Capítulo 55

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Rangel narrando:

O sábado havia chegado. O dia que eu iria me casar com a mulher que amo.

Nunca pensava em me casar... Na verdade, eu sempre achei uma besteira ter uma mulher ao meu lado, e nunca sequer cogitei ser romântico. Como diria a frase de uma música "difícil eu ser romântico, meu ego é do tamanho do oceano Atlântico".

Mas aí chega Larissa e muda todo meu conceito...

— Caraca, que orgulho do meu mano! - Júnior falou me olhando.

— Até que fiquei jeitoso. - sorri me olhando no espelho.

— Ficou mesmo, até eu casava contigo.

— Saí. Nem sabia do seu lado gay. - ri.

— Agora sabe.

— Deus me defenda! - fiz o sinal da cruz.

De fato, eu estava bonito. Terno, gravata... Quem diria hein, estava até parecendo gente.

A cada dia que passava, eu desejava mudar e ser melhor por Larissa e pelo filho que estávamos esperando. Eu tinha o desejo de ser o melhor pai do mundo, de ser o pai que não pude ter. A morte do meu pai dói em mim até hoje, então agora mais do que nunca quero largar a vida do crime pelo futuro do meu filho.

Terminei de me ajustar e conferi o horário. Júnior me chamou lá fora, ele iria dirigir.

Chegamos na igreja, eu já estava apreensivo. Conferi pela vigésima ou trigésima vez se as alianças estavam comigo, folgava a gravata, mexia nos cabelos.. Eu estava louco de nervosismo.

Grande parte dos convidados já estavam na igreja. Os padrinhos seriam Luísa e Júnior, Carla e Marcelo. Bom, não é muito legal saber que Marcelo já dormiu com minha mulher, mas eu deixei! Se eu respeitasse Larissa, ela nunca haveria ido embora, passado pelo que passou, enfim, não vou ser egoísta. E também Marcelo é um cara firmeza, e parece estar fazendo minha prima Carla feliz.

— Caralho! Que demora da porra.

— Para de xingar, estamos em uma igreja. - Júnior falou.

— Mas Larissa está demorando demais, pô, e se ela não vier?

— Claro que ela vem, ô seu filho do faraó. Se fosse pra desistir de tu, ela já teria feito isso a muito tempo, fio.

Minha mãe estava esperando ao pai de Larissa. É, o que posso fazer né... Se ela quer reconstituir a vida dela com alguém, o que eu poderia fazer.

Respirei fundo tentando não ficar nervoso, até que ouvi a marcha nupcial se iniciar. Ela estava chegando. Finalmente ela seria oficialmente minha mulher.

Os passos que ela dava, tão graciosos. Mais uma vez, eu tinha certeza que ela era a mulher que eu queria para mim. De mãos dadas com o pai, abandonaria tudo por ela. Larissa merece um homem de verdade, Larissa merece se encontrar na vida.

— Cuida bem da minha filha, rapaz. - o pai dela me entregou ela.

— Pode ter certeza que vou cuidar.

Larissa sorriu e enfim essa cerimônia ia começar. Não aguentava mais esperar, queria que a cerimônia e a porra da festa acabasse logo para eu comer a minha mulher de todos os jeitos.

O padre falou as paradas lá e eu não conseguia prestar atenção em nada, apenas olhava para ela e pensava "porra, minha mulher é uma gata"!

O tempo passava e aquele padre falando. Já estava com vontade de mijar, mano. Até que ele falou lá o bagulho.

— Rafael Angel Ferreira, você aceita Larissa Viveiros como sua esposa?

— Sim. - sorri.

Ele repetiu a pergunta pra Larissa e ela aceitou. Enfim casados.

— Pode beijar a noiva.

Beijei ela com todo amor possível. Eu amava tanto essa mulher.

— Te amo. - falei.

— Eu o dobro! - ela me deu um beijo na bochecha.

Saímos e o povo foi jogando flores, a festa seria aqui perto mesmo. Não quis muito exageros, nossa passagem para Nova York já estava irá nascer por lá. Quero o melhor para ele ou ela, irá ter toda educação que eu não tive.

— Eu quero que essa festa acabe. - sussurrei no ouvido dela.

— Mas nem começou ainda, amor.

— É porque eu quero viajar e te foder logo.

— Ridículo. - deu um sorrisinho de lado.

Larissa:

Quem imaginaria que eu me casaria. Eu imaginava isso há alguns anos, mas casando com Bruno lá na fazenda e com filhos dele felizes para sempre. Mas não foi assim, e ainda bem né? Imagina eu casada com aquele crápula. Iria me arrepender para o resto da vida.

— Menina, que bafo, você tá linda demais! - Carla falou.

— Obrigado amiga. - a abracei. - Mas graças a você, que me ajudou a comprar tudo.

— Eu também hein. Tô ficando com ciúmes. - Luísa revirou os olhos.

— Oh, minhas bebês. - dei um abraço coletivo nas três.

— Vê se não esquece da gente quando ficar granfina lá em NY. - Carla disse.

— Também acho. - Lu concordou.

— Eu nunca vou esquecer de vocês. Nunca mesmo! Vocês foram tudo em minha vida, e sempre vou visitar vocês. - falei triste.

— E vê se traz nosso sobrinho ou sobrinha pra nos visitar.

— Mas é claro, meninas, ele sempre vai saber das tias dele! - sorri.

— Agora vamos curtir essa festa. Quero embebedar.

Procurei pelo meu recém-esposo quando o achei no meio dos convidados rindo com Júnior e os amigos dele. Já ia indo até ele quando fui parada por Marcelo.

— Lari. - ele sorriu.

— Marcelo, meu amigo, que saudades. - o abracei. Sentia muitas sa

udades do meu amigo confidente, aquela transa não prevista nunca iria estragar nosso vínculo de amizade.

— Eu queria te desejar muitas felicidades. E sei que Rangel te ama muito e vai cuidar de você.

— Obrigado meu amigo. E ele tem que cuidar de mim e de outra pessoinha. - toquei em minha barriga.

— Não acredito, eu vou ser titio. - me abraçou. - Parabéns Lari, do fundo do coração te desejo tudo de bom, e você também me deseje sorte com Carla.

— Ah, não creio! - dei um largo sorriso. - Cuida bem dela, por favor.

— Vou cuidar. Tem uma pequena querendo te ver! - ele procurou alguém no meio do povo e voltou com Melissa, irmã dele.

— Que saudade da minha princesa! - a abraçei.

— Eu também, Lari. - falou meiga e doce.

Terminei de falar com eles e fui até Rangel. O abracei por trás e ele virou para mim sorrindo.

— Princesa. - me deu um beijo na testa.

— Te atrapalho?

— Jamais amor. A festa está linda.

— Também acho. Vamos curtir.

— Amanhã vamos embora, amor. - falou meio triste.

— Vida, se tu não quiser fazer isso. Tu não precisas...

— Larissa. - me interrompeu. - Eu quero isso por uma vida melhor, para mim, para você, e principalmente para nosso filho.

— Tudo bem. Você decide, seja qual for seu destino, eu estarei contigo.

Nos beijamos. Foi um beijo de amor, de paixão. Era amor, arrancou o meu sorriso, me levou ao paraíso, de perdida no morro, passei a me encontrar.

Perdida No MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora