Capítulo 44

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                  Larissa narrando

Faz uma semana desde que fui pedida em casamento. Iríamos se casar aqui na igreja do morro mesmo depois ter uma festa para os mais chegados.

Rangel decidiu que vamos se mudar para fora do país.  Gostei muito da ideia. Morar em um lugar  diferente, construir um nova vida,  nova identidade.

Afinal se a gente continuasse no Brasil, sempre haveria vestígios do passado de Rangel. Seria um pouco mais difícil voltar sempre pra ver nossos amigos mas valeria a pena. Iríamos para Nova York.

- Amor, tô com fome. - Rangel gritou da cozinha.

- Sei fazer comida não porra. - falei.

- Poxa gostosa. - veio até mim. - Faz comida pro seu marido.

- Tá bom, me pedindo assim claro que faço. - dei um beijo nele.

Era incrível a convivência entre casal, nunca me enjoava de Rangel.  Nós podíamos ficar juntos o tempo todo que sempre dava mais vontade de estar junto, se beijar...

Fui fazer a comida, preparei bife a milanesa, cozinhei feijão, arroz e fiz salada do jeito que meu nego gosta.

Coloquei uma playlist de pagode e fiquei cantando enquanto limpava a pia pra depois servir a comida.

- Eu tenho sonhos e em todos os meus planos tem você e eu, algo mudou em mim depois daquele beijo que me deu. - eu cantava alto.

- Cala a boca Lari, sua prima tá aqui batendo no portão.

- Porra abre aí vei. - reclamei.

- Poxa mozão, meu joelho tá doendo.

Rangel era foda viu vei... Só por que machucou o joelho ao andar de moto tá me fazendo de empregada.

- Tomar no seu cu. - dei dedo a ele e fui abrir o portão.

Luísa me olhou com uma cara de paisagem, abracei ela.

- Que foi prima? Você nunca vem me visitar.

- Eu vim por que precisamos conversar.

- Você está me assustando.

- Calma Lari, podemos conversar?

- Sim entra aí.

Luísa entrou e não sei por que eu estava sentindo algo ruim. Como se alguma coisa estivesse acontecendo .

- Iai magrela. - Rangel falou com Luísa enquanto mudava a tv.

- Oi Rangel. - ela sorriu fraco.

Mandei Luísa entrar e fomos para meu quarto conversar.

- Fala piriguete.

- Minha mãe me ligou...

- E? Aconteceu algo com minha tia?- falei nervosa.

- Não Lari... Seu pai ligou pra ela perguntando por você.

- MEU PAI? - falei boquiaberta.

- Ele está muito mal, com câncer, ele que te ver pela última vez. - uma lágrima saiu dos seus olhos.

- Não pode ser. - falei com voz de choro. - Meu pai não...

- Prima, você tem que ser forte... ele está com câncer.

- Como eu pude fazer isso? Eu abandonei meu pai de vez e agora ele vai me deixar.

- Não se culpa! Você sabe como tudo foi difícil pra você, como você saiu de lá de BH. Não se culpa.

- E agora... - comecei a chorar.

- Eu tô aqui. - ela fez carinho em meus cabelos. - Agora você tem que viajar pra ver seu pai, independente de tudo ele é seu pai.

- Eu sei. Vou fazer de tudo para ir amanhã mesmo.

Conversei um pouco com Luísa e ela teve que ir pra casa pra cuidar de Luara.

- Iai, o que rolou? - Rangel chegou perto de mim.

- Meu pai.

- Que foi amor... Desabafa pô. - me abraçou.

Contei tudo a ele, Rangel disse que estaria comigo em todas as ocasiões e comprou a passagem para BH pela internet.

Já estava arrumando minha mala, iria cuidar de meu pai pelo menos nos últimos momentos de vida dele. Eu sei, não fui a filha melhor do mundo, e nem ele foi o pai presente e melhor pra mim, mas apesar de tudo ele cuidou de mim e não me abandonou.

- Tu não vai viajar sozinha não.

- Você tá com esse joelho todo desgraçado, como vai comigo?

- Tem problema não, eu vou!  Já botei gaze nesse joelho.

- Rafa..

- Nada de Rafa! Eu vou sim, além do mais tem aquele guri que te iludiu tu acha que eu vou deixar você só lá?

- Rafael pelo amor de Deus! Meu pai nessa situação tu ainda pensa em porra de meu passado.

- Eu confio em você, só não confio nesse marmanjo.

- Quem eu amo é você vê se entende de uma vez, amo o meu atual que se foda o meu ex.

- Aí eu dei valor! - me abraçou. - Desculpa amor, é que eu tenho ciúmes de você.

- Só quero ir ver meu pai pela última vez. - falei sentindo as lágrimas escorrer.

- Calma amor. Você disse que esse seu pai nunca te deu valor.

- Eu sei mas isso não é motivo para eu abandonar ele. Afinal ele é meu pai.

- É você tem razão... Eu que sou durão mesmo.

Terminei de arrumar minhas mala e a de Rangel, estava esgotada e chorava a cada segundo que se passava.

- Vamos dormir, a gente viaja amanhã. - dei um beijo nele.

- Boa noite meu amor. - sorriu.

Esse sorriso dele era o combustível pra eu viver.

Perdida No MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora