"Quando você está perdido, você vai encontrar um jeito
Eu serei sua luz
Você nunca vai se sentir como se estivesse sozinho
Eu vou fazer com que isso te faça sentir em casa"
(One Direction - Home)
- Ei! Volta aqui! – a voz dele era grossa e tinha um tom de divertimento enquanto me chamava. Segurei melhor os livros e continuei a andar apressadamente até a sala de aula, aquilo só podia ser algum tipo de brincadeira como quando Hailee Noel me chamou para tirar fotos alegando que era para o anuário escolar e quando percebi a legenda estava "o que diferencia a popular da nerd estranha da sala:" e abaixo uma lista de coisas foi sendo escrita por todos os alunos.
Aquilo doeu, chorei por alguns dias e Anthony quando percebeu fez questão de castigar-me por estar agindo feito uma idiota, nas palavras dele, porque escola era lugar de estudar e não de fazer amizades.
Cresci sem nenhum amigo por causa disso, quando pedi para ir à casa de uma colega da turma no intuito de terminar um trabalho, sua resposta foi clara e objetiva, o "não" ressoou por toda cozinha antes que eu tivesse coragem de enfrenta-lo e dizer que queria ir. Como em todas as vezes que queria colocar minhas vontades acima do que ele achava certo ou errado, terminei com as marcas do seu cinto em minha coluna, a pele cicatrizada ardendo em novos cortes grotescos e que me faziam sentir vergonha de olhar-me no espelho.
- Charlotte, não é? – Jesse disse quando finalmente conseguiu me alcançar, parando em minha frente – Porque está correndo de mim?
- O que quer comigo? – perguntei, não tinha a intenção de ser grossa, mas é que os cochichos de todo mundo ali estava me deixando irritada, provavelmente estavam se perguntando o que o cara mais gostoso daquele colégio queria com a esquisita que só andava olhando para baixo.
- Você esqueceu de pegar isso – estendeu o meu marcador de livros improvisado com desenhos que eu mesma fiz – Você quem desenhou?
- Sim – respondi brevemente e retornei a caminhar, soltei um resmungo quando percebi que ele ainda estava me seguindo.
- Ficaram bons.
- Obrigada.
- Posso te acompanhar até sua sala?
- Não.
- Mas eu já estou fazendo isso – soltou uma risadinha.
- Deveria parar.
- Por quê?
- Não quer ser visto com a mais esquisita desse colégio.
- De quem está falando? – perguntou olhando para os lados – Da Betty? Tem razão, olha só quanta maquiagem tem na cara dela. É mesmo uma estranha.
Engasguei porque Betty Rudson era líder de torcida e boatos que sua inteligência era menor que o tamanho da sua saia não diminuíam o fato de que todos os meninos ali davam em cima dela.
- Estou falando de mim e você sabe disso.
- Eu sei? – franziu a testa – Bom, eu sei que estou conversando com uma pessoa super legal, que gosta dos mesmos livros que eu e que tem os olhos mais lindos e expressivos que já vi. Eu poderia pintar eles.
- O que? – enrubesci totalmente e minhas mãos estavam tremendo – Eu não quero que me pinte.
- Meus quadros são legais – colocou um chiclete na boca enquanto virávamos em um corredor, mais olhares nos encontrando – Meu pai disse que eu poderia até vende-los em uma galeria - deu de ombros – Eu não sei. Não acho que já tenha pintado o quadro certo para isso.
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Good Enough - 1ª Temporada
AcciónAbandonada fisica e emocionalmente pelos pais, a autoritária e maior detetive criminal de Londres, Charlotte Di Angelo, vê seu mundo mudar totalmente após rejeitar com violência as iniciativas sexuais do Promotor de Manchester, na Inglaterra. Seu pa...