Capítulo 59

21K 1.3K 127
                                    

Larissa narrando

Dois meses depois

Me levantei atordoada sentindo muita dor. Olhei no relógio e eram três horas da madrugada, eu estava suando frio, o pé da minha barriga doía tanto, enfim era uma dor inexplicável.

- Rafael. - mexi nele que estava dormindo tranquilamente. - RAFAEL PORRA!

Ele levantou correndo sem entender meu grito e meu estresse .

- Qual foi? Eu estava sonhando com uma Ferrari nova.

- Hum engraçadinho. - revirei os olhos. - Eu não tô bem, eu tô sentindo muitas dores, eu estou com medo.

- Calma, deve ser o moleque chutando.

- Não Rafael você não tá entendendo. É uma dor inexplicável.

- Amor... - suspirou. - Toma um chá, relaxa e dorme.

- Dorme um caralho! Voce não está sentindo o mesmo que eu por isso está tudo numa boa.

- Meu Deus. E tu quer que eu faça o quê Lari?

- Vamos para uma maternidade.

- Mas amor, tu ainda tá de sete meses .

- Eu sei mas tá doendo muito mano. Se você não me levar eu vou cortar sua rola de tanta raiva que estou aqui.

- Calma mulher. Tá piradona é. Eu vou levar sim, deixa eu só vestir uma roupa aqui.

Suspirei e me vesti aos trancos e barrancos, peguei as coisas do bebê porque nunca se sabe né.

- Vamos? - ele disse e assenti.

Rangel me ajudou a descer as escadas, eu estava mal demais.. Sentia tantas contrações como se o bebê estivesse me implorando para vir ao mundo.

- Que porra é essa aí? - Rangel olhou para o chão.

- Meu Deus! Estourou.

- O quê? - ele perguntou sem entender nada. Realmente ele estava numa situação meio estranha para ele, por isso não sabia como agir.

- Minha bolsa estourou o nosso filho vai nascer.

- Eita Jesus! Então vamos.

Ele tirou o carro da garagem rapidamente e saiu. O bom de morar aqui era que a moradia era muito boa. Qualquer hora que você saísse tinha gente na rua, guardas, maternidades, emergências etc.

- Porra, se for agonia sua tu vai ver.

- Deixa de ser inconsequente! Tu tá me irritando, vou meter uns chutes no teu ovo.

Ele riu, eu estava muito nervosa.
Por que homem tem que ser tão idiota até nas horas sérias?

Enfim chegamos na maternidade. Passei pela doutora que fez todo meu pré natal durante esses 7 meses.
Eu optei por uma médica brasileira.

- Doutora Soraia, eu tô sentindo muita dor mas .. Não está na hora do meu menino nascer.

- Larissa eu... Sinto muito, mas chegou a hora. Eu não sei o que aconteceu, mas parece que o nosso menino quer vir ao mundo logo.

Fiquei sem ter o que dizer, eu estava com medo. Um parto prematuro era o que eu menos esperava para mim, e muito menos para meu filho.

- Não se preocupe, você está nas mãos de uma das melhores equipes médicas do mundo.

- Obrigado.

Eu iria me preparar para uma cirurgia de risco. E outra, não poderia ter parto normal, estava sentindo muitas dores, e seria perigoso tanto para meu filho e para mim.

- Você está bem? - Rangel pegou em minha mão.

- Eu só estou com medo.

- Vai ficar tudo bem... Nosso filho vai nascer lindo e saudável e eu vou estar lá fora esperando vocês.

- Está bem.

As enfermeiras já iam me levando pra sala cirúrgica quando Rangel veio atrás de mim como se tivesse esquecido algo.

- Eu te amo, tá?

- Eu também. - uma lágrima caiu.

Eu realmente estava com as emoções a flor da pele. Mas eu tinha fé que meu filho ia estar aqui comigo.

Não sei quanto tempo durou, só sei que me deram anestesia e eu apaguei, não literalmente, pois apesar de não estar sentindo mais nada eu estava vendo exatamente tudo.

Eu via a equipe médica pegando os objetos cortantes mas não podia fazer nada, era apavorante, sentir dor não seria tão bom, mas ter que ficar de repouso depois será bem pior.

Não sei quantas horas se passaram, só vi aquele bebê nas mãos da doutora e apaguei.

Perdida No MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora