Perdida No Morro

Capítulo 37

                   Larissa

Depois de ter falado com Rangel pelo celular, meu mundo desabou mais ainda. Queria chorar muito, eu não queria estar presa aqui.
Quem queria não é mesmo?
Ninguém foi feito para ficar preso, nem ao menos o pior dos bandidos merece ficar a mercê de uma prisão.

- A bonitinha quer água e comida? - um dos vapore sujos chegou sorrindo com uma marmita e água em mãos.

- Não quero nada que venha de vocês! - falei decidida.

Eu estava morrendo de fome e sede admito. Mas meu orgulho falava mais alto que tudo, ninguém mandou ser leonina.

- Acho bom você colaborar comigo porra! Só tô bonzinho contigo por que o chefe precisa de você por enquanto, maa depois quero ver não passar a pica em tu. - sorrju de lado.

Que nojo desse cara! Uma pessoa até simpática, se torna feia por dentro e por fora com suas atitudes.

- Quero ver! Seu idiota estúpido. - falei desafiadora.

- Vagabunda, não me provoca por que o chefe não tá aqui posso muito bem fazer o que quiser.

- Tenta, pra tu ver se não dou um jeito de chutar seu pau! - Gritou.

- Marrentinha... come essa porra logo se não morre.

Após esse infeliz me obrigar , tive que comer. Parecia que havia séculos que não colocava nada na boca, a fome deixa qualquer um louco.

Após comer, o vapor insuportável saiu me deixando ali só.

Fiz uma oração, e as lágrimas brotaram. Tanto tempo afastada de Deus, tanto tempo errando, pecando, sofrendo.

"Senhor, já errei tanto nessa vida que nem sei se sou digna de te pedir algo. Mas sinto que desde que perdi minha mãe, me afastei de ti. Minha mãe era uma mulher apegada a fé, e sempre me falava " filha, Deus é bom e justo". Mas meu pensamento mudou ao perdê-la, te culpei..pensei " se Deus é bom e justo, por que tirou minha mãe?" ... Mas, tudo que tu fazes tem um propósito, posso não ser a melhor e nem mais virtuosa das mulheres, posso ser ímpia, mas me perdoa por tudo. Nunca é tarde para se arrepender. E esse sofrimento, me fez refletir, que agora sozinha neste cativeiro, só o Senhor está comigo. ".

Terminei minha oração e chorei, chorei muito. Aquela lágrima de dor, de ódio, de ressentimento,tristeza. Só queria ter uma família,alguém por mim, que me amasse independente do que sou.

Me perdi dos meus pensamentos quando ouvi aquela voz que me atormentava.
O tal do Italiano.

- Essa loira linda chorando? - ele riu.

Não respondi, fiquei com raiva, só queria meu Rangel de volta. Por que tudo isso estava me acontecendo? Por que eu me encontrava tão perdida?

- Não vai me responder? - levantou meu queixo. - Você é tão linda Larissa, Rangel teve sorte de ter você, mas você podia ser minha.

- Nunca! - gritei.

- Eu vou fazer Rangel me entregar o morro, e ficar com você pra mim. - beijou meu pescoço.

Eu estava com raiva daquela situação, chorava muito. Italiano era sujo.  Mas uma prova de que a beleza não vale de nada... Um homem lindo por fora, horroroso por dentro.

- Tira as mãos de mim. Você pensa que Rangel é burro?

- Pode não ser burro. Mas por uma mulher dessas até eu entregaria meu morro. - riu.

- Me esquece cara idiota! Quero que você vá pro inferno.

- Se você não fosse tão gatinha e eu não precisasse de você te mataria agora. - colocou a arma na minha cabeça brincando com o gatilho.

- Mata! Não tem nada nessa vida que me faça querer viver.

Ele riu e saiu me deixando mas uma vez trancada. Não aguentava mais. Só queria que Deus me ajudasse, só queria voltar a ter seis ou cinco anos de idade.

É que a gente quer crescer, e quando cresce quer voltar do início, por que um joelho ralado, dói bem menos que um coração partido...