Chegar na alcateia Céu de Sangue para o baile era inevitável. A cerimônia não era apenas uma formalidade; era o momento em que meu irmão, Júlio, alfa da alcateia, passaria o título ao seu filho, Pietro. Embora não fôssemos irmãos de sangue, fui criado por Jorge, pai de Júlio, depois que ele me encontrou na floresta ao lado dos corpos dos meus pais. Cresci bem tratado, mas o vazio que sentia pela ausência deles nunca me abandonou. Esse vazio me consumiu, me afastou de tudo e todos, e me fez rejeitar a ideia de encontrar minha companheira. Sabia que, se a encontrasse, só lhe traria dor. Meu coração era incapaz de amar, e o único destino que eu poderia oferecer era a destruição. Eu sabia que a busca pela minha Suprema Luna era inevitável, mas até hoje, aos 26 anos, não a encontrei. Muitos estão preocupados com isso, já que preciso dela para alcançar meu pleno poder.
Ao entrar na alcateia, me deparei com um velho homem que parecia perdido em pensamentos. Sem paciência, ordenei que ele saísse da minha frente. Ele, no entanto, não demonstrou medo; seus olhos encontraram os meus em um desafio silencioso.
— O que está olhando? Saia logo da minha frente! — gritei, a irritação fervendo em minhas veias.
O homem continuou imóvel, seus olhos me perfurando. Senti a fúria crescer dentro de mim, e, em um impulso, empurrei-o. Mesmo caído, ele não desviou o olhar. Em vez disso, murmurou algo que me congelou por um instante.
— Seu futuro está selado. Você merece sofrer. Destruiu muitas famílias, matou muitos lobos para chegar onde está. Você é um canalha.
Essas palavras foram o gatilho. A raiva queimava em meu peito, e eu levantei a mão, pronto para acertar o velho, quando uma figura inesperada se colocou entre nós. Uma menina, jovem e ousada, recebeu o golpe destinado ao homem. O som da palma da minha mão contra sua pele ecoou no silêncio que se seguiu. O choque nos olhos dela, seguido por uma determinação que eu não esperava, me deixou perplexo por um instante.
— Quem é você para me desafiar? — perguntei, minha voz saindo como um rosnado. Ela, no entanto, continuava a me xingar, me provocando, e me tirando do controle. Ela me chamou de monstro, de ogro, e seu desprezo por mim foi como um ácido corroendo a pouca paciência que restava.
Quando ela levantou a mão e me deu um tapa no rosto, senti o sangue ferver. O toque dela foi o estopim, e o controle que eu tinha sobre meu lobo se desfez. A transformação foi imediata e feroz, meu corpo se contorcendo e crescendo, tomando a forma de um lobo gigante, meu pelo escuro como a noite. O medo nos olhos dela foi evidente, e pela primeira vez, vi um traço de hesitação em sua postura. Mas mesmo assim, ela permaneceu firme, embora tremesse. Eu estava determinado a acabar com a vida dela por ter me desafiado.
Nesse momento, meu irmão Júlio interveio, colocando-se entre nós. Sua presença, embora familiar, era apenas um fino véu sobre a raiva que ainda pulsava dentro de mim.
— Por que fez isso? — gritei para ele, ainda tomado pela fúria. — Deveria ter deixado eu matá-la. Ela me desafiou!
— Calma, irmão, — respondeu Júlio, a voz firme mas tranquilizadora. — Ela é apenas uma menina. Não sabia quem você era.
A raiva ainda pulsava em minhas veias, mas a menção de Elisa, minha afilhada, me trouxe um breve momento de clareza. Elisa, minha querida afilhada, era uma das poucas pessoas que ainda tocavam algo dentro de mim. A ideia de machucar alguém que era importante para ela me fez hesitar, mesmo que por um breve segundo.
— Ela é a melhor amiga de Elisa, — disse Júlio, como se soubesse exatamente onde atingir minha consciência.
Essa revelação me atingiu como um soco. Elisa era preciosa para mim, uma luz em minha vida sombria. A ideia de machucar alguém importante para ela me fez reconsiderar, mas a raiva ainda não se dissipava completamente. Sabia que não poderia deixar essa insolência impune, mas ao mesmo tempo, não poderia destruir a única amizade que Elisa tinha.
Decidimos que a menina seria apenas castigada, e que lidaríamos com isso no dia seguinte. Ainda assim, a lembrança do tapa e do desafio dela me assombrava. Ela não era apenas uma menina tola; havia algo mais nela, algo que ainda não conseguia entender, mas que me deixava inquieto.
---
VOCÊ ESTÁ LENDO
Gordinha e seu supremo alfa
Kurt AdamEla uma menina diferente das demais meninas da alcateia céu de sangue. Ele supremo alfa de todas as alcateia Ela sempre sendo humilhada por ser gordinha, mesmo sendo uma gordinha linda, por não ter muitos amigos, por ter menas condições financeiras...