SIX | CHOICE

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Quando Carter finalmente cedeu, ele pediu para que todos abaixassem as suas armas e convidou os dois irmãos para sentarem ao redor da fogueira apagada com ele.

- Cara, que roupas são essas? – Karl quis ser engraçado, mas ao tocar o ombro de Ayla, ele foi imobilizado pela mesma que virou o braço dele para trás de suas costas.

- Toque em mim novamente, sem a minha permissão, e eu mato você – ela falou alto o suficiente para que todos os outros escutassem. Ela o soltou logo em seguida.

Precisei segurar a minha risada ao ver seu olhar assustado, Karl precisava urgentemente se comportar melhor. Mas ele estava certo, os irmãos se vestiam diferentemente de nós. Usavam roupas sujas, desgastadas, um pouco rasgadas e tinham muitos panos pendurados. Ayla trajava uma blusa regata preta por dentro de outra blusa cinza lisa de mangas, uma calça jeans com alguns rasgões e com alguns acessórios pendurados, botas pretas com muitas fivelas e luvas marrons com aberturas para os dedos, e em seu pescoço tinha um pano preto com um nó, porém, o toque especial de todo o seu look eram os seus óculos de corrida que ficavam pousados em cima de sua cabeça. Aiken usava uma blusa também cinza de mangas, que estavam levantadas até a altura dos cotovelos, uma calça de algum uniforme antigo militar, botas de cano baixo e luvas do mesmo estilo que a irmã usava. Os dois possuíam mochilas que, ao contrário das nossas, suas alças se encontravam no meio de seus troncos.

- E então? – Carter quis dar início a conversa.

- Vocês estão arrumados e perdidos demais para serem daqui, de onde vieram? – Aiken me perguntou.

- Isso não interessa – Carter cortou qualquer curiosidade que ele tinha.

- É claro que interessa. Como podemos ajudar, se não conhecemos vocês? – Ayla retrucou e Carter me encarou.

Ele estava mesmo me pedindo ajuda?

- Tudo que podemos dizer é que somos de uma base que precisa de nós para continuar funcionando. Nunca tínhamos vindo aqui, então é meio óbvio que não conhecemos esse lugar tão bem como vocês. – Eu tomei a palavra e eles pareceram se conformar.

- O que querem saber? – Aiken perguntou para o grupo em geral. Eram tantas perguntas que tínhamos, que não sabíamos qual fazer.

- O que eram aquelas coisas? – eu decidi perguntar.

- Nós os chamamos de mortos, são uma das inúmeras sequelas de uma antiga guerra. Foram criados por causa de um vírus que tem a capacidade de se propagar pelo ar. – ele resumiu. A guerra a qual se referia era A Grande Guerra e todos sabíamos disso.

- Calma, ainda se propaga? – Charles perguntou e Aiken assentiu – Então, como não estamos infectados? – ele ficou confuso, como o restante de nós.

- Porque o vírus só se manifesta em seu corpo quando seu cérebro para de funcionar – Aiken explicou.

- Ou seja, quando vocês morrem. – Ayla traduziu – Mas também podem se manifestar através de um arranhão ou de uma mordida de um morto – ela me encarou – você teve muita sorte – disse e eu suspirei aliviada ao constatar que ela estava certa, eu saí da pequena briga com aquela coisa totalmente ilesa. Um milagre, eu diria.

- Se vocês tiverem uma ferida e o sangue deles entrarem em contato com ela, também estão mortos – Aiken acrescentou.

- Eles vivem em bando ou são solitários? – Margot perguntou.

- Eles não têm sentimentos, são atraídos pelo que acham ser comida. Então é algo improvável. Eles se tornam bandos quando se juntam para correrem atrás de nossos cérebros. – Aiken respondeu.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora