Rangel narrando:
— Isso filhão, vem pegar a bola na mão do papai. — Cris veio engatinhando até mim e pegou a bola dando aquele sorriso gostoso.
— Já está na hora dele tomar banho, Rafael. — Larissa chegou na sala.
— Ah, ele quer brincar mais.
— Nada disso. — revirou os olhos. — Você sabe que temos que dormir cedo, amanhã retornaremos ao Brasil.
Assenti e entreguei meu filho para ela. Eu estava ansioso; finalmente, voltaria para meu país. Tudo bem que vim para cá foi uma boa decisão; talvez se eu estivesse lá, o nascimento de Cristopher seria mais complicado do que já foi, e a equipe médica daqui é outro patamar, né?
— O senhor quer mais algo? — Cláudia perguntou.
— Não, Claudinha, pode ir arrumar suas coisas e esteja aqui cedo, ok? — sorri.
Subi para o quarto, terminei de colocar minhas coisas nas malas, e infelizmente, minhas armas teriam que ficar aqui nessa casa. Não poderia viajar com armas; seria muito arriscado. Enterrei as armas no jardim da casa e as deixei lá.
— Cadê meu bebê? — perguntei a Larissa, que entrou no quarto.
— Ele dormiu. — sentou suspirando.
— Que foi? Você parece que nem está animada... — me sentei perto dela.
— Animada eu estou, mas também estou com medo.
— De?
— Nosso filho ser alvo de alguma armação. Você sabe como é a vida no morro.
— Já te falei que não vamos ficar lá. Por que você não confia em mim, Larissa? Pô, eu mudei, não quero mais essa vida, quero ser um homem direito, se é que eu ainda sou todo errado, mas pelo menos quero sair do morro.
— Eu confio, Rangel...
— Eu já aluguei uma casa no condomínio pra gente, é muito chique, pô, tu vai gamar... Vai viver que nem as madames lá. — ri.
— Deixa disso. — riu. — Eu só quero rever meu pai, minha tia, minha prima e minha melhor amiga.
— Vai ver. Agora vamos dormir que a jornada amanhã é longa!
Ela me abraçou, e fomos dormir.
**
Acordei todo irritado com esse alarme fdp! Cutuquei Larissa, que acordou manhosa, toda linda.
— Acorda, amor. Vamos se arrumar. — falei.
— Bom dia.
Nos arrumamos, e eu peguei meu filho no colo. Eu estava empolgado pra caramba; rever minha coroa, os parceiros... Cláudia chegou, e fomos para o aeroporto. O vôo foi rápido de chegar. Nosso filho não parava de chorar; eu já estava irritado, mas fazer o quê.
— Dá leite pra ele. — falei com Larissa, já impaciente.
— Homem é o demônio. Na hora de fazer filho sabe, mas na hora da dificuldade, mamãe que sofre.
— Nada ver. Eu só não sei o que fazer, pô. — respirei fundo.
Ela deu de ombros e conseguiu acalmá-lo. Dei glória a Deus mentalmente.
O vôo foi tranquilo, porém demorado. Dormi, acordei, e assim sucessivamente. Contando foram oito horas de vôo, chegamos no Brasil já de noite.
Na hora do desembarque, eu já estava exausto. Iríamos pegar um táxi e ficar num hotel cinco estrelas por enquanto; não iria para o morro uma hora dessas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Perdida No Morro
RomanceLarissa, uma jovem do interior de Minas Gerais, leva uma vida simples e meiga.No entanto, seu destino muda drasticamente quando ela se entrega ao seu namorado e é expulsa de casa, desamparada e desolada. Sem ter para onde ir e com seu coração partid...