzar meu caminho, estava mais forte do que nunca. Preciso me acalmar. Melhor ir beber uma água.

Saí do quarto em silêncio, indo em direção à cozinha, mas parei quando ouvi um barulho vindo de lá. Quem estaria acordado a essa hora? Quando me aproximei, o ambiente parecia vazio, mas eu sabia que não estava sozinho. Podia ouvir uma respiração leve e entrecortada.

— Eu sei que tem alguém aí. É melhor aparecer — falei, a voz firme, e logo vi uma silhueta surgir de trás da mesa. Era Lunna.

Ela se levantou rapidamente, os olhos evitando os meus. — Desculpe, supremo. Estava só preparando algo para comer.

Sua voz trêmula chamou minha atenção, mas o que me prendeu de verdade foi sua aparência. A camisola fina que ela usava, o tecido macio moldando seu corpo, deixou meu sangue fervendo. Era linda... Perigosamente linda. Meu lobo interior rugia, alertando sobre o perigo de me perder naquele momento.

— O que você tem na cabeça para descer assim? — Disparei, apontando para sua camisola, tentando disfarçar o calor que subia pelo meu corpo.

— Eu... eu não ia demorar muito. Era só um suco, me desculpe... — A voz dela era quase um sussurro, como se estivesse tentando não me provocar ainda mais.

Mas não era só isso. A fúria não era apenas pela camisola, era algo muito maior. — E o que você tem na cabeça para ir com Pietro buscar Elissa? E se ele tentasse algo no meio do caminho? O que eu combinei com você? — Minhas palavras saíam afiadas, cada sílaba carregada de uma raiva crescente, que eu nem sabia de onde vinha.

Lunna parecia distante, como se minha presença fosse um detalhe menor, como se algo mais importante estivesse passando pela cabeça dela. E aquilo só me enfureceu mais.

— Então, Lunna, estou te perguntando: por que foi com Pietro buscar Elissa? Por que não veio até mim? — insisti, o tom carregado de frustração.

De repente, ela estremeceu, como se tivesse sido despertada de um sonho. Sua reação me surpreendeu: a calma se desfez em segundos e a irritação tomou conta dela.

— FOI O QUE FIZ! VIM ATÉ AQUI ATRÁS DE VOCÊ! — ela gritou, os olhos faiscando de raiva. — ACABEI ENCONTRANDO PIETRO NA PORTA, ELE PERGUNTOU O QUE EU ESTAVA FAZENDO E EU DISSE SOBRE ELISSA. ELE SIMPLESMENTE ME COLOCOU NO CARRO E FOMOS ATRÁS DELA!

A raiva dela era quase palpável. Ela pegou as coisas com pressa e saiu batendo os pés, me deixando sozinho na cozinha. Fiquei ali parado, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Por que aquela explosão? Por que tanto nervosismo por causa de uma simples pergunta?

Quanto mais pensava, mais algo se acendia dentro de mim. Será que ela está gostando do Pietro? Será que se acertaram? A ideia me deixou inquieto, minha mente rodando em círculos, tentando entender por que isso me incomodava tanto. Eu deveria estar feliz se fosse o caso, certo? Pietro é meu sobrinho, e se eles se perdoaram, ótimo! Mas o problema é que essa ideia me irritava profundamente. Lunna tem esse dom... Ela me provoca, me desafia, e ao mesmo tempo, me desperta uma vontade absurda de protegê-la, de mantê-la só para mim. Que droga é essa que estou sentindo?

Voltei ao quarto, mas o sono não veio. O colchão parecia feito de pedras. Levantei, fui ao banheiro, abri o chuveiro no frio máximo. Talvez a água gelada me ajudasse a esfriar a cabeça. Mas nem o choque térmico acalmou minha mente. A vontade de liberar meu lobo e correr pela floresta era quase incontrolável. Queria sair, quebrar algo, mas me contive. Não agora. Não com Lunna tão perto.

Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, o dia começou a clarear. Voltei para o banheiro, tomei mais um banho gelado e desci para tomar café. Esperava que a rotina matinal me ajudasse a tirar Lunna da cabeça. Quando cheguei à cozinha, meu irmão já estava lá, e aproveitamos para conversar. Consegui convencê-lo de que deveria ligar para o Alfa Danilo e explicar a situação de Elissa. Talvez focar no problema de meu irmão fosse a distração que eu precisava.

Mas então, enquanto estava tomando meu café, ela entrou pela porta... com Pietro. O sangue subiu à minha cabeça no mesmo instante. Cada parte de mim gritou de raiva e ciúme. Lunna percebeu, tentou desviar o olhar, mas eu fiz questão de encará-la. Eu queria que ela sentisse minha fúria. Queria saber se havia algo entre ela e Pietro, queria que ela confessasse logo.

Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que no fundo... não era isso que eu queria. A ideia de que eles pudessem ser companheiros me destruía por dentro. Eu deveria estar feliz se isso fosse verdade, mas não conseguia. Lunna mexia comigo de uma maneira que nenhuma outra pessoa jamais havia conseguido. E isso, acima de tudo, era o que mais me enlouquecia.

Gordinha e seu supremo alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora