Rangel
Sai cedo de casa, pois hoje iriam chegar vários carregamentos de arma que iríamos vender para uns caras de fora.
Deixei Larissa dormindo, e proibi ela de trabalhar, ela tem que entender que não é para ficar se expondo na rua. Sei que qualquer vacilo italiano quererá me derrubar.
— Bom dia, irmão. — fiz toque com Vitinho.
— Bom dia, chefe. — falou enquanto separava umas trouxinhas de maconha.
— Cadê Júnior? Tá melhor não?
— Não, ele está de repouso. A dona dele veio avisar.
— Porra, logo agora que ia precisar da ajuda dele... Mas de boa, se é pela saúde do parceiro!
Me sentei na mesinha que havia ali, e comecei a revisar os bagulhos. Várias caras me devendo money de droga, eu ia querer meu dinheiro nem que eu tenha que ir no inferno.
— Que arruaça da desgraça é essa aí no beco? — perguntei a meu primo Pedro.
— É um Noia aí querendo comprar droga fiado.
— Já falei que não é para dar confiança a esse caralho vei, mata sem dó logo.
— Pô, Rangel, eu fiquei com pena, cara conheço ele há tempos, entrou nessa vida agora... O pivete tá na dependência, coitado mano, é isso que essa porra faz conosco mesmo!
— Mas é ela que nos dá a maioria do sustento. — suspirei. — Traz o pivete aqui.
— Para quê Rafael?
— Só obedece!
Ele trouxe o garoto que veio de cabeça baixa todo desnorteado, lembrei de mim saindo de casa nessa idade drogado deixando minha coroa preocupada. Foi foda essa época, eu só queria fumar para superar a perca do meu coroa.
— Não me mata não, senhor, por favor juro que não peço droga mais aqui.
— Levanta a cabeça, rapaz, conversa comigo de homem para homem! — ele levantou a cabeça e me olhou com receio.
O cara era mó pinta de bandido, só estava descuidado por conta das drogas.
— Você faz o quê na minha quebrada?
— Eu não faço nada, senhor, eu só sou um viciado.
Hum!. Para de usar essa porra e eu te ajudo!
— Como ele vai parar Rangel, isso aí é um maconheiro da porra. Se é que não usa crack. — Pedro falou.
— Uso crack não, senhor, só me afundei depois que perdi minha mãe, eu vou embora. — ele fez menção de sair.
— Fica aí cara, eu só quero te ajudar. E você Pedro cala a boca, a conversa é entre mim e o pivete... Sabe manusear uma arma?
— Não. — falou nervoso.
— Pois bem, temos um trato quer você queira ou não. Você vai começar como aviãozinho, eu vou te ajudar, e você vai se ajudar parando de usar essa porra entendeu? — ele assentiu. Entenda, bandido mexe com droga, mas não se afunda nela falou! Como é teu nome?
— Meu nome é Augusto, obrigado, eu não vou te decepcionar. Era a única chance que eu queria.
Mandei meus, vapor ensinar as coisas para ele e dar um trato nesse visual dele. Ajudar as pessoas e sempre bom, o pivete tem visão só está indo pelo caminho errado. Quase me fodia também. Quando meu pai morreu eu tinha só 16 anos, e um morro para assumir. Comecei a usar para caralho, até que meu padrinho me aconselhou.
Deu a hora do almoço, e eu passei na casa da minha mãe. Comida de mãe é sagrada.
— Coroa! — gritei no portão.
— Meu filho, que saudades. — ela veio sorrindo com um pano de prato na mão.
— Eu também mãezona, mas é o tempo que é curto, prometo que venho te ver, mas agora deixa eu entrar que tô na larica.
Ela abriu a porta e eu já senti aquele cheiro de feijão do dia, hum meu apetite chega abriu, porque vou te falar as comidas que Larissa faz, é só miojo, farofa e no máximo uma carne de panela. A descarada sabe cozinhar, mas não faz por preguiça.
Botei meu prato, e me sentei no sofá comendo para caralho. Sei nem como eu não engordo viu, ia ficar pior que a vovozona.
— Mãe para de se acabar aí. — falei com minha coroa que lavava os pratos.
— Tô velha, não aleijada, filho...
— Vou contratar uma empregada para ti.
— Precisa de empregada nenhuma — Rafael, eu posso fazer as coisas só.
— Sem mais, eu tenho que zelar por tua saúde, a senhora tem mais é que sair, aproveitar, quem sabe até namorar, não ficar limpando casa.
— Tu não existe, viu meu filho. — riu.
— Amanhã mesmo ela vai chegar aqui. Mãe tenho que ir ver Larissa, tô preocupado com ela.
— Minha nora está doente?
— Não, é umas de parada aí. — suspirei. — Tchau, mãe, te amo e se cuida. — dei um abraço forte nela e meti o pé para casa.
Cheguei em casa e encontrei Larissa deitada no sofá.
— Tem outra vida não preguiçosa! — dei um tapa em sua bunda.
— Aí Rangel, porra pensei ser alguém que queria me matar. — se levantou correndo.
Morri de rir com o susto que ela tomou, mas fiquei nervoso, minha mulher está assustada com essa situação.
— Ei, amor, ficas sossegada, ninguém vai tocar em você. — a abracei.
— Tô assustada...
Ficamos abraçados, quando o celular de Larissa vibrou. Era mensagem.
— Olha para ver o que é.
— Depois eu olho.
— Olha vei, tá devendo?
— Ih, que ciúme doentio. — pegou o celular para ver a mensagem.
A cara dela quando viu a mensagem foi de pânico.
— Olha isso, Rangel. — me mostrou.
A mensagem era de um número desconhecido.
Você é a mulherzinha puta de Rangel né? Tô ligado em você gostosa, avisa ao seu maridinho que ele rodará!
— Calma, vai ficar tudo bem! — falei firme.
Na verdade, eu estava temendo, eu conhecia bem esses desgraçados, italiano já tentou me matar duas vezes, para o azar dele eu sempre fui mais sagaz.
O problema dele é comigo e com Willian, meu parceiro e aliado.
Amanhã iria conversar com os parceiros, inclusive com Willian. Abracei minha loira, e dormimos juntinhos.
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Perdida No Morro
RomansLarissa, uma jovem do interior de Minas Gerais, leva uma vida simples e meiga.No entanto, seu destino muda drasticamente quando ela se entrega ao seu namorado e é expulsa de casa, desamparada e desolada. Sem ter para onde ir e com seu coração partid...