"Você está de joelhos
Me implorando, "Por favor"
"Fique comigo!"
Mas honestamente
Eu só preciso ser um pouco louca"(Avril Lavigne - What The Hell)
Qualquer coisa que eu pudesse falar ficou presa em minha garganta por causa do olhar que ele me lançava. Estávamos na delegacia, as algemas haviam sido tiradas das minhas mãos assim que chegamos e ele me fez sentar em uma mesa quadrada enquanto me encarava sentado na cadeira do outro lado.
- Eu posso explicar – falei quando tomei coragem – Eu não queria que...
- Explicar? – perguntou em tom de zombaria – Explique-me então o que leva a filha de um policial roubar lojas?
- Eu precisava daquelas roupas e da maquiagem e sabia que não me daria – tentei argumentar, mas o deboche em suas feições fizeram minha voz tremer.
- É claro que eu não daria! – exclamou – Você tem tudo o que precisa, sua mal agradecida!
- Anthony, por favor...
- E tudo isso para que? – interrompeu-me – Para você ficar bonitinha perto do seu namorado? – meus olhos se arregalaram em surpresa e ele sorriu de forma cínica, aproximando o rosto do meu – O quão estupido você acha que eu sou?
- Não sei do que está falando – tentei desconversar.
Ele bateu na mesa com força, fazendo-me dar um pulinho na cadeira – Eu não sou idiota, Charlotte! – explodiu – Mas, admito, fingi ser para ver até onde você iria e para minha surpresa você foi longe demais! Longe demais!
- Eu só queria ser uma adolescente normal pelo menos uma vez na vida! Queria poder me sentir livre!
- Você não é como eles, sua estúpida. Acabou me envergonhando mais uma vez. Primeiro com Juan por ser tão levada e esquisita, agora roubando lojas, tentando me dar sonífero e abrindo as pernas para o primeiro carinha que apareceu!
Meu rosto se enrubesceu – Não foi culpa minha, não foi! Juan tocou em mim porque ele é doente! – as lágrimas ameaçaram cair por meu rosto ao lembrar daquilo – Eu não tive outra alternativa já que você me tranca naquela casa e me trata como sua empregada.
- Ora, faça-me o favor... – bufou, mas eu o interrompi.
- E eu não sou qualquer uma – ergui o queixo e engoli em seco, tentando parecer firme quando, na verdade, minha garganta queimava – Jesse não é desse jeito que está pensando.
- Não seja tola, porque ele iria sequer gostar de você? Já se olhou no espelho, Charlotte? Não há nada ai para ser gostado.
- Ele está apaixonado por mim – fiquei espantada por minha voz ter soado mais firme do que previa porque as palavras que ele dizia iam encontrando as partes quebradas em mim, as mesmas que não se achavam boa o suficiente para qualquer coisa – Nós estamos namorando.
Então ele riu, o som saiu alto por sua boca. Jogou a cabeça para trás enquanto eu me sentia constrangida por estar sendo alvo das suas zombarias. Não parou de rir pelos próximos segundos e pisquei os olhos com força para não chorar.
- Namorando? – sorriu – Charlotte, seja o que for que esse garoto te disse, é mentira. Ele não está apaixonado por você, provavelmente só quer te zombar. Você é mais uma na lista dele.
- Isso não é verdade – ao invés de soar confiante, minha voz pareceu de uma criança mimada – Eu o amo.
- Ama? Meu Deus, Charlotte! Você não cansa de me fazer rir? Você não sabe o que é amor. Esqueceu que sua mãe não te amava? Que eu não te amo? Amor é para os fracos e eu vou te ensinar a não ser uma.
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Good Enough - 1ª Temporada
AçãoAbandonada fisica e emocionalmente pelos pais, a autoritária e maior detetive criminal de Londres, Charlotte Di Angelo, vê seu mundo mudar totalmente após rejeitar com violência as iniciativas sexuais do Promotor de Manchester, na Inglaterra. Seu pa...