Capítulo 67

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Larissa:

Depois de alguns dias, viajamos para um lugar que eu não fazia ideia. Rangel estava se escondendo de mim a todo custo, diz ele que era surpresa. Estávamos no aeroporto, Rangel tapou meus olhos até entrarmos no avião e depois tapou meus ouvidos com um fone nas alturas; deu-me um ódio, queria saber de onde surgem essas ideias de Rafael, mano.

- Pode tirar esse caralho de mim agora? Já estamos em voo. - falei.

- Calma. - ele riu. - Pode tirar, amor.

Ele estava segurando nosso bebê no colo, eu estava muito curiosa, mas iria demorar tanto...

- Me fala, por favor. - pedi com uma cara fofa.

- Deixa de ser curiosa, mano.

O tempo passou devagar... Peguei no sono, mas senti algo me cutucando; era Rafael. Levantei atordoada; estavam todos passageiros saindo, queria sair também para ver o que ele estava aprontando!

- Vamos. - ele sorriu.

Desembarcamos tranquilamente, pegamos nossas malas e entramos no táxi. Olhando o caminho... É óbvio! Estou em Belo Horizonte. O que fez Rangel querer me trazer aqui?

- Rangel, quero que você me explique tudo. - falei baixinho.

- Depois, Lari; só te asseguro que tu vai gostar.

- Ok. - respirei fundo.

Os caminhos... O mesmo percurso que eu fazia para vir à cidade, sinto saudades daqui. Morava praticamente na roça, então quando vinha para a cidade era uma felicidade só. Meu pai morreu deixando tudo aí sozinho, eu nem pude me despedir direito, eu estava passando por um momento tão difícil.

- É aqui senhor? - o taxista parou em frente à fazenda.

- Sim, obrigado. - Rangel pagou ele e pegou as malas.

Eu estava processando o que acontecia; por que diabos Rangel me trouxe para a fazenda do meu pai? Com que finalidade. Essa fazenda nem é minha; estava apenas no nome de minha mãe, mas quando meu pai faleceu ficou a mercê de ninguém.

- O que estamos fazendo aqui?

- Eu... É como posso dizer. - Rangel falou meio desconcertado. - Eu comprei a fazenda!

- Quê? O que você tá dizendo.

- Sim, eu queria te deixar essa lembrança dos seus pais... Eu achei muito legal aqui também, e quero nosso filho tendo um lugar tranquilo para passar as férias, e queria te fazer feliz.

- Você é magnífico! Te amo.

- Eu também te amo, minha loira. Quero passar todos momentos juntinhos, seja aqui ou na favela. Tu é minha relíquia. - me beijou.

O dia passou devagar. Rangel e Cris dormiram; estavam cansados demais. Eu aproveitei para sair um pouco, comprar umas coisas por aqui e rever pessoas.

Estava indo em direção à cidade quando ouvi uma voz. Era a voz de Bruno. Me virei e me deparei com ele naquela cadeira. Continuava muito bonito.

- Bruno... - falei.

- Oi Lari. - ele sorriu. - Você por aqui?

- É, eu e meu marido compramos a fazenda que era do papai.

- Hum, que bom... é, o que acha de mim nesse estado? - brincou.

- Continua a mesma pessoa. - sorri. - Eu te desejo melhoras, Bruno.

- Eu tenho 95% de chance de voltar a andar. Agora estou dando o verdadeiro valor à vida.

- Sério, que bom. Fico muito feliz.

- Eu vou me mudar para outro país... Fazer minha cirurgia lá. E antes disso, queria te pedir perdão.

- Eu não guardo mais rancor.

- Eu sei. Mas eu te deixei ir sem dar explicação, eu escolhi o dinheiro, eu fui um idiota em ceder às vontades do meu pai; me desculpa, Lari, tu é tão incrível, eu te amo e nunca vou lhe esquecer.

- Bruno... Às vezes fazemos coisas erradas na vida, mas eu te perdôo e te entendo, acredite. Eu sei que éramos jovens e inconsequentes. Mas tudo passou, e eu te desejo boa sorte. - falei sincera.

- Me dá um abraço. - ele sorriu.

O abracei e me senti mais leve comigo mesma. Não podia morrer guardando esse rancor.

Comprei algumas coisas e voltei para a fazenda.

Perdida No MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora