FORA DE MIM

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A tensão no ar crescia dentro de mim, à medida que o som de passos se aproximava na cozinha. Meu coração batia acelerado, e, tomada pelo medo, instintivamente procurei um lugar para me esconder. Me abaixei atrás da mesa central, tentando controlar minha respiração, mas era tarde demais.

— Eu sei que tem alguém aí, é melhor aparecer — a voz soou firme e autoritária, e de imediato reconheci quem era. Eduardo.

Levantei-me devagar, tentando manter a compostura. — Desculpe, supremo. Eu estava apenas preparando algo para comer.

Ele me olhou de cima a baixo, seus olhos faiscando de irritação. — Você tem o quê na cabeça pra descer assim? — Ele apontou para minha camisola, o tom reprovador claro em sua voz.

— Desculpe, eu... eu não ia demorar muito, só estava fazendo um suco. Não achei que fosse um problema — tentei justificar, me sentindo ridiculamente exposta.

— E mais o que você tem na cabeça de ir com o Pietro buscar a Elissa? E se ele tentasse algo no meio do caminho? O que foi que eu combinei com você? — Ele começou a caminhar em minha direção, e senti meu estômago revirar.

— Supremo, eu... — Tentei falar, mas fui interrompida.

— Eduardo. Pode me chamar de Eduardo, já te falei várias vezes o meu nome — ele corrigiu, sem parar de andar na minha direção.

— Me desculpe, Eduardo — respondi, o desconforto aumentando.

— E pare de pedir desculpas — ele rosnou, seus olhos começando a ficar vermelhos, sinal de que a raiva estava crescendo dentro dele. Ele se aproximava mais e mais, me obrigando a recuar até sentir a pia gelada contra minhas costas.

— Calma, pelo amor de Deus. Calma, Eduardo — pedi, tentando manter minha voz firme, mas ele não parou.

— Você gosta de me desafiar, Lunna? — Sua voz estava baixa, quase um sussurro.

— Não, claro que não. Por que você acha isso? — perguntei, confusa.

Ele se inclinou ainda mais perto, sua respiração quente roçando a pele sensível do meu ouvido. — Porque você faz tudo o que eu digo para não fazer. Principalmente quando se trata de Pietro. Às vezes, acho que você faz de propósito, só pra me provocar.

Sua proximidade, sua voz rouca e o jeito como ele olhava diretamente em meus olhos mexiam comigo de uma forma que eu não sabia explicar. Ele continuou sussurrando, sua boca quase tocando meu pescoço.

— Eu disse para não andar pela casa à noite, especialmente vestida assim... — Ele puxou delicadamente a alça da minha camisola. — Essas roupas provocativas...

— Eu não queria provocar ninguém, juro. Só queria pegar algo para comer e voltar — minha voz saiu trêmula, e eu tentei me afastar, mas não havia mais para onde ir. — Eu vou subir, prometo que não desço mais assim à noite.

— Você não queria, mas conseguiu. Agora, como acha que vou passar a noite inteira? Não vou conseguir dormir — ele murmurou, sua respiração quente no meu pescoço. Meu corpo inteiro reagiu ao contato, uma corrente de desejo inesperado percorrendo minha espinha.

Antes que eu pudesse responder, senti seus lábios tocarem meu pescoço. Um gemido escapou dos meus lábios sem que eu pudesse conter. Ele sorriu contra minha pele, como se tivesse conquistado o que queria. Sua boca continuou subindo lentamente até encontrar a minha, e então ele me beijou. O beijo era suave, mas repleto de um desejo contido. Minha cabeça girava, e eu me perdi completamente no momento.

De repente, tudo pareceu ir longe demais. Ele me colocou sobre a bancada, derrubando tudo que estava sobre ela no chão com um só movimento. O beijo ficou mais intenso, e suas mãos exploravam meu corpo, enquanto eu puxava seus cabelos, incapaz de me conter. A maneira como ele me tocava me fazia querer mais. Muito mais.

Mas então, no meio daquela euforia, uma voz soou em minha mente, como um balde de água fria: Era um sonho.

Despertei bruscamente para a realidade, o coração ainda batendo descontrolado e a respiração ofegante. Eduardo ainda estava ali, parado à minha frente, mas a expressão dele era de frustração, não de desejo.

— Eu estou perguntando o que você tinha na cabeça de ir com Pietro buscar Elissa. Por que não me procurou primeiro? — Sua voz cortou através da névoa do meu devaneio.

Eu estava tão agitada pelo sonho que a irritação começou a tomar conta de mim. A vergonha e o desejo se misturaram, me deixando confusa e nervosa.

— FOI O QUE EU FIZ, VIM ATÉ AQUI ATRÁS DE VOCÊ! ACABEI ENCONTRANDO O PIETRO NA PORTA, ELE PERGUNTOU O QUE EU ESTAVA FAZENDO, EU EXPLIQUEI SOBRE ELISSA E ELE SIMPLESMENTE ME COLOCOU NO CARRO! — explodi, minha voz saindo mais alta do que eu pretendia. Peguei as coisas da cozinha com pressa e saí batendo os pés, indo em direção ao quarto, deixando Eduardo para trás.

Quando entrei no quarto, ainda tremendo do sonho perturbador que tive, Elissa e Felícia me encaravam, perplexas.

— Tá doida, Lunna? Por que entrou assim? Tá fugindo de alguém? — perguntou Elissa, surpresa.

Felícia, preocupada, deu um salto. — O que foi? Pietro tentou algo contra você?

— Não, não aconteceu nada. Não estou fugindo de ninguém — menti, tentando acalmar minha respiração. — Aqui está o lanche — coloquei a bandeja na cama, tentando disfarçar o tumulto dentro de mim.

Gordinha e seu supremo alfaOnde histórias criam vida. Descubra agora