Take Care

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"Comecei do zero

para me tornar

minha própria heroína"

(Katy Perry - Roar)

O carro era grande, o banco de couro aconchegante e o aquecedor não deixou com que o clima chuvoso lá fora se tornasse algo desconfortável. Perguntei onde estávamos indo e ele permaneceu insistindo na surpresa, claro que estava ansiosa e temerosa também, não sabia o que esperar porque não era do feitio dele fazer isso, sempre foi transparente sobre tudo que fazíamos.

Mas algo me dizia para não sentir medo porque, seja lá o que ele estava planejando, Jesse me amava e seria alguma coisa boa, com certeza seria. Ele ligou o som e cantarolou a música que soava, parecia tranquilo, os olhos divertidos quando encontravam os meus.

Passamos pelo restaurante onde sempre comíamos e, embora tenha erguido a sobrancelha, não disse uma palavra ao ver a praça onde namorávamos se distanciar cada vez mais. Pelo visto meus anseios tinham sido atendidos, íamos fazer alguma coisa diferente em um lugar novo. Meu coração se iluminou ao pensar em conhecer a família dele mesmo que isso me deixasse beirando ao sentimento de não ser boa o suficiente para seus parentes, mas eu tinha de tentar, tinha que ser eu mesma uma vez em frente às pessoas, do jeito que Jesse sempre vivia dizendo para fazer e ao contrário de tudo que Anthony já me disse.

Ele dirigiu por mais alguns minutos antes de parar em frente a uma casa de esquina. Respirei fundo para tentar me acalmar, mas saber que seus pais estavam a metros de distancia não ajudava muito. Ele abriu a porta do carro para mim e segurou minha mão, um sorriso de lado em seu rosto.

- Achei que já está na hora disso acontecer – sussurrou perto do meu ouvido – Tanto eu quanto você queremos isso, não é?

- Sim, claro – admiti – Mas estou nervosa.

- Não precisa de nervosismo, baby – piscou o olho – Vai ocorrer tudo da melhor forma possível.

- Porque está sorrindo desse jeito? – resmunguei – Eu não vou ser boa nisso.

- Char, relaxa – usou meu apelido – Eu vou saber fazer, só se permita deixar que as coisas rolem.

- Não é tão fácil quanto parece – falei confusa com suas palavras.

- É mais fácil do que você imagina, baby. Confie em mim.

Em seguida entrelaçou nossos dedos e andou despreocupadamente até a porta. Não bateu como achei que faria, tirou a chave do bolso da calça e a abriu.

Meus olhos não demoraram a capturar toda a luz daquele ambiente. Um corredor mal iluminado à minha frente. Foi enquanto caminhamos por ele que as coisas em minha mente começaram a clarear, não ouvi barulho de vozes animadas discutindo sobre como seria a nova namorada do filho, nada do som de uma criança brincando ou reclamando da demora porque estava com fome. Não, nada disso.

O que eu vi foram escadas, longos degraus que nos levaram para o primeiro andar. A casa estava fazia.

Ele abriu a porta de um dos quartos, acendeu a luz e apertou em alguma outra coisa, provavelmente para ligar o ar condicionado já que o frio logo me envolveu. Uma garrafa de champagne estava dentro de uma bandeja com gelo e os lençóis da cama eram de um roxo profundo, o quarto tinha cheiro de ambiente fechado por muito tempo, mas não era de todo modo desconfortável.

Good Enough - 1ª TemporadaWhere stories live. Discover now