DESTINO

14.6K 1.2K 29
                                    

Corro muito em forma de lobo e paro próximo a uma cachoeira. Preciso pensar no que farei da minha vida, como será daqui em diante. Ainda não estou acreditando que isso pode ser real. Ouço um barulho e já tomo minha posição de ataque ao perceber que alguém se aproxima.

— Eduardo, sou eu, calma! — Ouço uma voz e vejo que é Júlio. Acalmo-me e volto à minha forma humana, e ele também.

— O que você quer? — pergunto.

— O que eu quero? Você saiu correndo, quebrando tudo pela frente, e vem me perguntar o que eu quero? Sério mesmo? O que aconteceu?

— Júlio, não posso ter Lunna como minha companheira — falo, meu tom de voz carregado de frustração.

— Então era isso! Você achou sua companheira e, pelo jeito, é Lunna, já que estávamos todos lá embaixo e só estavam vocês dois lá em cima.

— Eu não posso, meu irmão, não posso.

— Calma! Me diz como isso; me diz como descobriu? — Ele me pede.

Explico tudo a ele, especialmente a hora do beijo. Ele me observa em silêncio, e quando finalmente fala, parece hesitante.

— Então, por que você a beijou?

— Eu não sei! Eu simplesmente senti vontade, uma necessidade de beijá-la.

— Você diz que não quer se envolver com ela pela idade, então por que beijou? Deveria ter se segurado.

— Eu tentei, Júlio! Tentei várias vezes me afastar dela, tentei me segurar!

— Você não poderia rejeitá-la.

— E por que não poderia?

— Você sofreu muito quando virou o supremo alfa e não achou sua companheira.

— É diferente! Todos naquela época estavam encontrando suas companheiras. Meu pai disse que, quando me tornasse o supremo, todas as mulheres solteiras estariam lá, de todas as alcatéias, e uma delas seria a minha companheira. Pensei que Lunna tivesse morrido, que era essa a explicação de eu não ter encontrado.

— Isso até aquela bruxa entrar na nossa casa e dizer que o destino estava guardando sua companheira. Que, quando chegasse o momento certo, você a acharia. Agora, meu irmão, eu te falo: o momento chegou e você a achou! O destino quis assim.

— Ela é apenas uma menina! Você melhor do que eu sabe o risco que ela correrá do meu lado. Ela não está preparada para isso, não irá dar conta.

— Pense bem no que irá fazer. Se a rejeitar, sofrerá as consequências — Júlio fala, se virando e indo embora, me deixando ali sozinho, pensando no que farei da minha vida. Como posso ser companheiro daquela maluca? Logo ela que me enfrenta, me provoca, me desafia. Eu a queria, mas ao mesmo tempo não queria.

Melhor eu voltar para casa, sentar e explicar a ela por que terei que fazer isso. Preciso ser sincero com ela. Estou indo embora, procurando uma forma de sair dessa situação. Agora terei que voltar e me apresentar para toda a alcatéia do mundo, chamar todos os líderes e dizer que encontrei minha companheira. E se eu a rejeitar, terei que fazer isso na frente de todos, para que todos saibam que a rejeitei como minha companheira, como a companheira do supremo alfa.

Enquanto sigo em direção à alcatéia, sinto uma dor muito forte que me faz cair na mesma hora. Meu Deus, o que é isso? Que dor é essa? Olho em volta, procurando saber se fui atingido, mas não vejo e nem sinto cheiro de nada. Então percebo que começou a nossa ligação. E noto que não é comigo, e sim com Lunna. É então que ouço um uivo de socorro. Meu lobo se agita, querendo tomar meu lugar. Me transformo em lobo e corro em direção à casa.

Quando estou chegando mais perto, percebo uma movimentação e gritos. Ao me aproximar, vejo Tiffany sendo segurada por um monte de guardas. Olho para o outro lado e vejo Felícia sendo segurada por Pietro, enquanto Lissa está ao seu lado, sentada no chão, sendo amparada pelo alfa Danilo. Vejo sangue nas mãos de Lissa e percebo que não são delas. Vejo meu irmão vindo em minha direção, com as mãos nos cabelos. Eu a procuro, olho para todos os lados e finalmente a vejo ali no chão, próxima de Lissa.

Sinto uma dor imensa no meu coração ao vê-la ali. Corro em sua direção, vou até ela, pego-a no colo e chamo seu nome, mas ela não me responde.

— Lunna, não me responde!

O desespero toma conta de mim enquanto a segurando firme, meu coração disparando. A luta e o caos ao meu redor desaparecem, e só consigo pensar nela, na fragilidade daquele momento, e no que tudo isso pode significar.

Gordinha e seu supremo alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora