Marks

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"Será que isso queima?

Sabendo que eu usei toda a dor

Será que dói?

Sabendo que apagou a minha chama"

(Little Mix - Good Enough)

Jesse foi a coisa mais bonita que aconteceu comigo desde que fui embora de Holmes Chapel. Não só porque eu o amava com todo meu coração ou porque é exatamente isso que acontece e as consequências são imensuráveis. Ele vem me provando a cada dia que ainda há esperança para acreditar no amor, nos pequenos gestos, na simpatia, no cuidado e carinho. Tudo isso na forma mais simples. Num jeito único de colocar meu cabelo atrás da orelha, de trazer chocolate até a minha mesa e de sorrir antes de encostar os lábios nos meus.

Um mês tinha se passado. Anthony ainda não aceitava sem relutar o nosso namoro. Todos os dias fazia questão de mencionar uma lista de motivos para terminar, especialmente porque, segundo ele, Jesse só queria me descartar assim que fizesse sexo comigo.

Sobre isso, Jesse eu tínhamos combinado esperar a hora certa. Eu não estava mesmo pronta, mas queria aquilo como nunca. Não sei se porque ele me provocava, encostava o quadril no meu e prensava meu corpo na parede mordiscando minha nuca e deixando meu corpo em chamas quando estamos sozinhos, ou porque queria provar a mim mesma que não era suja como achei que era durante esse tempo todo. Contá-lo sobre tudo que aconteceu na minha infância, principalmente com Juan, tinha feito um peso sair das minhas costas, mas, em compensação, sentia medo de decepcioná-lo, de não ser boa o suficiente de novo.

Embora ele tenha me garantido que iria esperar o meu tempo, sabia que queria aquilo e estava sendo gentil porque eu tinha marcas físicas e emocionais. Anthony fazia questão de me lembrar que isso era só porque ele queria ganhar minha confiança antes de me levar para cama, fazer aquilo da pior maneira possível, me destruir como nunca e para o próprio divertimento. Mesmo ficando constrangida por ouvi-lo falar assim da minha vida, da minha intimidade, ficava calada por saber que não adiantava bater de frente com ele, não queria levar mais uma surra.

Falei a Jesse das marcas. Ele fez uma careta e mudou de assunto. Imaginei que tivesse sido porque aquilo lhe causava repulsa, o corpo da pessoa que ama todo marcado sem motivo algum aparente. Ele nunca tocou no assunto.

- Está tão calado hoje – murmurei passando os dedos pelo braço de Jesse. Eu havia ficado menos tímida, mais impulsiva e ele sorria toda vez que isso acontecia.

- Acho que não vou passar em Álgebra – suspirou – Meu pai vai me matar.

- Para a sua sorte, sou boa nessa matéria. Posso te ensinar.

- Eu adoraria – piscou – Mas não vou poder te ver nesse fim de semana. Vai chegar uns parentes lá em casa. Maior chatice, mas tenho que dar atenção.

- Oh – crispei os lábios – Nos vemos na segunda então.

- Claro – selou meus lábios e voltou o olhar para a comida em sua bandeja. Noah, ao seu lado, chamou sua atenção para uma jogada que havia feito no jogo do dia anterior, arrancando-lhe risadas altas.

Quis me machucar por estar sendo tão idiota. Disse a mim mesma que Jesse não tinha que me apresentar a família, não agora. Só quando quisesse. Mas a verdade é que em nenhum momento tocou nesse assunto, nada de me chamar para conhecer seus pais, a pequena Amy – sua irmãzinha de cabelos cor de mel. Nada de encontros em lugares diferentes ou mais românticos em locais públicos. Sempre a mesma praça e o mesmo restaurante.

Good Enough - 1ª TemporadaWhere stories live. Discover now